BOMBAS ATOMICAS SOBRE MOSCOU E PEQUIM AO PRIMEIRO
ATO DE AGRESSÃO COMUNISTA
Ao solicitar no Senado a ratificação do Pacto
de Segurança Mutua entre os E.U.A. e a Coréia do Sul,
Dulles faz energica advertencia aos sino-coreanos
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Publicado
na Folha da Manhã, quinta-feira, 14 de janeiro de
1954
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Periclita a libertação dos prisioneiros de guerra
WASHINGTON,
13 - O secretario de Estado norte-americano John Foster Dulles
pediu hoje ao Senado a imediata ratificação do Pacto
de Defesa Mutua com a Coréia do Sul, como uma clara advertencia
aos comunistas de que os Estados Unidos responderão instantaneamente
a qualquer nova agressão na Coréia.
Ao mesmo tempo, todavia, Dulles admitiu que não há
possibilidades imediatas de lograr a unificação da
Coréia por meios pacificos.
Disse que o problema se tornou dificil porque os comunistas chineses
estão virtualmente anexando a Coreia do Norte, como uma provincia
chinesa.
A declaração de Dulles foi a primeira admissão
oficial de que os Estados Unidos não têm esperanças
de lograr a unificação da Coréia do Norte e
do Sul, mediante a projetada conferencia politica, prevista no acordo
de armisticio.
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A
advertencia |
Nova York, 13 - A União Sovietica e a China Comunista
sabem hoje que, se efetuarem novos atos de agressão, correm
o perigo de que os bombardeios atomicos norte-americanos ataquem Moscou
e Pequim.
O secretario de Estado, sr. Joan Foster Dulles, foi quem indicou tal
situação. Afirmou Dulles que a estrategia dos Estados
Unidos consiste agora em dotar-se de "grande capacidade para
tomar represalias" contra o agressor "mediante procedimentos
e nos lugares que queiramos." Dulles deu a entender, claramente,
sem dizê-lo, que os "procedimentos" poderão
ser bombas atomicas e os lugares a União Sovietica e a China
Comunista.
Às vesperas da reunião dos chanceleres em Berlim, Dulles
disse tambem que os Estados Unidos não farão "arranjo"
algum que condene ao cativeiro os povos satelites, ou que consagre
a divisão do mundo em esferas de influencia entre o Ocidente
e o Oriente.
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Pacto
de Segurança Mutua |
WASHINGTON, 13 - O secretário de Estado, sr. John Foster
Dulles, pediu esta manhã, à Comissão de Assuntos
Externos, do Senado, aprovar o Pacto de Segurança Mutua assinado
no dia 1º de outubro ultimo pelos Estados Unidos e a Republica
da Coréia.
Depois de ler, perante essa Comissão, o texto do tratado, o
chefe do Departamento de Estado acentuou que tinha como objetivo prevenir
toda repetição de agressão comunista na Coréia
e fazer compreender aos comunistas que o governo sul-coreano teria
garantido o apoio dos Estados Unidos, se eles decidissem reiniciar
as hostilidades.
O sr. Dulles lembrou, a seguir, os termos do comunicado conjunto que
havia sido publicado em Seul, depois das negociações
que empreenderá com o ministro das Relações Exteriores
da Coréia, visando à conclusão desse pacto.
Nessa declaração, fora lembrado que a convenção
de armisticio visaria a convocação de uma conferencia
politica com os comunistas sobre o estatuto futuro, e as delegações
americana e coreana se comprometeriam a cooperar em seus estudos sobre
a unificação da Coréia, como nações
livres e independentes, por vias pacificas. A Republica da Coréia
se comprometia a não tomar nenhuma medida unilateral para unificar
o país por meio de armas, enquanto durasse a conferencia politica.
"Esses acordos entre os Estados Unidos e a Republica da Coréia
foram de boa fé respeitados pelos dois países"
- acentuou o sr. John Foster Dulles. Por outro lado, declarou: "É
duvidoso que a guerra da Coréia seria desencadeada se os agressores
comunistas soubessem de antemão o que fariam os Estados Unidos
e as Nações Unidas. Eles cometeram um erro de julgamento."
