CHIANG-CAI-CHEC ANUNCIA ESTAR PREPARADO PARA A RECONQUISTA DA CHINA CONTINENTAL


Declara o generalissimo que o seu plano contribuirá para reforçar a ação do mundo livre contra a agressão comunista

Publicado na Folha da Manhã, quarta-feira, 4 de fevereiro de 1953

Neste texto foi mantida a grafia original

Taipé, 3 - O generalissimo Chiang-Cai-Chec divulgou hoje, uma nota oficial na qual exprime sua satisfação pela decisão do presidente Eisenhower, suspendendo o bloqueio aeronaval da ilha Formosa.
Na referida nota o generalissimo afirma, outrossim, que o seu plano para a reconquista do continente chinês contribuirá, sem duvida alguma, para reforçar a ação que o mundo livre empreende contra a agressão comunista.
"Quero assegurar a meus amigos estrangeiros, que a Republica Chinesa não solicitará a ajuda de nenhuma outra nação no que diz respeito às forças terrestres, para atingir seu objetivo."
O generalissimo, todavia, não fez referencia a auxilio aereo ou naval.

Bloqueio da costa chinesa

Taipé, 8 - O governo nacionalista prepara-se para reforçar o bloqueio das costas chinesas - informa-se em circulos bem informados. Desejaria, contudo, ter a garantia do auxilio norte-americano, caso as suas patrulhas navais, encarregadas de abordar em alto mar os navios que abastecem os portos comunistas, sejam alvo de ataques de unidades comunistas.

Prontos para a ação os fuzileiros navais nacionalistas

São Francisco, 3 - O general Chu-Yu-Huan, comandante do Corpo de Fuzileiros Navais da China Nacionalista, anunciou que suas forças de assalto estão "treinadas e prontas" para desfechar um contra-ataque à China continental. O general Huan, que chegou ontem de Taipé, em companhia do vice-almirante Na-Chi-Chuang, comandante-chefe da Marinha Nacionalista, fará visitas de cortesia a altos chefes militares norte-americanos, em Washington.

Retira-se do estreito de Formosa a sétima frota dos E.U.A.

Manilla, 3 - O embaixador dos Estados Unidos, almirante Raymond Spruance, entregou, hoje, ao Ministério das Relações Exteriores, uma nota na qual anuncia, oficialmente, a retirada da Setima Frota norte-americana do estreito de Formosa.
O chanceler transmitiu imediatamente a referida nota ao presidente Elpidio Guirino, o qual convocou o secretario da Defesa.
Espera-se que o presidente convoque o Conselho Nacional de Segurança para discutir as consequencias que poderão advir da "desneutralização" de Formosa.
O texto da nota norte-americana não foi divulgado.

Declarações do alm. Radford

Washington, 3 - O almirante Radford declarou, ontem, que espera que os nacionalistas chineses não empreendam ataque imediatos, em grande escala, ao territorio da China Comunista.
O almirante, cujo comando inclui a Setima Frota norte-americana, conferenciou hoje com o presidente Eisenhower.
A Marinha fez saber que a sua atual patrulha, em Formosa, consiste em quatro destróieres e duas esquadrilhas de aviões. A patrulha, designada como Força Tatica 72, é considerada como "uma pequena força de vigilância" da Setima Frota.

Bradley não crê em risco de guerra com a China Comunista

Washington, 3 - O general Omar Bradley, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas norte-americanas, declarou ontem, que, na sua opinião, a decisão do presidente Eisenhower de permitir as incursões nacionalistas contra o territorio da China Comunista não aumentará em muito o risco de guerra com o governo de Pequim.
Manifestou que existirá o perigo de "tiroteios" entre navios norte-americanos e comunistas, se os nacionalistas atacarem a costa comunista. Todavia, acrescentou que esse perigo sempre existiu, desde que a Setima Frota recebeu ordens para neutralizar a ilha Formosa.

Inquietação na Indochina

Saigon, 3 - A notícia da desneutralização da Formosa, provocou certa inquietação nos meios militares e políticos franceses e vietnamitas.
De outra parte, a imprensa e o radio abstiveram-se, até então, de comentar o assunto. Os meios militares e políticos evitam manifestar-se sobre uma eventual intervenção do Exército Nacionalista chinês contra o continente, mas não ocultam sua inquietação sobre as repercussões que poderiam provocar, no caso indochinês, um desembarque de tropas de Chiang-Cai-Chec na China continental.

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