RENDERAM-SE INCONDICIONALMENTE AOS EXÉRCITOS ALIADOS AS FÔRÇAS GERMÂNICAS DE TERRA, MAR E AR


Assinada no Q.G. do general Eisenhower a capitulação

Publicado na Folha da Manhã, terça-feira, 8 de maio de 1945

Neste texto foi mantida a grafia original

Doenitz ordena a cessação das hostilidades proclamação de Von Krosigk ao povo alemão

RHEINS, 7 - As autoridades aliadas anunciaram oficialmente a rendição incondicional da Alemanha.

Ordenada pelo almirante Doenitz a rendição incondicional

LONDRES, 7 - O almirante Doenitz ordenou a rendição incondicional de tôdas as fôrças combatentes alemãs - anunciou a emissora de Flensburg.

Ordem de cessar fogo

LONDRES, 7 - A rádio de Flensburg, controlada pelos alemães confirmou esta manhã a notícia de que o novo "fuehrer" alemão Doenitz tinha ordenado a todos os nazistas que cessem tôda e quaisquer atividades.
A ordem de cessação do fogo foi dada também a todos os comandantes de submarinos.

Foi assinada em Rheins a rendição

NOVA YORK, 7 - A emissora de Nova York anuncia que a rendição incondicional da Alemanha, assinada em Rheins foi subscrita pelo general Smith, chefe do Estado Maior do general Eisenhower, pelo general Ivan Susloparoff, em nome da União Soviética, e pelo general Francis Savez, em nome da França.

No Q.G. de Eisenhower

RHEINS, 7 - A rendição total alemã verificou-se precisamente às duas horas e quarenta e um minutos, hora de Paris, numa pequena escola, que é o Q. G. do general Eisenhower, comandante-chefe das fôrças aliadas.

O representante do Reich

RHEINS, 7 - O documento da rendição total alemã foi assinado em nome da Alemanha pelo coronel-general Gustav Jodle, novo chefe do Estado Maior do Exército germânico.

Proclamação do conde Von Krosigk ao povo germanico

LONDRES, 7 - Foi a seguinte, na íntegra, a proclamação em que o ministro do Exterior do Reich, conde Schwerin von Krosigh, anunciou a capitulação total das fôrças alemãs, dirigida ao novo germânico, através da emissora de Flensbourg:
"Homens e mulheres da Alemanha! O Alto Comando das fôrças armadas, por ordem do grande almirante Doenitz, determinou a rendição incondicional de tôdas as fôrças combatentes alemãs.
Como principal ministro do Reich que o almirante Doenitz nomeou para realizar as conversações de guerra, volto-me neste momento trágico da nossa história à nação alemã. Após uma luta heróica de quase seis anos de incomparável dureza, a Alemanha sucumbiu ao poder esmagador de seus inimigos.
Continuar a guerra seria derramamento inútil de sangue e uma desintegração inútil. O govêrno, que tem o sentido da responsabilidade pelo futuro da sua nação, viu-se obrigado a agir, por motivo do colapso de tôdas as fôrças físicas e materiais, e a exigir ao inimigo e cessação dos hostilidades.
Foi a mais nobre tarefa do almirante Doenitz e do govêrno que o apoiou, após os terríveis sacrificios que a guerra exigiu, isto é, salvar, na última fase da guerra, a vida do maior número possivel de seus compatriotas.
Que a guerra não tenha terminado imediata e simultaneamente, a oeste e a leste, pode ser explicado por esta razão exclusivamente. Pomos, assim, um têrmo a esta mais grave hora da nação alemã e do Reich.
Nesta hora tão grave para a nação germânica e para o seu Reich, curvamos-nos em reverência aos nossos mortos nesta guerra. Seus sacrificios impõem-nos as maiores obrigações. Nossa simpatia estende-se, acima de tudo, aos feridos e inválidos e a todos aquêles a quem êste conflito infligiu golpes tão sérios. Nenhum de nós deve ter qualquer ilusão sôbre a severidade dos têrmos que serão impostos ao povo alemão pelos seus inimigos.
Devemos agora enfrentar o nosso destino com calma e sem fazer perguntas. Ninguém pode ter quaisquer dúvidas de que o futuro será dificil para cada um de nós e exigirá de todos os maiores sacrificios, em todas as esferas da vida. Devemos aceitar êste fardo e cumprir lealmente as obrigações que acabamos de assumir. Mas não devemos desesperar e cair na resignação muda.
Mais uma vez, devemos iniciar nossa longa jornada ao longo da senda de um futuro negro. Do colapso do passado, reservemos e salvemos uma coisa: a união. As idéias de comunhão nacional, nos anos da guerra, encontraram a mais alta expressão no espirito de camaradagem da frente de batalha e na espontaneidade de prestar auxilio uns aos outros em tôdas as horas de sacrifício que afligiram a nossa pátria.
Na nossa nação, a justiça deverá ser a lei suprema e o principio orientador. Devemos também reconhecer a lei como base de tôdas as relações entre os diferentes Estados do mundo. Devemos reconhecê-la e respeitá-la por convicção íntima.
O respeito aos tratados será tão sagrado quanto o objetivo da nossa nação em tornar a pertencer á família européia das nações, como membro que deseja mobilizar todos os valores morais e materiais, a fim de pensar suas feridas provocadas pela guerra. Então, poderemos esperar que a atmosfera de ódio que cerca a Alemanha, em todo o mundo cederá seu lugar ao espirito de reconciliação entre as nações, sem a qual o mundo não poderá se recuperar dos seus ferimentos. Então, poderemos alimentar a esperança de receber novamente aquela liberdade, sem a qual nenhuma nação pode levar uma existencia suportável e digna.
Devotamos, pois, ao futuro da nossa nação a meditação mais profunda e a concentração das melhores fôrças do espirito alemão, que deram ao mundo tantas realizações duradouras e tantos valores insofismáveis.
Ao nosso orgulho na luta heróica da nossa nação, acrescentamos um elo de determinação, pertencendo, como pertencemos, ao mundo civilizado e cristão do ocidente para realizar um trabalho honesto e contribuição pacífica, que serão dignos das melhores tradições da nossa Pátria.
Que Deus não nos abandone nos nossos esforços. Que Deus nos abençoe neste difícil tarefa".