O sr. Dulles concluiu sua exposição declarando que o
trabalho que submetia à aprovação da Comissão
de Assuntos Exteriores, do Senado, era o resultado logico dos esforços
conjugados dos Estados Unidos e da Republica da Coréia. Exprimiu
a esperança de que esse tratado, assim como as outras medidas
no Extremo Oriente, fariam perder aos comunistas toda idéia
de lançar um outro ataque na Coréia.
"Esse tratado, disse finalmente o secretario de Estado, é
a prova de nosso desejo de paz e traduz nossa convicção
de que, para mantê-la, é essencial provar, de acordo
com os outros países livres, que estamos firmemente resolvidos
a reagir à agressão."
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Reinicio
das conversações preliminares |
Pan Mun Jon, 13 - Efetuou-se hoje a anunciada conferencia das
comissões militares sobre o armisticio.
Durante a mesma, os delegados sino-coreanos entregaram a resposta
de seu comando à proposta aliada, para uma reunião dos
oficiais de ligação, amanhã, a fim de discutirem
sobre o reinicio das conversações preliminares.
Segundo transpirou nos circulos de Pan Mun Jon, os comunistas teriam
aceitado participar da reunião.
A comissão militar está-se ocupando da questão
dos prisioneiros contrarios à repatriação. Os
comunistas insistiram em pedir o reinicio das explicações,
enquanto os aliados reafirmaram sua intenção de libertar
os prisioneiros no proximo dia 23.
O presidente Singman Rhee manteve uma serie de conferencias com seus
colaboradores mais diretos, a fim de examinar as medidas para fazer
frente a uma eventual intromissão dos comunistas na soltura
dos prisioneiros de guerra.
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Exigencia
dos comunistas |
Seul, 13 - Os comunistas pediram hoje que continue indefinidamente
a detenção dos prisioneiros de guerra da Coréia
que não foram repatriados e advertiram que "se produzirão
graves consequencias" se os sul-coreanos tentarem libertá-los,
a 23 do corrente, data em que deve terminar seu cativeiro, segundo
o tratado de armisticio.
Os prisioneiros, num total de 22.200, se encontram atualmente sob
custodia das forças hindus. Todos, excetuando 350, são
chineses e norte-coreanos, que não aceitaram a repatriação.
Os 350 são sul-coreanos, norte-americanos (21) e um britanico,
que tambem não quiseram ser repatriados.
O tenente-general norte-coreano Lee Sang Jo apresentou à Comissão
Neutra de Repatriamento um documento em que pede que os prisioneiros
continuem sob custodia hindu até que se decida sua sorte na
Conferencia de Paz Coreana.
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Atitude
do general Hull |
Taipé, 13 - O general John Hull, comandante-chefe das forças
das Nações Unidas, declarou que os prisioneiros anticomunistas
deveriam ser libertados no dia 23 do corrente, não obstante
a oposição manifestada pelos hindus e pelos comunistas.
O general exprimiu a sua "estupefação", quando
os jornalistas lhe comunicaram a decisão tomada pela Comissão
Neutra do Repatriamento, de não proceder a essa libertação.
O general Hull seguiu para Toquio às 11h50, em companhia de
sua esposa e do general Clark, que comanda o 10º Exercito dos
Estados Unidos.
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Acusação
à India |
Seul, 13 - Em declaração oficial, o Escritorio
de Informações Publicas da Republica da Coréia
do Sul acusou o governo da India de submeter-se aos desejos de Moscou
e, ao mesmo tempo, se opôs à reunião da Assembléia
Geral das Nações Unidas, proposta pelo governo de Nova
Deli. Diz a declaração que "A India, por seus atos
passados, se alinhou definitivamente no campo comunista e não
é mais senhora de seu destino".
