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          | MOSCOU PEDE A RETIRADA IMEDIATA DAS TROPAS ESTRANGEIRAS DO EGITO
 
 
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          | Publicado 
              na Folha da Manhã, sexta-feira, 9 de novembro de 1956 |   
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              Neste texto foi mantida a grafia original
 
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              Inglaterra e França negam-se, porem, a ordenar o recuo 
               Prevê-se que a U.R.S.S. opor-se-á ao envio de 
              uma Força Internacional ao territorio egipcio, alegando "perigos 
              de ocupação"
 
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          | A 
              politica de Eden no Oriente medio ameaça cindir o seu governo |   
          | PARIS, 8 - "Todas as tropas estrangeiras devem ser retiradas 
              sem demora do Egito. Os interesses vitais do Egito exigem-no", 
              declarou hoje, a emissora de Moscou, em um comentario sobre os trabalhos 
              da Assembléia Geral da ONU, relativa à questão 
              egipcia.
 "Sem isso, acrescentou a emissora sovietica, uma paz estavel 
              não pode ser garantida no Oriente Medio."
 
 
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          | Posição 
              sovietica em face da questão egipcia |   
          | Moscou, 8 - "A resposta sovietica à ultima mensagem 
              dos srs. Mollet e Eden está pronta", declarou ontem 
              à noite um alto funcionario do Ministerio do Exterior da 
              U.R.S.S., durante a recepção oferecida no Kremlin, 
              por motivo do 39º aniversario da Revolução de 
              Outubro. Outro representante do mesmo Ministerio declarou, entretanto, 
              alguns instantes depois, que essa resposta não estava inteiramente 
              redigida. Observou-se que todos os membros do Praesidium do partido 
              se retiraram logo depois da saida dos diplomatas presentes no Kremlin, 
              quando a festa ia no auge, aparentemente para examinar o projeto 
              de reposta aos governos francês e britanico. Os srs. Gromico 
              e Zorine juntaram-se ao grupo. Ambos são ministros adjuntos 
              dos Assuntos estrangeiros.
 O governo de Moscou, acredita-se, seria contrario ao emprego de 
              uma Força Internacional de Policia no Egito, em virtude dos 
              "perigos de ocupação" que esta representaria.
 Durante a recepção, o sr. Kruchtchev salientou a ausencia 
              de todos os diplomatas cujos paises são membros da OTAN: 
              "Eu gostaria de conversar aqui com outros embaixadores, principalmente 
              os da França da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, 
              declarou ele, a um diplomata representante de um país neutro. 
              Mas que fazer, já que estão ausentes?" E, dirigindo-se, 
              momentos depois, a um diplomata asiatico, acrescentou: "Que 
              a França e a Grã-Bretanha colham aquilo que semearam. 
              Elas provocaram perdas humanas e danos materiais elevados, granjeando, 
              assim, o odio do mundo arabe por mil anos, pelo menos".
 Durante o dia, o sr. Chepilov conferenciou demoradamente com o sr. 
              Miochounovitch, embaixador da Infantaria, que por sua vez conferenciou 
              durante uma hora com o sr. Kruchtchev.
 
 
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          | "Os 
              governos britanico e francês irão até o fim" |   
          | LONDRES, 8 - Em carta ao candidato conservador à eleição 
              parcial de Chester, Cheshire, "Sir" Anthony Eden explicou 
              que os governos britanico e francês irão até 
              o fim, na tarefa que empreenderam, até o dia em que chegarem 
              ao Egito as tropas da ONU.
 "A intervenção anglo-francesa, declarou o primeiro-ministro, 
              tem por objetivo paralisar as hostilidades de tal maneira que não 
              sejam reiniciadas, e tentar proporcionar uma paz duradoura ao Oriente 
              Medio. Se as Nações Unidas se encarregarem dessa tarefa, 
              nós nos congratularemos por esse fato. Mas na expectativa 
              da chegada das tropas da ONU, nós e os franceses devemos 
              prosseguir nossa tarefa". Se não agirmos rapidamente 
              e com resolução, prosseguiu, trairiamos o povo britanico 
              e a causa da paz".
 "Para prevenir uma guerra de grande envergadura é preciso 
              ter a coragem de agir de uma maneira eficaz e rapida. A historia 
              de nossa epoca demonstra que as consequencias de tal falta de coragem 
              são horriveis".
 
