Durante um discurso ao Parlamento Europeu, ontem, em Estrasburgo,
França, o papa João Paulo 2° foi interrompido por
Ian Paisley, deputado pela Irlanda do Norte e reverendo protestante
(presbiteriano), que gritava: "Anticristo, anticristo, o papa
é o anticristo." A ordem só foi restabelecida quando
funcionários retiraram o deputado do recinto. Para Ian Paisley,
o papa - que ficou calado durante o protesto - não tinha o
direito de transformar a Virgem Maria na "padroeira do Mercado
Comum Europeu".
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O papa João Paulo 2° teve seu discurso ontem ao Parlamento
Europeu, em Estrasburgo. Leste da França, interrompido pelo
deputado Ian Paisley, da Irlanda do Norte. Cumprindo promessa feita
no dia anterior, Paisley, reverendo protestante, começou a
gritar: "Anticristo, anticristo, o papa é o anticristo".
O papa
começava seu discurso dizendo "antes de mais nada ,
permitam-me dizer o quanto...". Foi aí que Paisley levantou-se
de sua cadeira, agitou um cartaz vermelho - em que se lia: "o
papa João Paulo 2° é o anticristo" - e começou
a gritar.
O presidente
do Parlamento, o lorde britânico Henry Plumb, pediu a Paisley
que se comportasse: "Sr. Paisley, peço-lhe que respeite
a dignidade desta casa". O apelo de Plumb foi inútil.
Paisley,
que além de deputado é pastor protestante (presbiteriano),
continuou a gritar. Alguns deputados avançaram contra ele,
tomando-lhe o cartaz e o atirando sobre ele.
Plumb
tentou uma vez mais restaurar a ordem: "Sr. Paisley, peço-lhe
que pare com estes distúrbios". O pedido foi inútil.
Sem outra alternativa, Plumb ordenou que Paisley se retirasse; "Eu
agora o excluo desta casa". Paisley não cedeu. Só
saiu quando alguns funcionários do Parlamento o escoltaram
par fora do recinto. O papa assistiu tudo calado, com um discreto
sorriso, disseram algumas testemunhas.
Restabelecida
a ordem, o papa discursou. Falou da liberdade religiosa - foi particularmente
aplaudido neste momento -, da unidade da Europa que, segundo o pontífice,
poderá tornar-se "um bastião da civilização"
e do problema dos católicos do Leste europeu.
Paisley
já havia anunciado, anteontem, que protestaria contra a presença
do papa no Parlamento. Ontem, Paisley tentou explicar sua atitude
à imprensa. Disse que contestava o direito do papa de converter
a Virgem Maria "na padroeira do Mercado Comum Europeu".
Na
Irlanda do Norte protestantes e católicos travam uma briga
secular. Tudo começou no século 17, quando Cromwell,
então governante da Inglaterra, doou 9/10 das terras mais
produtivas da Irlanda (originalmente católica) a emigrantes
ingleses protestantes. Desde então, a Irlanda se dividiu,
surgiram grupos terroristas entre protestantes e católicos
e os conflitos continuam.
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