BOMBAS EXPLODEM EM 3 ARRANHA-CÉUS NO CENTRO DE NOVA YORK
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 1969
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Neste texto foi mantida a grafia original
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O centro de Nova York foi abalado na madrugada de ontem por violentas
explosões de bombas em três dos principais arranha-céus
da cidade. Os edificios atingidos são os da general Motors,
da Standard Oil e do Chase Manhattan Bank. Uma carta anonima endereçada
à UPI e colocada no correio 12 horas antes do atentado afirma
que as explosões são "um protesto contra a guerra
do Vietnã e as grandes empresas norte-americanas responsaveis
pelo conflito".
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Três
atentados em arranha-céus de Nova York |
NOVA YORK, 11 - A sede da General Motors, os escritorios internacionais
do Chase Manhattan Bank e as instalações da Standard
Oil em Nova York - foram atingidos hoje por três fortes explosões
simultaneas, num atentado que se acredita ser um protesto cuidadosamente
preparado contra a guerra do Vietnã e contra as grandes empresas
norte-americanas.
As explosões, ocorridas à uma hora da madrugada, derrubaram
paredes, quebraram vidraças e danificaram poços de elevadores.
A Strandard Oil fica no centro Rockefeller, o Chase Manhattan na Wall
Street e a General Motors na Quinta Avenida.
Os autores dos atentados avisaram antecipadamente os administradores
dos edificios, com o aparente objetivo de evitar vitimas fatais. Houve
apenas um ferido.
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Carta
anonima |
A UPI recebeu uma carta anonima cujo autor se responsabilizava pelas
explosões.
A carta , muito bem datilografada e colocada no correio ontem à
tarde, em Nova York, diz: "Nesta semana de protesto contra a
guerra, colocamos bombas nas instalações do Chase Manhattan,
Standard Oil e da General Motors". Os escritorios da Standar
Oil ficam no conjunto RCA, no Centro Rockfeller.
O autor condena a guerra do Vietnã e critica as grandes empresas
norte-americanas, citando "homens raramente vistos, como David
Rockefeller, James Roche e Michael Haider, que movem os fios nos bastidores".
Rockefeller é diretor-presidente do Conselho Administrativo
do Chase Manhattan. Roche é diretor-presidente da General Motors
e Haider ocupou o mesmo cargo na Standard Oil of New Jersey até
aposentar-se, no mês passado.
Alem disso, a familia Rockefeler tem interesses naquela companhia
petrolifera e é dona do conjunto de predios de escritorios
conhecido como "Rockefeller Center".
A carta chegada a UPI, colocada no correio 12 horas antes da explosão,
dizia que os zeladores dos três edificios receberam comunicações
telefonicas "com 30 a 60 minutos de antecipação".
A mensagem foi entregue ao Bureau Federal da Investigações
(FBI), que iniciou diligencias para saber quem é o autor. O
subchefe do corpo de bombeiros Anthony Costa, acredita que os atentados
à General Motors e Standard Oil foram perpetrados com o mesmo
tipo de material explosivo.
Em setembro, ocorreu um novo atentado contra escritorios do serviço
de alistamento militar. Em outubro os grandes armazens da "Marcy's"
foram atingidos por bombas e dias depois o atentado era repetido contra
uma filial dessa firma em Bronx.
A policia até o momento não conseguiu descobrir os responsaveis
por esta serie de explosões. Quanto às cartas anonimas
encontradas nos lugares onde ocorreram atentados, ou a misteriosa
mensagem recebida esta manhã pela agencia de informações,
as autoridades consideram que podem ter sido redigidas com a intenção
de lançar suspeitas sobre esta ou aquela organização.
Nove exilados cubanos foram detidos e responsabilizados pelos ataques.
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