DISCOS VOADORES PREOCUPAM EUA E URSS
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1968
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Até 1966 o problema dos discos voadores não era considerado
com a devida atenção. O depoimento das testemunhas sobre
o assunto servia mais à especulação da imprensa
do que a uma pesquisa por parte das autoridades competentes. Um boletim
anual era publicado, nos Estados Unidos, afirmando que 98% das pretensas
aparições de discos voadores não passavam de
ilusões oticas. As autoridades afirmavam que balões
de sonda, foguetes estratosfericos e bolidos, eram confundidos pelas
testemunhas que os tomavam por discos voadores. Os restantes 2%, sobre
os quais havia certa duvida, não mereciam um estudo mais detalhado,
estando provavelmente na faixa daqueles objetos que iludem a visão
do homem.
Em novembro de 1966, o governo de Johnson, para a surpresa geral,
criou uma comissão civil para o estudo dos objetos não
identificados. Foi nomeado para presidir essa comissão o professor
E. U. Condon, presidente do Departamento de Fisica da Universidade
do Colorado. Um ano depois, coube à URSS criar, por sua vez,
uma comissão tambem destinada a estudar objetos não
identificados. A presidencia dessa Comissão russa coube a um
militar, o general Anatoly Skolyarof.
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Especialistas |
Embora a Comissão norte-americana para os estudos dos objetos
desconhecidos esteja entregue à presidencia de um civil, a
verdade é que varios militares, de importancia indiscutivel
na estrategia dos Estados Unidos, estão envolvidos com ela.
Um dos nomes desses militares é o do major da USAF Hector Quintanilla,
comandante da Divisão Tecnologica Estrangeira, em Dayton, responsavel
por ensinamentos militares especializados, assim como tecnicas cientificas
avançadas.
Mas coube ao professor J. Allen Hynek, diretor do observatorio de
Dearborn e presidente de astrofisica da Universidade de Northwestern,
destacar a enorme importancia do estudo dos objetos desconhecidos.
Depois de analisar o assunto durante 18 anos, ela acha que os discos
voadores são de uma importancia capital, recusando-se a desconhecê-los
como um fato novo à Ciencia.
Por outro lado, a insistencia das autoridades em apresentar o fenomeno
dos discos voadores como uma ilusão otica teria uma intenção
premeditada, visando desviar o assunto do debate publico para as esferas
especializadas do governo. A propria CIA estaria, nos Estados Unidos,
estimulando esse jogo em proveito de interesses superiores.
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Universidades |
Durante muito tempo varias Universidades dos Estados Unidos recusaram-se
a estudar o problema dos discos voadores. Elas alegavam, para essa
atitude negativa, que o assunto não merecia interesse da Ciencia,
pois as provas eram escassas e duvidosas. Entretanto essas mesmas
Universidades dedicam-se a estudos não menos absurdos do que
os discos voadores, a partir de dados não menos escassos e
duvidosos. Nesse particular, podem ser citados o caso do "projeto
Thanatos" (para o estudo da sobrevivencia do homem) e outros
tantos projetos, considerados "absurdos".
A negativa das Universidades norte-americanas, porem, encerraria o
descontentamento delas de terem de ficar subordinadas nessas pesquisas
a uma interferencia restritiva da parte do Estado. E mais ainda: o
professor E. U. Condon, que preside a Comissão sobre o estudo
dos discos voadores, seria um descrente do assunto, que estaria, apenas
servindo a interesses em demonstrar a inexistencia dos discos voadores
perante a opinião publica. Não obstante esta ultima
hipotese, é sabido que a USAF gastou uma verba aproximada de
300 milhões de dolares para as pesquisas do relatorio Condon,
relatorio esse que deverá ser apresentado ao Congresso norte-americano
até novembro proximo.
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Armas
de espionagem |
Os discos voadores trazem preocupações, mas ou menos
dissimuladas, tanto aos norte-americanos como aos russos. A idéia
de que um desses dois países pudesse ter o controle sobre os
discos voadores é o bastante para demonstrar que êle
possui uma superioridade esmagadora sobre o outro. Disso têm
se aproveitado alguns para afirmarem, que o assunto poderá
tornar-se - ao fim da guerra do Vietnã - uma motivação
para uma especie de guerra-fria entre os dois países. A respeito
disso, ainda há pouco tempo, uma revista russa escrevia que
um objeto desconhecido, emitindo luzes, de forma oval, teria se aproximado
de uma base norte-americana de misseis em Dakota do Norte, em atitude
de franca observação. O fato descrito pela revista não
foi negado, nem confirmado, pelas autoridades dos Estados Unidos.
Ainda que os russos afirmassem, antes evidentemente de criarem a sua
propria Comissão para estudo do assunto, que os discos voadores
eram uma invenção da imprensa dos Estados Unidos, reuniram-se
eles com os norte-americanos em Praga para uma analise do problema
dos discos voadores. Dessa reunião, tomaram parte as seguintes
personalidades dos Estados Unidos: o professor Eynek, Carl Sagan (professor
de Harvard), Morrison (cientista e criador de projetos sobre o assunto),
Donald Mentzel (antigo diretor do Observatorio de Harvard e autor
de dois livros sobre discos voadores), e Franklin Ranch (professor
de navegação estelar dos astronautas norte-americanos).
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Misterio |
O professor Hynek, em entrevista concedida à revista "Playboy"
dos Estados Unidos, afirmou que tinha medo de abrir certa manhã
o "New York Times" e descobrir, sob um titulo destacado,
a noticia de que os russos tinham solucionado o caso dos discos voadores.
Apesar de sua afirmação não ser levada a serio
pela maioria dos cientistas de seu país, o fato é que
o assunto é ainda um misterio. A apresentação
do relatorio da Comissão Condon ao Congresso norte-americano,
em novembro, não terá muita repercussão. Tanto
o povo dos Estados Unidos, como os seus representantes, estarão
muito preocupados com as eleições presidenciais. Mais
uma vez o assunto será comentado apenas nas esferas designadas
para o seu estudo. E mais uma vez o homem perguntará a si mesmo:
os discos voadores serão uma realidade ou obra da imaginação?
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