O HOMEM NA LUA, OUTRA VEZ


Publicado no Folha de S. Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1972

Neste texto foi mantida a grafia original


Exatamente na hora e no local previstos, o modulo lunar "Challenger" pousou ontem no vale de Taurus-Littrow, às 16h55 (hora de Brasilia), no sexto e ultimo pouso do programa Apolo na Lua.
O comandante Eugene Cernan e o geologo Harrison Smith permanecerão 75 horas no satelite natural da Terra. A primeira tarefa de ambos foi instalar - ontem à noite - na superficie lunar, o ALSEP, verdadeiro laboratorio cientifico com cinco instrumentos para registrar a queda de meteoritos na Lua, a composição da atmosfera lunar, a condutividade eletrica do solo lunar, o fluxo termico da Lua e a descoberta de eventuais ondas de gravitação, previstas por Einstein em 1916, mas até hoje nunca detectadas de maneira segura.
O piloto da nave-mãe "America", Roy Evans, permanecerá em orbita os proximos três dias, realizando outras experiencias. A operação de desengate das duas naves foi perfeita, assim como a trajetoria de alunissagem e a colocação em uma orbita lunar mais elevada da Apolo-17.

Um trabalho dificil na Lua

HOUSTON - Os astronautas da Apolo-17 dedicarão pelo menos a metade de sua primeira excursão lunar desta madrugada para instalar um laboratorio cientifico que enviará dados para a Terra durante dois anos ou mais.
Harrison H. Schmitt e Eugene Cernan tem quatro horas para deixar completamente instalado o laboratorio de 125 milhões de dolares e que é alimentado por energia nuclear.
A primeira excursão dos astronautas durará sete horas e o gerador da Apolo-17 será o quarto a funcionar na Lua. O primeiro foi colocado pela Apolo-12, e é um dos instrumentos que continuam enviando informações para a Terra desde novembro de 1969, apesar de estar previsto apenas para um ano seu tempo de funcionamento.
Os instrumentos cientificos da Apolo-17 foram desenhados para durarem pelo menos o dobro deste tempo. Funcionários da Administração Nacional de Aeronautica e Espaço disseram que o gerador da Apolo-17 poderia continuar funcionando até o proximo seculo, embora ninguem saiba quanto tempo durem seus instrumentos, uma vez submetidos às extremas temperaturas da superficie selenica.

As perfurações

Uma das tarefas de Cernan é realizar três perfurações cilindricas na superficie lunar com um aparelho eletrico. Em duas delas, com 2,5 metros de profundidade, serão colocadas sondas termicas que enviarão dados para a Terra sobre a temperatura do sub-solo lunar.
Um instrumento similar, foi instalado em outro ponto pela missão Apolo-15. Uma sonda termica foi colocada pelos astronautas da missão Apolo-16, mas não foi ativada devido à ruptura de um cabo.
A terceira perfuração, com três metros de profundidade, servirá para a extração de amostras do subsolo lunar. Nela se colocará uma sonda, denominada detetor de neutrons que mais tarde será levada para o alunissador. Cabe a esta sonda o registro da atividade nuclear de baixa intensidade, e seus dados poderiam permitir estudar, mais precisamente a época da formação da Lua.
Outros instrumentos medirão vibrações do subsolo lunar, as forças magnéticas e de gravidade e a composição da atmosfera selenica, muito mais tenue que a terrestre.

O saturno

Ontem, uma parte do foguete Saturno que lançou a Apolo-17 espatifou-se contra a superficie selenica, com um impacto comparavel a explosão de onze toneladas de TNT.
Com o choque cuidadosamente planejado, que emitiu vibrações durante duas horas e 40 minutos os cientistas esperam poder determinar o que há debaixo dessa superficie lunar. As leituras foram registradas em sismógrafos que já tinham sido colocados na Lua e espera-se que os dados iniciais possam ser processados ainda esta semana.
O foguete S4B de 15 toneladas dirigiu-se para a Lua, depois de sair da orbita terrestre, quinta-feira.



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