 
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          | Crise 
              no gabinete britanico |   
          | LONDRES, 8 - Sir Anthony Eden não ordenou a cessação 
              do fogo, no dia 6, senão após ter recebido uma especie 
              de ultimato de varios de seus ministros, acredita o jornal vespertino 
              "The Star" que anuncia em manchete: "O gabinete se 
              divide".
 Segundo esse jornal liberal que faz campanha contra a intervenção 
              no Egito, varios colegas do primeiro-ministro teriam intimado este 
              a ordenar a cessação do fogo durante a reunião 
              do gabinete, anteontem, a qual durou quatro horas e teria sido, 
              segundo os parlamentares, a mais tumultuosa que Sir Anthony Eden 
              tenha presidido.
 Esses rumores, relatados pelo "The Star", circulam igualmente 
              nos corredores da Camara. Os ministros "rebeldes" seriam 
              o sr. R. A. Butler, lider da Camara lorde do Selo Privado, Sir Walter 
              Monckton, tesoureiro-pagador geral e o sr. Heathcot Amory, ministro 
              da Agricultura.
 O primeiro-ministro teria, ao contrario, o apoio total de lorde 
              Salisbuty, dos srs. Selwyn Lloyd ministro do Exterior; Harold Macmillan, 
              chanceler do Erario; Anthony Head, ministro da Defesa; Leanox Boyd, 
              ministro das Colonias, e Lord Home, ministro das Relações 
              com a Commonwealth.
 Os ministros "rebeldes", afirma o jornal "The Star", 
              teriam feito valer, com violencia, que os calculos dos militares 
              eram falsos e que as operações durariam muito mais 
              do que se previra.
 O sr. Randolph Churchill escreve a esse proposito, no "Evening 
              Standard", que "o ministro da Defesa fez sabado ultimo 
              uma viagem relampago a Chipre, a bordo de um bombardeiro a jacto 
              'Camberra', unicamente com o fim de poder anunciar ao gabinete que 
              o general Keightlev garantia a vitoria e assim tranquilizar os hesitantes 
              do genero do sr. Butler".
 Finalmente, o "The Star" indica que os ministros rebeldes, 
              preocupados alem disso pela possibilidade de envio de "voluntarios" 
              sovieticos ao Egito e de uma extensão do conflito, teriam 
              ameaçado demitir-se.
 
 
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          | Demite-se 
              o secretario economico do Tesouro |   
          | LONDRES, 8 - "Sir" Edward Boyle, secretario economico 
              do Tesouro, terceira personalidade desse Ministerio depois do chanceler 
              do Erario e o secretario financeiro, apresentou sua demissão, 
              alegando não estar em condições de apoiar a 
              politica do governo, anuncia-se oficialmente hoje em Londres.
 Trata-se do segundo membro do governo de "Sir" Anthony 
              Eden que, em virtude da intervenção franco-britanica 
              no Egito, se demitiu. A primeira demissão registrada foi 
              a do sr. Anthony Nutting, ministro de Estado para as Relações 
              Exteriores.
 
 
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          | Moção 
              de censura rejeitada |   
          | LONDRES, 8 - Por 320 votos contra 262 foi rejeitada, na Camara 
              dos Comuns, moção apresentada pelos trabalhistas, 
              censurando a politica do governo no Oriente Medio.
 
 
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          | Pediram 
              os trabalhistas a convocação da "Commonwealth" |   
          | LONDRES, 8 - A Camara dos Comuns rejeitou, por 320 votos contra 
              262, moção trabalhista que reclamava a convocação 
              imediata de uma conferencia dos primeiros-ministros da "Commonwealth".
 
 
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          | Israel 
              não pretende anexar o Sinai |   
          | JERUSALEM, 8 - O primeiro-ministro, David Ben Gurion, disse 
              em mensagem dirigida esta noite ao presidente Eisenhower, que nem 
              ele, nem qualquer outro porta-voz autorizado do governo de Israel 
              dissera que o seu pais tinha o proposito de anexar o deserto de 
              Sinai.
 
 
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          | Promete 
              retirar suas tropas do Egito |   
          | WASHINGTON, 8 - O governo Israeliano concordará em 
              retirar suas forças armadas estacionadas em territorio egipcio, 
              informa-se esta tarde nos circulos autorizados de Washington.
 O governo de Telavive respondeu com efeito, hoje, às mensagens 
              que lhe foram dirigidas tanto pelo presidente Eisenhower como pelo 
              sr. Dag Hammarskjoeld, secretario- geral da ONU. Precisa-se nesses 
              mesmos meios que o governo de Israel afirma, em sua resposta, que 
              está pronto a cooperar com as forças de Policia Internacional 
              que, sob a egide da ONU, serão enviadas à zona do 
              canal de Suez.
 
 
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          | "Todas 
              as nossas simpatias são para o Egito", declara Nehru |   
          | NOVA DELI, 8 - Na carta que dirigiu ao sr. Nehru e cujo texto 
              foi publicado hoje, em Nova Deli, o marechal Bulganin informa o 
              primeiro-ministro da India da intenção da U.R.S.S. 
              de levar a questão do Egito à ONU e define as medidas 
              que a ONU deveria tomar "sem tardança, tendo em vista 
              ações militares conjuntas dos seus paises membros 
              e sobretudo ações militares da U.R.S.S. e dos Estados 
              Unidos a fim de pôr fim à agressão anglo-francesa".
 Em sua resposta, o sr. Nehru afirma que "todas as nossas simpatias 
              são para o Egito nessa hora de profunda crise, quando sua 
              independencia é ameaçada e tentativas são feitas 
              para lhe impor pela força decisões politicas". 
              O primeiro-ministro da India deplora, em seguida, que "as resoluções 
              da Assembléia Geral da ONU não tenham sido acatadas".
 
 
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          | Parte 
              o general Burns para o Egito |   
          | JERUSALEM, 8 - O general Edison Burns, chefe dos observadores 
              da ONU na Palestina, partiu por avião com destino ao Cairo, 
              a fim de estudar, com as autoridades egipcias, o estabelecimento 
              de uma força internacional, naquele país.
 O general Burns ainda não discutiu a questão com as 
              autoridades Israelenses.
 
 
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