GORBATCHEV PROMETE ESCLARECER "FATOS PENOSOS" DA URSS


Publicado na Folha de S.Paulo, terça-feira, 3 de novembro de 1987

Neste texto foi mantida a grafia original


O dirigente soviético Mikhail Gorbatchev defendeu ontem o esclarecimento de "fatos penosos" da história da União Soviética, como as perseguições de Josef Stalin nos anos 30, reafirmou sua política de reformas —criticando os "impacientes"— e fez uma avaliação de todos os principais dirigentes ao longo da história do país desde a Revolução Russa de 1917. Estas declarações foram feitas durante seu discurso em comemoração aos setenta anos da revolução, considerado o mais abrangente desde o pronunciamento de Nikita Kruschev no 20º Congresso do PC, em 1956, no qual foram denunciados os crimes de Stalin. Gorbatchev falou durante três horas e meia para um platéia de seis mil pessoas, que incluiu o Comitê Central do PC, o Soviete Supremo (Parlamento) e representantes de 170 delegações estrangeiras. O pronunciamento foi transmitido ao vivo pelo rádio e televisão para toda a URSS e países do bloco soviético no Leste europeu. O dirigente anunciou que prosseguirá com a reabilitação das vítimas. Segundo disse, "o processo de restabelecimento da justiça foi interrompido em meados da década de 60". Anunciou ainda a formação de comissão para "examinar novos fatos e documentos" relativos à era Stalinista. Gorbatchev também citou nominalmente todos os líderes da Revolução de 1917, como Lênin, Bukharin e Trotsky. A este último, fez duras criticas. Ao mencionar seus antecessores, como Kruschev e Leonid Brejnev, combinou elogios e críticas.

Gorbatchev revê história da URSS e confirma mudança

Das Agências Internacionais

No discurso mais abrangente de um dirigente soviético desde o pronunciamento por Nikita Kruschev no 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), quando denunciou os crimes de Stalin, em 1956, Mikhail Gorbatchev defendeu ontem a retomada de "todos os aspectos" da história da URSS, criticou e elogiou políticas de seus antecessores e reafirmou seu compromisso com as reformas econômicas e a maior democratização do país, embora atacasse a "pressão dos excessivamente obstinados e impacientes". O discurso, de três horas e meia de duração, foi transmitido ao vivo pelo sistema de rádio e televisão da URSS e de países do Leste europeu, como abertura das comemorações oficiais soviéticas pelos setenta anos da Revolução de 1917, que se completam no próximo dia 9. Gorbatchev, com voz pausada, falou diante de uma platéia de seis mil pessoas reunida no Palácio dos Congressos, um dos edifícios do interior do Kremlin, a sede do governo soviético. Os assistentes incluíam mais de trezentos integrantes do Comitê Central do PCUS, 1.500 membros do Soviete Supremo (Parlamento) e representantes de 170 delegações estrangeiras, de países do bloco soviético e outros. Diplomatas e observadores em Moscou compararam o discurso de Gorbatchev ao de Kruschev, em termos de importância histórica, apesar da diferença óbvia entre os dois: o pronunciamento do sucessor de Stalin permanece até hoje "secreto" dentro da URSS, tendo sido pronunciado a portas fechadas, enquanto a fala do promotor da "glasnost" recebeu divulgação ao vivo da imprensa e teve como ouvintes representantes estrangeiros de países aliados da URSS, como o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. Gorbatchev era constantemente interrompido por aplausos em seu pronunciamento, que lia de uma brochura encadernada em vermelho. Nos intervalos, aproveitava para tomar goles de leite.

Discurso denuncia Trotsky e Stalin e elogia Kruschev
Das Agências Internacionais

Toda a geração de líderes da revolução que levou os bolcheviques ao poder, em 1917, foi citada pelo dirigente soviético, Mikhail Gorbatchev, em seu discurso no Kremlin, ontem, no qual foi feito um resumo da história soviética: Lênin, Trotsky, Bukharin, Kamenev, Zinoiev e Stalin. O dirigente, entretanto, não indicou que haja planos de reabilitar alguns, como Trotsky e Bukharin, expurgados há décadas da história oficial soviética. Segundo Gorbatchev, Trotsky, o fundador do Exército Vermelho e estrategista da tomada do poder pelos bolcheviques, "criou uma aguda luta ideológica no partido" após a morte de Lênin, em 1924.
"Demonstrou pretensões excessivas à liderança do partido, confirmando ser um político com demasiada confiança em si mesmo, que sempre vacilou e blefou... com ataques ao leninismo como um todo. Sua idéia de espalhar a revolução não condiz com a convivência pacífica entre socialismo e o capitalismo", disse Gorbatchev sobre Trotsky. Com relação a Bukharin, ideólogo do partido, o atual dirigente citou as palavras de Lênin, segundo as quais Bukharin era "o filho dileto do PC", mas "ele e seus partidários não souberam entender a importância do fator tempo na construção do socialismo nos anos 30".
As frases sobre dois principais revolucionários de 1917 mostram outro aspecto do discurso de Gorbatchev: a total ausência de críticas ao primeiro dirigente do Estado soviético, Vladimir Lênin, citado aliás como exemplo para as atuais reformas.
As maiores críticas de Gorbatchev foram dirigidas a Stalin, que governou o país de 1924 até 1956, quando morreu. Embora dissesse que Stalin cumpriu "tarefas necessárias para a construção do socialismo na URSS", ao implantar a coletividade forçada da agricultura e a industrialização nos anos 30 - "não poderia ter tomado nenhum outro curso"-, acusou-o de aplicar métodos "que geraram uma atmosfera de intolerância, hostilidade e suspeita". Gorbatchev disse que Stalin foi culpado "por milhões de vítimas" e por implantar "um culto à personalidade contrário à natureza mesma do socialismo.

