ARMAS ATOMICAS E NOVAS SUPERARMAS PARA AS TROPAS
ALIADAS NA EUROPA
Ridgway considera inadequados os meios de defesa que dispõe
atualmente a Comunidade do Atlantico Norte
Constituiu
ameaça à paz a situação na Persia
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Publicado
na Folha da Manhã, terça-feira, 12 de agosto
de 1952
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Neste texto foi mantida a grafia original
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PARIS, 11 - O comandante supremo aliado da Europa, general
Matthew Ridgway, revelou que as potencias ocidentais estão
pensando em dotar suas forças com armas atomicas e outras novas
super-armas.
Ridgway concedeu uma entrevista coletiva aos jornalistas, aliás,
a primeira desde que assumiu o cargo, que lhe foi transmitido pelo
general Dwight Eisenhower, em fins de maio ultimo.
Na presença de mais de sessenta jornalistas de quatorze nações
de Organização do Pacto do Atlantico Norte, alem do
pessoal da televisão e do radio, o entrevistado declarou que
seria dificil responder com exatidão à primeiro pergunta
que lhe haviam feito, sobre a existencia de super-armas.
Observou que a Grã-Bretanha e a França podem cumprir
as promessas feitas a Organização do Tratado, no ano
de 1952, e que espera um entendimento entre Paris e Washington, quanto
às suas atuais divergencias sobre as compras de armas de construção
francesa.
Declarou que exerce o seu cargo cerca de dois meses e já visitou
a metade dos paises-membros do Pacto do Atlantico, devendo percorrer
ainda o Canadá, Holanda, Portugal, Belgica, Luxemburgo e Turquia.
Disse que notou nos paises visitados forte determinação
das autoridades para cumprir as obrigações, bem como
a sua fé nos principios da segurança coletiva.
Depois de salientar que seu comando é unicamente um orgão
militar de autoridade limitada, disse que o trabalho da Organização
ao Tratado do Atlantico Norte se divide em três partes principais:
armamentos e petrechos, instrução e direção.
Referindo-se aos compromissos assumidos pela Grã-Bretanha e
França, na conferencia de fevereiro ultimo, em Lisboa, declarou
Ridgway que acredita em que essas nações cumprirão
o que prometeram.
Na sua opinião, as forças do Tratado do Atlantico Norte
são ainda inadequadas para resistir ao risco da agressão
russa, que não diminuiu nos ultimos tempos.
Finalmente, frisou que a greve siderurgica nos Estados Unidos "certamente
afetará a entrega de petrechos militares à Europa, porém
não diretamente o plano de ajuda dos Estados Unidos".
Interpelado sobre se a neutralidade da Suiça prejudicava os
planos de defesa e se o Exercito suiço teria algum valor na
guerra, respondeu que não o preocupa a neutralidade daquela
nação, mas que suas forças militares seriam de
grande ajuda nesse conflito. "Qualquer nação -
disse - que decida defender a sua liberdade com a determinação
demonstrada pelo povo suiço, poderá prestar ajuda tremenda".
Acrescentou que, como a Iugoslavia não é membro da Organização
do Tratado do Atlantico Norte, seu Estado-Maior não teve contacto
com o do marechal Tito, para estudar a defesa dos Balcãs.
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A
duração do serviço militar |
PARIS, 11 - Deverá reunir-se amanhã nesta capital
uma conferencia na qual estarão representadas as seis potencias
signatarias do tratado que instituiu a Comunidade Européia
de Defesa, a fim de se chegar a um acordo sobre a duração
do tempo de serviço militar.
Com efeito o protocolo militar anexo ao tratado prevê que a
duração do serviço será a mesma para todos
os signatarios e que os representantes dos governos interessados se
reuniriam para concluir um acordo sobre essa questão.
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Ponto
de vista Inglaterra |
LONDRES, 11 - Noticia-se de fonte autorizada que a Grã-Bretanha
informou a certos paises da Organização do Tratado do
Atlantico Norte que, a seu ver, o serviço militar de dois anos
deveria ser instituido e mantido, segundo o caso, pelos Estados-membros
da N.A.T.O., e que não seria reduzido aquele periodo na Inglaterra.
A Grã-Bretanha levou tambem ao conhecimento desses paises que
continuaria apoiando as recomendações do SHAPE nesse
sentido.
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Visita
do secretario da Guerra dos E.U.A. à Iugoslavia |
BELGRADO, 11 - Frank Pace Jr., secretario da Guerra dos Estados
Unidos, é aguardado amanhã de manhã em Belgrado,
procedente da Alemanha, em companhia de nove tecnicos militares.
