A QUESTÃO RACIAL NA ITALIA


Seria reformado um dos mais competentes officiaes da Marinha por ser descendente de judeus - Cogitar-se-ia da esterilyzação como medida de defesa da raça

Publicado na Folha da Manhã, quinta-feira, 08 de setembro de 1938

Neste texto foi mantida a grafia original

ROMA, 7 - Terão os funcionarios de Estado de sujeitar-se a uma visita medica periodica de esterilyzação? Será ella encarado como uma medida complementar da defesa da raça italiana?
O "Resto del Carlino" approva as medidas tomadas recentemente pelo Conselho de Ministros obrigando os funccionarios a contrahir matrimonio se quizerem ser promovidos, mas diz que esta obrigação poderia construir um perigo caso o funccionario soffresse de uma molestia contagiosa como a tuberculose e a syphilis. Assim propõe que "os empregados publicos sejam submettidos à visitas medicas periodicas, dispensando o casamento aos que não forem são e prohibindo-os formalmente àqueles que por motivo das suas condições physicas não puderem ter senão filhos doentes".
O jornal accrescenta que chegou o momento de "examinar o grave perigo social que representa e reproducção de homens doentes que perpetuam nas gerações microbios que a sciencia e a sociedade se obstinam em combater e extirpar".
Seguindo o exemplo da Allemanha e certos paizes da America do Sul, que para isso empregam a esterylização o jornal propõe este remedio para a "defesa da raça na certeza de que o regime fascista lhe dará um dia, que desejamos proximo, uma solução definitiva".

Contra a infiltração dos judeus nas industrias

ROMA, 7 - O jornal "II Popolo d'Italia" publica um artigo em que reclama das autoridades competentes a abertura de minucioso inquerito sobre a infiltração judaica nas industrias Italianas, especialmente as de Milão.
"O perigo - escreve o orgão do sr. Mussolini - não reside dos judeus, mas na sua habilidade que se desenvolve no fertil terreno das sociedade anonymas. Ainda não é possivel precisar com cifras a importancia da invasão judaica. Estas cifras altas não poderiam ter um valor exacto e precioso".
Depois de observar que o inquerito será mais facilmente levado a effeito nos meios da pequena industria, onde os judeus apparecem pessoalmente, o jornal accrescenta: "Encontramos os judeus especialmente no commercio de meias, pelles e impermeaveis. Cahiram-nos em cima, especialmente nos annos do immediato pos-guerra. Mas estes são estrangeiros e delles a nossa provincia ha de se ver livre, dentro de 6 mezes; onde o inquerito deverá ser verdadeiramente implacavel é no que diz respeito ao indigitados judeus italianos. Em nosso systema economico corporativo a industria tem uma função basica e a nossa autarchia possue especialmente um sentido mistico que não pode ser compreendido por individuos que têm um patrimonio espiritual differente do nosso.
A industria, finalmente, é o elemento basico da nossa preparação militar. Como podemos tolerar que os judeus possam operar impunemente numa actividade tão delicada?

O governo encara a possibilidade de organizar a colonização judaica na Africa Oriental

ROMA, 7 - Affirma-se em certo circulos, que o governo fascista encara a possibilidade de permitir que os judeus italianos e estrangeiros se installem na Ethiopia.
Pessoas bem informadas fazem compreender que o facto do recente decreto não mencionar a Africa Oriental como lugar interdictado aos judeus, não se deve a erro ou omissão, mas a um calculo premeditado no intuito de permitir a installação de colonias judaicas na Ethiopia.

O orgão do vaticano repelle insinuações da imprensa fascista

CIDADE DO VATICANO, 7 - Depois de um longo silencio, durante o qual os jornaes italianos insistentemente discutiram as medidas contra os judeus levadas a effeito pela Igreja, no decorrer dos seculos, o "Osservatore Romano" publica hoje um artigo violento, accusando a imprensa de estar deturpando os factos. O orgão do Vaticano, escreve que no passado existiam outros costumes e outras instituições, e declara que, se a Igreja tomou medidas contra os judeus, estas não foram dictadas "em nome de principios raciaes, como se faz hoje, e sim puramente em nome de principios espirituaes".
Depois de redicularizar os artigos por terem trocado as datas e inventado papas que nunca existiram, o "Osservatore Romano" aconselha à imprensa italiana "limitar-se aos termos exactos da questão e da situação".

© Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.