Reabilitação

Gorbatchev anunciou que será retomado o processo de reabilitação das vítimas do terror stalinista, "interrompido em meados dos anos 60", referência à queda do dirigente Nikita Kruschev, que foi posteriormente mencionado somente como "Kruschev". Não foram citados os nomes dos que serão reabilitados. Também foi anunciada a formação de uma comissão para "examinar amplamente novos fatos e documentos relacionados com esses assuntos". "O processo de restaurar a justiça não foi concluído", disse Gorbatchev.
Não foi feita referência explícita a dirigentes e opositores assassinados a mando de Stalin, mas Gorbatchev mencionou dois exemplos das "falsidades históricas" do período stalinista: a execução dos líderes do PC em Leningrado, após a 2 Guerra, e o "Complô das Batas Brancas", em 1953, no qual um grupo de médicos de origem judaica foi julgado e executado sob a acusação de tentar assassinar Josef Stalin. "O caso de Leningrado e o caso dos médicos foram fabricados", disse Gorbatchev.
Ao citar Kruschev (que governou de 1956 a 1964), Gorbatchev disse que ele foi "corajoso" ao denunciar os crimes de Stalin, mas agiu "de forma subjetiva" com relação às reformas econômicas necessárias na época. Essas reformas foram iniciadas nos dois primeiros anos do governo de Leonid Brejnev (dirigente de 1964 a 1982), o qual depois caminhou para a "estagnação e desaceleração econômica". Ao contrário de Kruschev, o seu sucessor foi citado com o nome completo. Não houve menção alguma, no discurso de Gorbatchev, a seus antecessores Yuri Andropov (novembro de 1982 a fevereiro de 1984) e Constantin Tchernenko (de fevereiro de 84 a fevereiro de 1985).

Censura

O discurso foi transmitido com tradução simultânea para o inglês e as línguas dos países do Leste europeu que o transmitiram. Na Alemanha Oriental, a agência noticiosa oficial "ADN" comentou o pronunciamento de Gorbatchev sem mencionar as mais duras condenações ao stalinismo. Foram omitidas as referências ao "abuso de poder". Também não foram mencionados os trechos referentes à resistência interna no PCUS por causa das reformas.

Em 1956, congresso quebrou tabus

Da Redação da Folha

No dia 24 de fevereiro de 1956 o então secretário-geral do Partido Comunista da URSS, Nikita Kruschev (1894-1971), realizou um discurso durante o 20º Congresso da organização, que causaria profundo abalo na política soviética e no movimento comunista internacional. No discurso, Kruschev denunciava os abusos cometidos pelo Josef Stalin (1879-1953), até então assunto tabu na URSS.
O discurso foi pronunciado numa "sessão secreta" do congresso. Só os delegados presentes ao encontro puderam ver e ouvir, ao vivo, um relatório minucioso dos crimes cometidos por Stalin à frente do governo. O ex-dirigente foi acusado de ter "violado a legalidade socialista" e desenvolvido a prática do "culto à personalidade", contrário aos "princípios leninistas". Kruschev citou nominalmente as lideranças do PC que foram executadas nos famosos "processos de Moscou", na década de 30, apontou as violências praticadas pela polícia política, os erros estratégicos de Stalin durante a guerra contra o nazismo e seu comportamento quase paranóico depois da guerra até sua morte, em março de 1953. Três meses depois, o relatório foi divulgado integralmente pelo jornal norte-americano "The New York Times". Até hoje os cidadãos da URSS não viram a versão completa do documento.
O teor explosivo das denúncias de Kruschev causaram perplexidade nos dirigentes comunistas de todo o mundo, que chegaram a duvidar de sua existência. Confirmado seu conteúdo, porém, o relatório provocou crises profundas nos Pcs ocidentais. No Brasil, o PCB, que registrava 200 mil militantes em 1947, só contava com 4.500 num levantamento feito em 1957.
As circunstancias em que Kruschev resolveu denunciar os erros e os crimes de Stalin até hoje são obscuras. Aparentemente, sua revelações foram feitas em meio a uma violenta luta interna do partido, onde confrontavam-se os apegados ao passado stalinista e incrustrados na cúpula dirigente, e os partidários de uma certa renovação das instituições soviéticas, liderados por Kruschev. Constantemente pressionado, e ameaçado de ficar em minoria , Kruschev teria jogado todas as suas fichas no congresso de 1956.
Derrubado do governo em 1964, Nikita Kruschev morreu totalmente esquecido sete anos depois.