O representante do governo norte-americano, que prossegue na viagem
de estudos que leva a efeito atualmente nos paises europeus beneficiarios
do auxilio militar dos Estados Unidos, seguirá para Bled, na
Eslovenia, onde se encontrará com o marechal Tito e os representantes
do Estado-Maior iugoslavo.
Nos circulos diplomaticos de Belgrado, interpreta-se a visita do Pace
como uma simples viagem de informação e como um gesto
de cortesia em relação ao marechal Tito.
Sem duvida, o secretario da Guerra tratará com o chefe de Estado
iugoslavo, do problema dos fornecimentos de material militar à
Iugoslavia, mas não se acredita, nos referidos meios, que novas
e importantes decisões sejam preparadas no decorrer dessa entrevistas,
uma vez que, no mês passado, o governo de Belgrado já
recebeu de Frank Nash, secretario-adjunto da Defesa, a garantia de
que os Estados Unidos dotariam o Exercito iugoslavo de material blindado
pesado e, eventualmente, de aviões a jacto.
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O
perigo persa |
LONDRES, 11 - A pressa com que a Grã-Bretanha completou
o projeto da Junta de Planejamento de Defesa do Oriente Medio foi
provocada, em grande parte, pela situação na Persia,
que se agrava rapidamente, e pelas suas possiveis consequencias sobre
a segurança geral do Ocidente - segundo fontes autorizadas.
Espera-se que este argumento será salientado nas proximas discussões
sobre a instalação da Junta de Planejamento, com o Estados
Unidos e outros participantes.
A Inglaterra e os Estados Unidos estão de acordo em que, se
os comunistas assumirem o poder na Persia, toda a posição
estrategica do Oriente Medio e, consequentemente, do Ocidente em geral,
será gravemente afetada.
Com o partido Tudeh no poder, a União Sovietica poderia descer
até o Golfo Persico, flanqueando a Turquia e parte do Mediterraneo,
e os estrategistas britanicos advertiram o gabinete, na semana passada,
que em tal caso, os ocidentes enfrentariam o mais grave perigo, desde
o fim da guerra.
Espera-se nos circulos diplomaticos desta capital que esse aspecto
da questão poderá anular a frieza dos Estados Unidos
em relação ao plano britanico para a Junta de Planejamento
de Defesa do Oriente Medio, sem a participação imediata
dos arabes.
Os Estados Unidos já declararam ao secretario do Exterior Anthony
Eden que a participação dos paises do Oriente Medio,
em qualquer estrutura definitiva de defesa, é essencial, e
será esta uma de suas exigencias nas futuras consultas.
Ao mesmo tempo, acredita-se que aumentaram consideravelmente as possibilidades
da participação egipcia.
E o objetivo do general Naguib, de possuir um Exercito poderoso e
bem equipado, seria o caminho para certo entendimento, de conformidade
com trocas de pontos de vista preliminares com o embaixador britanico
no Cairo, Sir Ralph Stevenson.
Entrementes, o governo britanico está realizando festões
para nova aproximação com Teerã, em intima consulta
com os Estados Unidos, naquilo que é descrito como a tentativa
de ultima hora para salvar a situação daquele país.
O gabinete estudou cuidadosamente a situação persa na
ultima quinta-feira, em reunião especial, e acredita-se que
nova proposta será apresentada com relação ao
problema do petroleo, que é considerado nesta capital como
base essencial para qualquer pacificação do país.
Os Estados Unidos estão sendo informados das gestões.
Estas poderão ser facilitadas pela ultima tentativa de aproximação
da Persia com a Grã-Bretanha.
O que está atrás destas gestões precipitadas
é o ponto de vista - apoiado pelas noticias procedentes de
Teerã - de que a Persia está caminhando rapidamente
para o caos, do qual somente o comunismo emergiria como o unico vencedor.
Supõe-se que o tempo é curto e que dentro de meses uma
situação "muito sombria" poderá acarretar
um completo colapso.
As ultimas noticias que, segundo consta nesta capital, coincidem com
as recebidas pelos Estados Unidos, dizem que o Partido Tudeh está
mais forte do que se previa e é o grupo partidario mais bem
organizado no país. Os adeptos do Tudeh ter-se-iam infiltrado
nas posições-chave dos sindicatos trabalhistas e outros
aguardando agora a ordem de marchar para a frente.
Ao que parece a Russia está acompanhando, por sua vez, a marcha
dos acontecimentos, que aparentemente se desenrolam em seu favor.
Por meio da Persia comunista, o Kremlin poderia franquear completamente
a Turquia, o pivô sudeste da linha de defesa da N.A.T.O. controlaria
o Golfo Persico e, assim as regiões ricas de petroleo do Oriente
Medio, onde se concentra a metade das jazidas petroliferas do mundo.
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