JOHN KENNEDY FALA COM EXCLUSIVIDADE À FSP: "PRECISAMOS CONSTRUIR
UMA AMERICA MAIS FORTE"
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 1960
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Neste texto foi mantida a grafia original
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"Uma nova geração toma posição
em meu país" |
NOVA
YORK, 9 (De Louis Wiznitzer, correspondente especial da FSP)
O mais jovem presidente da historia dos Estados Unidos, John Kennedy,
sucede ao mais velho, Dwight Eisenhower. Sua indicação
pela Convenção do partido Democrata e sua eleição
pelo povo norte-americano seguiram ritmos relampagos e deram o sinal
de uma destas grandes reações de que o povo ianque tem
o segredo, depois dos periodos de inercia. A personalidade magnética
de Kennedy entusiasmou o publico em todas as partes do país
e lembrou os tempos de Roosevelt. A nação respondeu
ao seu apelo para "novas fronteiras". Roosevelt reagiu a
Pearl Harbour e Kennedy é a resposta americana ao "Sputinik",
a determinação dos americanos de não ficarem
atrás na tecnologia moderna e na competição com
os sovieticos quando se tratar de auxiliar os povos subdesenvolvidos.
Em
entrevista exclusiva à FOLHA DE S.PAULO, Kennedy disse:
"Devemos prestar auxilio muito maior aos povos subdesenvolvidos
da America Latina, da Africa, da Asia, impedindo os comunistas de
criarem o caos e a confusão nessas regiões. Devemos
ajudar esses paises a conquistarem não apenas a sua independencia
politica como tambem a economica. Vamos ajudar a India na realização
do seu plano quinquenal, para que ela possa competir com a China
na liderança economica da Asia. Precisamos reatar relações
com os nossos amigos latino-americanos, tornarmos-nos vizinhos de
verdade, providenciar ajuda financeira e tecnica em grande escala,
talvez através da Operação pan-americana proposta
pelo presidente Kubitschek. Precisamos concluir acordos com o proposito
de estabilizar os preços, estreitar as relações
comerciais e possibilitar convertibilidade monetaria."
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Uma
solução para Berlim |
"Precisamos continuou Kennedy convencer as novas
nações africanas de que não precisam ir à
Russia para receber auxilio, conselhos e amizade. Precisamos mandar
para a Africa peritos, tecnicos, professores para formar engenheiros
africanos que, por sua vez, poderão construir as fabricas de
que carecem. Precisamos deixar clara a nossa determinação
de defender Berlim e ao mesmo tempo buscar soluções
gerais para o problema alemão, o problema europeu, dentro dos
quais o problema de Berlim poderá ser solucionado. O nosso
alvo é uma Berlim livre, dentro de uma Alemanha unida, dentro
de uma Europa com menos tensão e menos armamentos. Em relação
à Europa Oriental aduziu precisamos seguir uma
politica mais flexivel, mais realista do que nos ultimos oito anos".
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America
mais forte |
E concluiu:
"Não adianta aconselhar revolta aos povos oprimidos para
depois não os ajudar. É necessario estabelecer novos
planos, praticos, para o desarmamento e o controle dos armamentos.
O governo, nestes ultimos anos, não quis preocupar-se seriamente
com esses problemas nem oferecer soluções novas, originais.
Precisamos, enfim, construir uma America mais forte, da qual, em ultima
analise, dependerá a defesa do mundo livre. Precisamos aumentar
muito nosso esforço cientifico (em todas as direções),
melhorar o nosso sistema de educação, estabilizar a
nossa economia e, ao mesmo tempo, promover o seu crescimento. Vamos
deixar de confundir luxo com força nacional, conforto com saudade.
Vamos fazer realmente frente aos problemas - urgentes, enormes - da
nossa epoca. O povo americano está à altura dessa tarefa
e pode suportar a verdade e o esforço. Os anos vindouros serão
historicos. Uma nova geração está tomando posição
no meu país. Ela será digna dos altos ideais do mundo
livre e providenciará o tipo de liderança que dela se
espera.
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Eisenhower
decepcionado |
WASHINGTON, 9 O golfe será, como sempre, a distração
do presidente Eisenhower nestes dias após as eleições.
Para praticar seu passatempo favorito o presidente hoje de Washington
às 18 horas GMT, para passar quinze dias em Augusta, Georgia.
O presidente estava profundamente decepcionado com o resultado das
eleições, já que confiava muito em sua propria
intervenção em favor de Nixon para decidir os milhões
de eleitores necessarios a votar no vice-presidente. Eisenhower estava
certo de seu exito.
Ao levantar-se esta manhã, leu em um jornal nova-yorkino tradicionalmente
republicano e que fez campanha a favor de Nixon a vitória de
Kennedy. O embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Burke Elorik,
que viu o presidente à primeira hora da manhã, manifestou
que "Eisenhower não era hoje um homem feliz", segundo
se afirma em Hyannis Port, onde Kennedy aguardou o resultado do pleito.
O presidente eleito poderia ir repousar mais alguns dias em uma cidade
da Florida. Estado vizinho da Georgia.
Dai se supor que Kennedy irá entrevistar-se com Eisenhower
em Augusta para estabelecer um contato oficial com o chefe da administração
atual. Não há mais que um passo para concretização
dessa iniciativa, passo que os observadores já deram acrescentando,
todavia que Kennedy esperará que as paixões eleitorais
se tenham dissipado antes de efetivá-lo.
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"Grande
Satisfação" |
"Sua valente e ardua companha para fazer triunfar o principio
desta administração faz com que o governo sinta uma
grande satisfação por tê-lo tido ao seu lado durante
os ultimos oito anos. Sua amizade será sempre cara ao meu coração.
Meus melhores desejos a Pat e a você, pelo esclarecido trabalho
realizado em favor de uma administração util".
Esse é o texto do telegrama que o presidente Eisenhower enviou
ao vice-presidente Nixon, derrotado nas eleições de
ontem.
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Truman
satisfeito |
INDEPENDENCE Missouri 9 - O ex-presidente Truman manifestou
hoje sua satisfação pela "grande vitoria"
do senador Kennedy e de seu companheiro de chapa, Lyndon Johnson,
senador por Texas e isto significa disse que o proximo
governo norte-americano retomará "o programa estabelecido
por Roosevelt em 1933, para o beneficio e o bem-estar social do homem
da rua" programa que "os republicanos não tiveram
o bom-senso de continuar".
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