"Salta à vista o fato de a India obedecer às ordens
de Moscou e servir de mensageira para aquele cujas mãos estão
tintas de sangue e que está no mais alto posto do Kremlin.
Qualquer proposta da India, de alegada neutralidade, é uma
comedia. O comportamento da India na Coréia, durante os ultimos
meses, confirmou as suspeitas coreanas."
A seguir, a declaração acrescenta que "não
encontrou apoio na Coréia o pedido hindu de que se realize
uma sessão especial da Assembléia Geral da ONU. Adverte
ainda que "a India busca o papel de lider na Asia e nos assuntos
do mundo, porem, é demasiado evidente que a Russia lhe ditou
o curso a seguir e que o caminho é o que conduz ao comunismo
e à ruina."
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Dean
regressaria à Coréia |
Washington, 13 - O sr. Arthur Dean, representante americano
das Nações Unidas em Pan Mun Jon, que se encontra atualmente
em Nova York, está disposto a voltar à Coréia,
se existir possibilidade de reiniciar as conversações
preliminares com os sino-coreanos, numa base satisfatoria, declarou
hoje o porta voz do Departamento de Estado. Este acrescentou que o
secretariado dos Negocios Exteriores, numa mensagem transmitida nas
ultimas 24 horas ao sr. Kenneth Young, que se encontra atualmente
em Pan Mun Jon, havia comunicado o seu ponto de vista sobre as condições
em que as conversações poderiam ser reiniciadas.
O porta-voz do Departamento de Estado recusou-se a responder à
pergunta sobre se os Estados Unidos ainda insistiam na retratação
publica, pelos comunistas, das acusações que estes lançaram
no começo de dezembro, antes do reatamento das conversações.
Nos meios oficiais americanos, salienta-se que o objetivo da reunião
dos oficiais de ligação, que deve realizar-se amanhã,
às 11 horas, em Pan Mun Jon, é duplo.
Os representantes das Nações Unidas e dos comunistas,
declara-se no Departamento de Estado, deverão, no transcurso
dessa reunião, discutir não só a data do reinicio
das conversações preliminares propriamente ditas, mas
tambem as condições desse reatamento.
Os representantes das 16 potencias que combateram na Coréia
sob o comando das Nações Unidas foram informados dessas
condições quando de uma reunião do "Comitê
dos 16", que se realizou no Departamento de Estado, no começo
da semana.
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A
convocação da Assembléia Geral da ONU |
Nações Unidas, 13 - A India parece ter manobrado
de tal forma, que os Estados Unidos não poderão bloquear
seu pedido de uma sessão especial da Assembléia Geral
da ONU, para considerar a questão coreana.
Ao sugerir a sessão especial, a presidente da Assembléia,
Vijava Lakshmi Pandit, irmã do primeiro-ministro da India,
sugeriu a data de 9 de fevereiro. Todavia, pediu tambem que as sessenta
nações-membros da organização respondam,
antes do dia 22 do corrente, se querem ou não a reunião.
Caso a maioria responda afirmativamente, será convocada a sessão.
A 22 deste mês, nos termos do acordo de armisticio, vence o
periodo de custodia dos prisioneiros de guerra da Coréia, não
repatriados. São em numero de 22.000 os que devem recuperar
a liberdade no dia 23.
Enquanto o Comando das Nacões Unidas deseja que se cumpra esta
clausula do armisticio, os comunistas querem uma protelação.
Ao que parece, a India tem varias razões especiais para pretender
agora uma sessão especial da Assembléia. Entre outras,
se incluem as seguintes:
Primeiro - Quer a aprovação da Assembléia para
a forma por que manejou a dificil tarefa de custodiar os prisioneiros.
Segunda - Alenta a esperança de robustecer seu papel de mediadora
entre o Oriente e o Ocidente, para que a Assembléia resolva
- talvez - o impasse em que se está agora sobre a Conferencia
de Paz Coreana.
Terceira - Provavelmente vê alguma possibilidade de realizar
algum progresso no velho problema da admissão da China Comunista
nas Nações Unidas.
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