"Os próximos dois ou três anos serão difíceis e críticos"

A seguir os principais trechos do discurso:

"(...) É óbvio que foi a ausência de um nível suficiente de democracia na sociedade soviética que tornou possível o culto à personalidade de Stalin que, ao contrário do que dizem nossos adversários ideológicos, não é inevitável, mas estranho à natureza mesma do socialismo e, portanto, injustificável."(...)
"Imaginou-se que todos os problemas seriam resolvidos de repente. Regiões inteiras e partes do país começaram a competir. Foram baixadas, de cima, metas arbitrárias. Ocorreram em toda parte violações flagrantes aos princípios da coletivização... Porém, camaradas, se avaliarmos o papel da coletivização na consolidação do socialismo no campo, ela foi, em última análise, uma transformação de importância fundamental."(...)
"No final da década de 30, a URSS ocupava o primeiro lugar na Europa e o segundo no mundo em termos de produção industrial, tornando-se uma grande potência industrial...Nas condições mais difíceis, na ausência de mecanização, mal sobrevivendo com rações minguadas, o povo realizou milagres."(...)
"Pensem bem: como podemos concordar com a idéia de que 1917 foi um erro e os setenta anos de nossa vida, trabalho, lutas e batalhas também foram um erro, que não conseguimos chegar lá? Não, com base numa avaliação estrita e objetiva dos fatos históricos só se pode chegar a uma conclusão: foi a opção socialista que levou a antiga e atrasada Rússia lá'- ao lugar que A URSS ocupa hoje no progresso da humanidade." (...)
"De seu êxito depende o futuro do socialismo...Ela deve criar condições propícias para que o socialismo realize sua potencialidades enquanto regime do autêntico humanismo que serve ao cidadão e contribui para seu desenvolvimento harmonioso...Seria um erro ignorar o aumento da resistência das forças conservadoras, que vêem na reestruturação uam ameaça a seus próprios interesses. Também não devemos ceder às pressões dos excessivamente obstinados e impacientes que não querem levar em conta a lógica objetiva da reestruturação... Deve ficar claro que não podemos queimar etapas e tentar fazer tudo como num simples passe de mágica."(...)
"Nos próximos dois, três anos, a reforma radical da economia tem por objetivo assegurar a passagem de um sistema de gestão e excessivamente centralizado para um sistema democrático baseado por excelência nos métodos econômicos e na combinação racional entre centralismo e autonomia administrativa."(...)
"A fase inicial do processo de reestruturação está, em linhas gerais, completa. Quero ressaltar que os próximos dois, três anos serão os mais difíceis, decisivos e, até certo ponto, criticos. Antes de mais nada, porque teremos de executar ao mesmo tempo importantíssimas tarefas no setor econômico, na vida social, no plano da reformulação do aparelho estatal e do sistema de autogestão social, bem como na ideologia e na cultura. Temos certeza de que o apoio geral dos trabalhadores às reformas em curso continuará a ser a nota dominante."(...)
"Hoje sabemos que as acusações políticas e medidas repressivas contra tantos líderes do partido e estadistas, contra tantos outros, membros ou não do partido, contra militares e responsáveis na área econômica cientista e personalidades da área cultural, foram o resultado de uma falsificação deliberada...O processo de restabelecimento da justiça interrompido em meados da década de 60. Agora, de acordo com a decisão da plenária do Comitê Central de outubro, foi estabelecida uma comissão para examinar novos fatos e documentos, além dos já conhecidos. Tudo isso será incorporado num tratado sobre a história do partido e da URSS, cuja preparação será confiada a uma comissão especial do Comitê Central."(...)
"O crescente perigo de que as armas possam ser aperfeiçoadas até o ponto de se tornarem incontroláveis torna imperativo que não percamos tempo...O acordo sobre os mísseis de médio alcance é o primeiro passo para a destruição dos arsenais nucleares. Está demonstrado na prática que se pode avançar nessa direção sem que ninguém seja prejudicado...Em última análise, ficou claro que a supermilitarização agrava a situação interna e prejudica as economias de outros países."(...)
"O mundo espera que a terceira e quarta cúpulas entre URSS e EUA sejam mais do que uma simples fixação formal do que já estalecemos e mais do que uma continuação das discussões. O tempo corre, por isso tentaremos obter desses encontros uma mudança sensível, resultados concretos sobre a questão chave da eliminação da ameaça nuclear nos campos da redução dos meios ofensivos estratégicos e da proibição à instalação de armamentos no espaço."(...)
"Todos os partidos são inteira e irreversivelmente independentes, embora não nos tenhamos ainda desvencilhado de nosso velhos hábitos. No entanto, esta é uma realidade indiscutível. Estamos abertos ao diálogo, à cooperação e à aliança com todas as forças revolucionárias, democráticas e progressistas."(...)
"As relações entre países socialistas baseiam-se na igualdade absoluta e completa, no respeito mútuo, na cooperação e na observação estrita do princípio da coexistência pacífica."(...)
"Estamos longe de atribuir exclusivamente ao socialismo todas as transformações progressistas operadas no mundo. Mas a forma como se colocam os problemas de maior importância para a humanidade e como evolui a busca de vias para sua resolução confirma a existência de vínculos inquebrantáveis entre o progresso mundial e o socialismo enquanto força internacional...Temos uma clara visão sobre a possibilidade de tornar o progresso infinito.

