COM 11 TIROS, O FIM DO DRAMA DE ALDO MORO


Publicado na Folha de S.Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1978

Neste texto foi mantida a grafia original

O corpo do ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro foi encontrado ontem, pouco antes das 14 horas, no assento traseiro de um automóvel Renault estacionado na rua Caetani, no centro de Roma, perto das sedes nacionais do Partido Comunista e da Democracia Cristã.
Apresentava onze ferimentos de bala, cinco deles no peito, encobertos por diversos lenços ensopados de sangue, sob a camisa branca e a jaqueta azul de Moro, que foram colocados depois da execução.
Os médicos legistas informaram, após os primeiros exames, que Moro estava morto há menos de 24 horas, tendo sua execução ocorrido provavelmente na madrugada de ontem.
O assassinato, segundo a policia, deve ter ocorrido numa praia mas imediações de Roma, pois foram encontrados vestígios de areia na roupa do ex-premiê. Acrescentou que os lenços foram colocados após os disparos, para que não ficasse nenhuma pista de sangue nas ruas.
O rosto de Moro, com barba de vários dias, estava tranquilo, os olhos semifechados. A polícia encontrou o corpo após receber um telefonema anônimo, às primeiras horas da manhã.
O ministro do Interior, Francesco Cossiga, amigo pessoal de Moro, identificou formalmente o corpo ainda no assento do carro. Cossiga virou o rosto e chorou.

Reação mundial

Em todo o mundo, o assassinato de Aldo Moro foi condenado em termos veementes.
No Vaticano o papa Paulo VI, num breve e dramático comentário, disse que não tinha palavras adequadas para definir "o bárbaro assassínio".
Em Washington, o presidente Jimmy Carter definiu o crime como "um ato desprezível e covarde".
Em Moscou a agência Tass, num gesto insólito, difundiu rapidamente a notícia, prestando homenagem a Moro.
Em Brasília, o presidente Ernesto Geisel enviou telegrama de condolências ao governo italiano e à família de Moro.


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