Einsenhower não compareceu à cerimonia

LONDRES, 7 - Um locutor americano, falando durante o serviço europeu da sua emissora em Londres, no período de irradiações em alemão, informou ao povo germânico que o general Eisenhower não estava presente à cerimônia da assinatura da rendição incondicional da Alemanha, realizada precisamente às duas horas e quarenta e um minutos desta madrugada (hora do meridiano de Paris).
Logo em seguida, o locutor americano anunciou que o general Eisenhower recebeu o general Bedell Smith, chefe do seu Estado-Maior, e o almirante von Freideberg.
Os emissários alemães foram repetidamente interrogados nos seguintes termos:
"Compreendeis realmente a significação exata e grave dêstes têrmos?"
E os oficiais alemãs responderam:
" Ya, wohl, wir versten schr gutt!" - Sim senhores, compreendemos muito bem".

Informação oficial pela rádio de Paris

LONDRES, 7 - A rádio de Paris anunciou oficialmente que cessaram as hostilidades na frente do1.o Exército francês.

A comunicação ao gabinete britanico

LONDRES, 7 - O gabinete britânico já estava reunido, quando foi informado da decisão do alto-comando alemão de oferecer a rendição incondicional.

Rendição total da "Luftwaffe"

LONDRES, 7 - Dois generais alemães de aviação ofereceram ao marechal! Montgomery a rendição de tôda a famosa "Luftwaffe" - segundo informa a emissora norte-americana na Europa em transmissão do Q. G. do 21.o Grupo de Exércitos norte-americano na Alemanha.
Acrescenta a mesma emissora que não há ainda maiores detalhes a respeito, ignorando-se, pois, se a rendição foi aceita ou recusada.

Dez milhões de alemães prisioneiros dos aliados

LONDRES, 6 - A guerra dos 6 anos na Europa com a maior rendição de exércitos em tôda a história da humanidade.
Calcula-se que cérca de 10 milhões de alemães tornar-se-ão agora prisioneiros. Os aliados ocidentais terão em seu poder mais prisioneiros alemães do que efetivos de tropas em campanha. E êsses homens poderão ser prisioneiros durante vários anos.
De conformidade com as leis da guerra, os prisioneiros poderão ser detidos até a assinatura da paz, que não é prevista por tempo considerável.
Contudo, grande número dêsses prisioneiros será libertada dentro em breve, para trabalhar na terra, a fim de facilitar as dificuldades econômicas assinaladas na Europa Central. Aliás, os russos repetiram a sua afirmação anterior de que os prisioneiros alemães deveriam ser utilizados para reparar os danos que causaram.
Acredita-se que o ponto de vista russo consiste em que os campos de prisioneiros devem ser passados em revista para a escolha dos homens adequados, que deverão executar êsse trabalho, mas que não deverá haver conscrição geral da mão de obra alemã.
A despeito da ordem que a rendição incondicional baixada pelo almirante Doenitz é provável que à ultima hora o marechal von Schoerner ordene às suas tropas, na Checoslováquia que batam em retirada e se rendam ao 3.o Exército do general Patton e não aos russos. Se isso acontecer, o general Patton recusar-se-á provàvelmente a aceitar a rendição alemã e determinará que os alemãs se rendam aos russos. Resta saber, também, se os "bolsões" alemães na costa francesa do Atlântico e as guarnições nas ilhas do canal da Mancha, se os efeitos germânicos que ainda lutam em Breslau, na Letônia, aceitarão ou não a ordem da rendição do almirante Doenitz.


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