CAI O PRINCIPAL LÍDER DO COMUNISMO POLONÊS
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Publicado
na Folha da Tarde, sábado, 06 de setembro de 1980
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O secretário-geral do Partido Operário Unificado da
Polônia, Edward Gierek, foi afastado ontem pelo Comitê,
em consequência da agitação trabalhista no país,
sendo substituído por Stanislaw Kenia. Horas antes, uma nota
oficial informava, em termos lacônicos, que Gierek havia sido
hospitalizado "devido a um ataque cardíaco". Gierek
é o terceiro líder máximo do comunismo polonês
a ser derrubado por movimentos populares, nos últimos anos.
No Parlamento, deputados fizeram críticas ao governo, denunciando
inclusive, a censura a seus pronunciamentos.
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Destituído
o líder comunista Polonês |
VARSÓVIA - O Comitê Central do Partido Comunista
da Polônia destituiu ontem à noite seu secretário-geral
e principal dirigente do país, Edward Gierek, substituindo-o
por Stanislaw Kania.
Os rumores sobre a queda de Gierek começaram a circular ontem
cedo, logo depois de uma nota oficial que informava sobre a hospitalização
de Gierek, devido a "um ataque cardíaco", em termos
lacônicos.
Gierek é o terceiro líder polonês a cair em consequência
de movimentos populares nos últimos anos. O recente movimento
grevista já havia atingido o primeiro-ministro Edward Babiuch
e mais três membros da cúpula do Partido Operário
Unificado da Polônia, o PC local.
De concreto sobre o estado de saúde de Gierek, as autoridades
nada informaram, nem mesmo se teria condições de continuar
exercendo suas funções. Gierek conta atualmente com
69 anos.
Sua posição começou a ser abalada esta semana,
quando circularam livremente acusações de desvio de
verbas oficiais envolvendo Naciej Szczepanski, ex-diretor da televisão
nacional polonesa, e amigo íntimo de Gierek.
Seu sucessor como líder máximo do pais, Stanislaw Kania,
é figura de destaque dentro do partido, mas cuja linha política
é desconhecida em detalhes pelos observadores.
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Parlamento
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O novo primeiro-ministro da Polônia, Josef Pinkowski, forneceu
ontem ao Parlamento informações sobre o "custo
da paz trabalhista no país" depois das greves, anunciando
um grande pacote de reformas econômicas e reajustes salariais
para a quarta parte da força de trabalho da nação.
Na primeira sessão parlamentar realizada depois do início
das greves, Pinkowski informou que serão concedidas aumentos
salariais por etapas, até julho de 1981, a 3 milhões
de trabalhadores. - "Esperamos que os operários também
cumpram com suas promessas particularmente no que se refere a compensar
as perdas de produção", afirmou o "premier"
Pinkowski disse ainda que, a partir do próximo ano, será
instaurada a semana de trabalho de cinco dias, e que o abastecimento
do mercado nacional, que registra todo tipo de escassez, será
incrementado em um bilhão de dólares.
Pinkowski fez um enfático elogio à Igreja Católica
polonesa por sua atitude nos recentes conflitos, ao mesmo tempo em
que denunciou o "injustificado" prosseguimento da agitação
trabalhista em algumas empresas. Advertiu que as solicitações
serão atendidas, mas para tanto é preciso compreensão
dos trabalhadores.
Por outro lado, os abusos da censura, a política do governo
em relação à Igreja e o papel do Parlamento marcaram
ontem os debates. Os oradores mais incisivos foram o vice-presidente
da Academia de Ciências, Jam Szczepanski (independente), e Januz
Zablocki, deputado católico do grupo "Znak".
Após confessar seu "ceticismo", Zablocki reprovou
o primeiro-ministro Pinkowski por "não anunciar nenhuma
medida concreta referente à política governamental em
relação à Igreja.".
O deputado católico ressaltou que a maior parte da nação
polonesa é católica, que os bispos não se aproveitaram
da recente crise para terem ouvidos sua próprias reivindicações,
e que se espera que o governo considere esta atitude "responsável".
Por sua vez, Szczepanski coincidiu com outros oradores ao estranhar
que a publicação dos debates parlamentares pela imprensa
polonesa esteja sendo submetida a censura, e perguntou se tal disposição
é constitucional. "Peço que minha intervenção
seja publicada integralmente ou, em caso contrário, que nada
seja publicado", disse. Tampouco faltaram agressivas reflexões
sobre o funcionamento do próprio Parlamento. Um deputado afirmou
que aquela casa deve deixar de ser um lugar onde os membros se satisfazem
apenas com levantar o braço para dizer "sim".
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