O ELEGANTE IMPÉRIO DE DIOR NÃO PODE PARAR
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Publicado
na Folha de S.Paulo,
segunda-feira, 23 de junho de 1980
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PARIS
- A "Maison" Christian Dior, espelho das elegantes dos cinco
continentes, não está à venda, como se andou
especulando, pelo contrário, pretende intensificar suas atividades
no estrangeiro centrando essa ação nos Estados Unidos,
Argentina, Brasil e México.
O desaparecimento da "torre Eiffel" da alta costura, como
a chamou Marcelo Boussac, extraordinário empresário
no mais amplo sentido da palavra, que foi seu proprietário,
seria para os franceses quase como vender o famoso monumento que os
turistas visitam diariamente em Paris.
Situada na avenida Montaigne, de Paris, uma das artérias mais
elegantes da capital, onde os "Rolls Royce" e os nomes célebres
circulam como em sua própria casa, a Dior conseguiu a façanha
de impor esse "new look" tão a gosto das elegantes
quando ainda se extinguiam os incêndios da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).
Desde então, através de mil vicissitudes, centenas de
linhas, mudanças em todos os níveis, manteve-se como
autêntico farol da elegância no vestir. E precisamente
agora, quando se falava da necessidade de vendê-la, descobriu-se
que Dior não perde dinheiro, o que não é nada
mal nos tempos atuais e nesse ramo tão específico. Não
perde e até mesmo ganha.
Com suas vendas milionárias, a Dior encerrou seu balanço
em 1979 com um lucro de 52 milhões de francos, isto é,
cerca de 650 milhões de cruzeiros.
Porém, os dirigentes desta catedral do bom gosto não
dormem sobre os louros. Reagem como financistas e administradores.
Isto os leva a pensar no futuro, que está às voltas
em 1980 com a recessão ameaçadora e galopante. Assim,
decidiram firmar-se bem na América. Lançam uma linha
"sportswear" nos Estados Unidos e comercializam uma cadeia
de lojas de confecção no Canadá.
E, mais abaixo, com o objetivo de descentralizar os negócios,
criaram sociedades autônomas no Brasil, México e Argentina.
E claro que Dior pretende ir além, e o consegue com êxito.
Um de seus grandes clientes é o Japão, ou melhor, seu
segundo comprador, responsável por 20 por cento do faturamento
da casa.
Os investimentos se estendem. Novas lojas e depósitos em lugares
tão diferentes como Nice, Melbourne, Singapura, Honolulu, Seul
e no "Champs Elysées", em Paris. Uma rede de vendas
da qual fazem parte as 29 boutiques que já mantém bem
alto o estandarte de Dior no mundo inteiro. Tudo isso para aplicar
uma estratégia de fabricação e venda sob licença
(84 por cento do faturamento) com um só imperativo: a qualidade.
Embora a roupa de confecção para mulheres domine este
panorama (57 por cento), a destinada aos cavalheiros (cerca de 250.000
trajes) aumenta vertiginosamente sua aceitação, especialmente
no estrangeiro.
Porém, Dior vende igualmente - o que não é nada
desprezível na hora de fazer as contas - todo tipo de objetos
que as mulheres utilizam para contrastarem com seus vestidos. Sem
contar os casacos de peles.
Quando se difundiram os rumores sobre a venda da Dior, recordou-se
que no momento a empresa vai de vento em popa. A menos, é claro,
que surgisse uma oferta realmente impressionante. Nunca se sabe. O
certo é que o governo francês objetaria, mais cedo ou
mais tarde, que a empresa fosse parar em mãos estrangeiras.
E como futuro senhor desse império de pano é citada
a firma francesa Moet Henessy, que com o prestigioso selo Dior controla
há tempos a venda de perfumes e cremes, uma das partes mais
rentáveis do negócio.
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Tendências
atuais |
Todos
os temas de marinheiro foram utilizados por Marc Bohan, estilista
da "maison" (com exceção da gola marinheira)
que adotou o marinho e branco como cores vedetes de sua coleção
para esta primavera/verão.
Os vestidos inspiram-se nos T-shirts da Marinha e mesmo as listas
dão idéia de ondas. Em versão mais elegante,
aparecem túnicas usadas com saias retas plissadas na barra.
Para noite, vestidos de musselina curtos ou longos, com saias em pétalas
ou longos com "bustier" de bordados com efeito de ondas,
com saias em musselina ou "shantung" em plissados de vários
andares.
Na linha esporte, conjuntos de casacos e mantôs em estilo "cardigan"
com saias plissadas curtas e paletos 7/8 de mangas raglans, sem gola.
Os detalhes: cabelos presos em trança única e casquete
de marinheiro à "Potemkin" em branco e marinho: longas
correntes douradas entremeadas de pérolas brancas e cintos
estreitos de couro com placa-fivela com motivos de "ondas";
golas pequenas cruzadas com estreita fita de cetim; viés marinho
nos casacos de flanela branca; pequenas bolsas em couro ou "bakou"
e "minaudières" redondas em laca; sapatos em forma
de "escarpins" ou "Richelieu" de saltos médios(5
cm) ou sandálias douradas de salto alto; meias opacas(preto
marinho ou branco) combinando com os sapatos."
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