As opiniões do dirigente, por personagem

TROTSKY: — "Depois da morte de Lênin, demonstrou pretensões excessivas à liderança do partido, confirmando ser um político com demasiada confiança em si mesmo, que sempre vacilou e blefou... era essencial desautorizar o trotskismo perante o povo e expor sua essência anti-socialista".
Leon Trotsky (1879-1940) - Liderou a insurreição de 1917 em Petrogrado; fundou e organizou o Exército Vermelho; expulso da URSS em 1929, foi assassinado no México a mando de Stalin.


BUKHARIN: — "Subestimou o significado do fator tempo na construção do socialismo na década de 30...É oportuno lembrar a opinião de Lênin sobre ele: 'não só é um grande teórico e corretamente considerado o favorito do partido, mas suas posições teóricas não são totalmente marxistas'".
Nikolal Bukharin (1886-1938) - Teórico bolchevique, um dos preferidos de Lênin; foi redator-chefe do "Pravda" (jornal oficial do PC) de 1919 a 1929; opôs-se a Stalin, acosenlhando a manutenção da política agrícola NEP. Foi condenado no processo dos 21 (1938) e executado por ordem de Stalin.


STALIN: — "Os erros de Stalin e de seus colaboradores são imensos e imperdoáveis, mas sua personalidade é contraditória e deve-se considerar tanto sua contribuição ao socialismo como seus erros grosseiros...Sua culpa é enorme e inesquecível.
Esta é uma mensagem para todos as gerações."
Josef Stalin (1879-1953) - Secretário-geral do Partido Bolchevique desde 1922; ordenou assassinatos; governou a URSS com poderes absolutos até a morte.


KRUSCHEV: — "Demonstrou grande coragem em sua crítica pioneira ao culto à personalidade de Stalin e no restabelecimento da legalidade socialista...No entanto, as mudanças positivas iniciadas por ele não se apoiavam numa ampla democratização e (cometeu) erros subjetivistas e excesso de voluntarismo."
Nikita Kruschev (1894-1971) - Primeiro secretário do PCUS, em 1953, e primeiro-ministro (1958); iniciou o processo de desestalinização e estimulou mudanças; deposto em 1964.


BREJNEV: — "As possibilidades abertas no biênio 1965-1966 foram frustradas no longo período de estagnação, até 1982, em que a contradição crescente entre os grandes princípios do socialismo e a realidade cotidiana tornou-se intolerável."
Leonid Brejnev (1906-1982) - Sucedeu a Kruschev na chefia do PCUS; ordenou a invasão do Tchecoslováquia (1968) e do Afeganistão (1979); assinou tratados de limitação de armas.

As opiniões do dirigente, por assunto

Sobre a "perestroika" (reestruturação): "De seu êxito depende o futuro do socialismo...(Mas) deve ficar claro que podemos queimar etapas e tentar
fazer tudo como num simples passe de mágica."

Sobre as vítimas de Stalin: "Hoje sabemos que as acusações políticas e medidas repressivas contra tantos líderes do partido estadistas, contra tantos outros...foram o resultado de uma falsificação deliberada".

Sobre a eliminação das armas nucleares"O crescente perigo de que as armas possam ser aperfeiçoadas até o ponto de se tornarem incontroláveis torna imperativo que não percamos tempo."


Sobre o movimento Comunista Internacional "Todos os partidos são inteira e irreversivelmente independentes, embora não nos tenhamos ainda desvencilhado de nosso velhos hábitos".


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