BOMBARDEADAS AS POSIÇÕES REBELDES
NA REGIÃO DO DELTA DO RIO VERMELHO
Um exercito de cerca de cem mil homens põe em perigo
o quartel-general francês na Indochina - A situação
é considerada "grave, mas não desesperadora"
Serão
transportado em helicopteros os feridos de Dien Bien Phu
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Publicado
na Folha da Manhã, quinta-feira, 13 de maio de 1954
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Neste texto foi mantida a grafia original
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HANÓI, 12 - A França desencadeou hoje uma poderosa
contra-ofensiva aerea na região do delta do rio Vermelho, a
fim de impedir que os comunistas concentrem suas tropas e se apoderem
depois dessa região, que é a mais rica da Indochina.
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Em
perigo o Q. G. francês |
HANÓI, 12 - Embora os franceses dominem, ao que parece
o triangulo do delta do rio Vermelho, que tem cerca de 110 quilometros
de lado, uma formidável força rebelde, integrada por
soldados e guerrilheiros, conseguiu infiltrar-se e situar-se às
portas dos quartéis-generais do Estado-Maior francês.
O general Pierre Bodet, ajudante do chefe supremo francês, Henri
Navarre, declarou hoje que a situação é "grave,
mas não desesperadora" naquela região. Nós
círculos militares recorda-se que os franceses utilizaram as
mesmas palavras para descrever a situação que reinava
em Dien Bien Phu, varios dias antes de sua queda.
Acredita-se que os rebeldes têm cerca de cem mil soldados bem
armados e adestrados na região do delta do rio Vermelho.
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Preparando
a defesa |
HANÓI, 12 - Tropas da União Francesa fortificaram
hoje, apressadamente, o delta do rio Vermelho contra uma seria ameaça
comunista.
Os bombardeiros franceses por sua vez, efetuada violento ataque contra
os rebeldes, que se infiltraram no campo de batalha do Delta, onde
não existe uma linha definida da frente.
As forças francesas, entretanto, abrem trincheiras e estendem
cercas de arame farpado para defender as cidades e linhas de comunicação
situadas dentro do perimetro cujo centro é a cidade de Hanói.
O general Pierre Bodet, lugar-tenente do comandante supremo francês,
general Henri Navarre, declarou que a ameaça comunista ao delta
é seria, porem não desesperadora.
Varias bombardeiros e aviões de combate, abastecidos pelos
norte-americanos que operam nos aeroportos, atacaram as bases de abastecimentos
dos rebeldes, cavadas sob as aldeias de arroz, dentro do proprio delta.
Vinte e seis bombardeiros atacaram concentrações de
tropas ao longo do rio Vermelho a sudeste de Hanói.
Em Hanói, por outro lado, os hospitais estão preparados
para receber o primeiro grupo dos 1.300 franceses e vietnamitas feridos
que se encontram ainda nos hospitais subterraneos de Dien Bien Phu.
Uma missão de medicos, engenheiros e oficiais do Estado Maior
seguirá para Dien Bien Phu, em helicopteros, para conferenciar
com os representantes comunistas.
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26
aviões de bombardeio empenhados na ofensiva |
HANÓI, 12 - Esquadrões formados por 26 aviões
de bombardeio - número apreciavel para uma força aerea
dizimada em Dien Bien Phu - levantaram voo esta manhã para
atacar os depositos de abastecimentos comunistas localidades que estes
mantêm sob seu dominio, entre Hanói e o mar.
Os aparelhos concentraram seus ataques a uns 50 quilometros a sudeste
de Hanói.
Enquanto isso, as forças comunistas lutavam contra os franco-vietnamitas
pela posse de um posto situado a 12 quilometros desta cidade.
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Cem
mil soldados e guerrilheiros |
HANÓI, 12 - O Estado-Maior francês ordenou a um
grupo de oficiais que partisse de avião para Dien Bien Phu,
a fim de ajustar com os comunistas a evacuação dos feridos
na obstruida fortaleza.
Essa medida foi adotada no momento em que os aviões franceses
atacavam, na região do delta do Rio Vermelho, numerosos destacamentos
do Exercito de cem mil soldados e guerrilheiros, que os comunistas
mantêm nessa região rizícola, a mais rica de todo
o norte da Indochina.
Com os oficiais franceses que se avistarão com os comunistas
irão medicos e engenheiros.
O grupo partirá provavelmente amanhã, em helicoptero,
para Dien Bien Phu.
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A
situação no delta |
HANÓI, 12 - Após a queda de Dien Bien Phu e a
perda das melhores tropas do corpo expedicionario, entre as quais
sete batalhões de para-quedistas, o comando francês concentra
a sua atenção sobre a situação no delta
tonquinês, qualificada ontem de "séria", pelo
general Pierre Badet, adjunto do general Henri Navarre.
No proprio delta, o Vietminh dispõe já de cerca de cem
mil homens, ao passo que as forças franco-vietnamitas dispões
apenas de 60.000, em partes compostas de elementos da guarda nacional
e das milicias vietnamitas. A chegada de uma ou duas divisões
do Vietminh - embora desfalcadas pelas perdas que sofrerem em Dien
Bien Phu - apresentaria ao comando francês problemas delicados,
principalmente o da vigilancia da estrada e da via-ferrea Hanói-Haiphong
que, aliás, só estão abertas algumas horas por
dia.
Até agora a aviação não tem observado,
nas paragens de Dien Bien Phu, qualquer sinal que leve a concluir
sobre movimentos em qualquer direção das forças
do Vietminh, que se apoderaram do campo entrincheirado. Mas é
preciso não esquecer que o adversario está hoje incomparavelmente
mais motorizado do que estava há três meses mesmo, graças
à aquisição de numerosos caminhões "Molotov",
e que os seus movimentos poderão ser rapidos, apesar das chuvas
e da atividade da aviação
Retirada dos feridos de Dien Bien Phu
HANÓI, 12 - Os militares franceses informaram que não
serão necessarios mais que dois ou três dias para reparar
as pitas de aviação de Dien Bien Phu e começar
a evacuação dos 1.300 franceses e vietnamitas feridos.
A evacuação se iniciará com toda a rapidez. O
general comunista Vo Nguyen Giap concordou, ontem, em que a retirada
se efetue por meio de helicopteros, tão logo possam executá-la
os franceses. As bases desse acordo foram alcançadas na Conferencia
de Genebra.giap
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