MODERNO, ALEGRE, COLORIDO, EIS COURRÈGES
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Publicado
na Folha de S.Paulo,
quinta-feira, 22 de junho de 1972
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Neste
texto foi mantida a grafia original
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Luana,
a manequim brasileira que está fazendo sucesso na França,
é uma das sete moças que desfilarão hoje e amanhã,
no Joquei Clube, durante a apresentação da coleção
de verão 72/73, de André Courrèges. A informação
foi transmitida ontem pelo proprio Courrèges.
Falando sobre a sua moda, a moda do seculo XXI, o costureiro francês
declarou "ser preciso as mulheres usarem roupas praticas, que
não amassem e que sejam funcionais", acrescentando: "Mesmo
no caso de uma viagem é preciso ter sempre à mão
roupas que não precisem ser passadas. O verniz, a malha em
geral, o vinyl, substituem os demais materiais dando maior praticidade
ao vestir".
Durante a entrevista, Courrèges vestia um conjunto de pantacourt
e jaqueta de nylon azul clara. No seu entender, as roupas que cria
"adaptam-se muito ao estilo da mulher brasileira, dinamica e
descontraida".
- Na sua linha predominam cores alegres, formas, as mais modernas
e uma elegancia simples que permite maior liberdade de movimento.
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Apresentação |
A coleção que Courrèges apresentará hoje
e amanhã segue três linhas diferentes: prototipo (alta
costura), Costura Futura (exclusivamente para butiques) e a hiperbole.
Todas as peças utilizadas - segundo o costureiro - são
adaptáveis ao clima brasileiro, porque foram confeccionadas
para clima tropical.
Sobre seu trabalho, o costureiro disse que quando tem uma coleção
pela frente, levanta-se entre 4 e 5 horas, desenha até às
7, toma o café que ele mesmo faz, e volta a trabalhar até
à noite. Encerra suas atividades às 20 horas, para depois
ir praticar esporte.
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Manequins |
Das 15
manequins que trabalham na sua casa em Paris, Courrèges trouxe
apenas sete para o Brasil: três louras, uma morena e três
negras. Uma é brasileira, uma americana, uma belga, duas francesas
e uma inglesa.
Para Courrèges o que lhe dá prazer é ver uma
garota que compra um tricot com sua assinatura. Para trabalhar com
ele, todavia, é preciso que a manequim tenha um requisito que
julga importante: a altura.
O costureiro não faz questão que elas sejam excessivamente
magras: suas manequins têm um corpo normal, bem distribuído.
Segundo ele, o mais importante não é uma manequim agradar
somente à clientela mas precisamente aos homens:
- Sendo assim, a moça precisa Ter uma aparencia diversa das
usuais, ser antes de tudo do tipo esportista e transmitir alegria.
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Sua
Formação |
Courrèges conta também que para seus pais, de situação
modesta, a sua vontade de estudar as belas artes deixava prever um
futuro de morto de fome.
Não deu certo, diz ele. E o fato de não poder ser pintor
não o afetou. Começa a estudar engenharia na Faculdade
de Ponts et Chaussée onde aprende a desenhar e a descobrir
a arquitetura.
Mas seu nascimento e crescimento em Pau onde reinava o ambiente britanico
elegante e "raffiné" o influenciaram bastante. Ao
lado do esporte (alpinismo, a pelota basca e o rugby) Courrèges
aproveita o tempo de lazer compondo modelos de sapatos e roupas de
homem para um alfaiate da cidade.
Em 1945 decide vir a Paris e durante um ano é desenhista de
moda. Mas isto não satisfaz pois a criação limita-se
ao desenho. Entende que precisa aprender o oficio, costurar, desenhar,
criar. É quando Courrèges descobre Balenciaga, o costureiro
espanhol, cujos modelos são uma revelação para
ele, onde o equilibrio técnico e artístico suplantam
e destituem o supérfluo e o mau gosto.
Com Balenciaga, Courrèges disse que concretizou sua procura.
Aprende com o mestre espanhol, durante 11 anos, a costurar, experimentar,
cortar, criar.
"Chegou o momento em que eu tinha que ser eu mesmo, assumir responsabilidade"
- diz Courrèges.
E ele parte para a experiencia pessoal com quatro mil francos, sua
amiga de infancia Caroline, montando seu proprio atelier em agosto
de 1961, na Avenue Kleber, 48.
Em 66 muda-se para rua François Ier, um lugar mais espaçoso.
Em 67 lança a costura do futuro e desde 1968 começa
a distribuir para a America, Inglaterra, Bélgica, Suiça,
Itália e Japão. A arte venceu a perspectiva da fome.
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