CARTAS INEDITAS DA RAINHA MARY PUBLICADAS NUM LIVRO BIOGRAFICO
SURGIDO NA INGLATERRA
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Publicado
no Folha de Manhã, domingo, 8 de novembro de 1959
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Neste texto foi mantida a grafia original
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O
CASO DO PRINCIPE EDUARDO E WALLY SIMPSON A AUSTERA RAINHA E
SUA VIDA |
LONDRES, novembro (FOLHA) Desde o dia 15 de outubro
ultimo está circulando a biografia da rainha Mary, um livro
que toda a imprensa e os circulos reais da Inglaterra consideram
sobretudo objetivo e verdadeiro. Intitula-se "Queem Mary"
e foi escrito por um escrupuloso biografo da corte, James Pope-Hennessy,
sendo considerado como a biografia oficial da rainha-mãe.
O grande valor desse livro está sobretudo nas cartas ineditas
que a rainha escreveu, durante sua existencia. Vale a pena lê-las,
para se conhecer as reações de um extraordinaria mulher,
a que foi a rainha Mary da Inglaterra, esposa de Eduardo VII. Em
sua existencia austera, ela conheceu quatro monarcas ingleses, viu
seu marido morrer, perdeu dois filhos e viveu o drama de Eduardo
VIII, seu filho, drama que parece, a julgar-se pelo livro, que mais
a atingiu. Aliás, sobre esse famoso acontecimento, a renuncia
ao trono por parte de Eduardo, por amor de Wally Simpson, há
uma carta inedita, endereçada pela rainha Mary a seu filho
há 22 anos, na qual ela, sem meio termos, censura o filho
por não poder renunciar a Wally, renuncia que ela considera
bem inferior aos sacrificios dos combatentes ingleses em favor do
país. Na mesma carta, entretanto, a rainha afirma que seu
afeto de mãe não foi atingido, pela atitude do principe.
Trata-se de um aspecto humano, na existencia da rainha Mary.
Esse é o objetivo do livro: salientar o lado humano da vida
da rainha-mãe e essa foi a razão pela qual tão
grande numero de cartas está incluido na biografia. Tais
cartas foram escritas ao marido e aos filhos. O livro apóia-se
ainda num diario da rainha, que encerra revelações
interessantes.
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NOTAS
DO DIARIO
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O seu diario começa com seu nascimento: "Mary Teck,
com grande admiração para todos, passa bem e é
uma grande e bela criança." Era para se admirar, realmente,
pois sua mãe tinha 33 anos e era a primeira maternidade.
Alem disso, era gorda e não se esperava que pudesse dar à
luz a uma criança com facilidade. O pai foi o principe alemão
Frank Teck e nada mais possuia a não ser o titulo. Pauperrimo,
já que sua mãe, ao morrer, entregara toda a fortuna
para fins beneficentes. Mary tinha 18 anos quando a rainha Vitoria
começou a pensar em casar o filho Eduardo, de Gales, então
com 29 anos. A 3 de dezembro de 1891 Eduardo pediu Mary em casamento
e ela então escreveu esta frase no seu diario: "Dia
cinzento (insignificante). Para minha grande surpresa, à
noite, Eduardo me pediu em casamento. Respondi, naturalmente, que
sim. Somos ambos felizes."
Mas Eduardo morreu, meses mais tarde. E o herdeiro deveria ser George,
jovem de temperamento candido, mas energico. A rainha Vitoria tratou,
então, de escolher uma noiva para o novo principe herdeiro.
Por uma serie de associações, pensou em Mary novamente.
Casaram-se em julho de 1893 e o casamento passou a ser considerado
como um matrimonio de dever. Mas, segundo o livro, cedo transformou-se
em uma união feliz, de amor.
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O
CASO DE WALLY
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A parte mais interessante do livro pelo menos a mais sensacional
é a que diz respeito ao casamento do principe Eduardo. Quando
Eduardo lhe manifestou a intenção de casar-se com
Wally Simpson, ela exclamou indignada: "Mas estas coisas acontecem
na Rumania!" Era uma alusão ao caso de Carol. Era dificil
aceitar que uma mulher divorciada duas vezes, com os maridos ainda
vivos, fosse esposa do seu filho, principe herdeiro. Fez um apelo
ao filho, para o bem do país: que renunciasse ao casamento.
Mas veio a renuncia. E quando ela a recebeu, escreveu o seguinte
no seu diario: "Bertie (nome familiar do segundo filho, que
herdaria o trono em lugar de Eduardo) e Mr. W. Monckton me trouxeram
a feia copia do discurso com que David (nome familiar de Eduardo)
abdica do trono do Imperio para casar-se com a sra. Simpson!!!!!"
Toda a indignação da rainha estava nesses cinco pontos
de exclamação.
Há algumas cartas interessantes, da rainha, dirigidas ao
filho. Eduardo autorizou a publicação das mesmas no
livro biografico e a rainha Elizabeth II concedeu tambem sua autorização,
agora, 6 anos depois da morte da rainha Mary, falecida aos 85 anos
de idade.
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