YVES SAINT LAURENT DEIXA A ALTA COSTURA
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Publicado
na Folha de S.Paulo,
quarta-feira, 11 de agosto de 1971
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Neste
texto foi mantida a grafia original
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Paris
- Yves Saint Laurent, o "menino prodígio" da moda
francesa, anunciou ontem que encerrará suas fabulosas coleções
de alta costura. A atitude foi interpretada como sinal dos tempos
de crise na moda francesa mundial, que envolve desde roupas confeccionadas
à mão para uma clientela selecionada até o mercado
em grande escala, de roupa feita para as massas. Saint Laurent galgou
a fama em 1957 como sucessor de 22 anos de Christian Dior, o indiscutível
rei da moda parisiense que acabava de morrer. Fundou sua propria casa
em 1961.
Saint Laurent, entretanto, continuará no mundo da moda com
suas coleções de roupas vendidas em lojas elegantes
que levam seu nome por todo mundo. Também continuará
desenhando para clientes particulares.
Pierre Bergé, adminsitrador da Casa Saint Laurent, fez o comunicado
em entrevista radiofônica ontem à noite. Disse que tinha
perdido sua fé no significado da alta-costura, afirmando que
as roupas feitas chegavam a um publico mais numeroso.
Tanto Bergé quanto Saint Laurent não foram localizados
para que fizessem comentários mas um porta-voz da casa declarou
que muitas das boas idéias tinham sido aplicadas à elegante
coleção de Saint Laurent, exibida há três
meses, considerada melhor que as da coleção de alta
costura apresentada em fins de julho.
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Críticas |
As ultimas duas coleções de Saint Laurent tinham sido
muito criticadas pelos colunistas de moda nos jornais. Em represália
êle proibiu a entrada de vários críticos em sua
mais recente exibição. Um dêles declarou que Saint
Laurent procurava enfear as mulheres em sua linha de primavera e verão.
Durante vários anos pareceu decair o interesse nas exibições
de Paris. Os compradores estiveram viajando entre Roma, Madri, Paris
e Londres e não querem ficar muito tempo em nenhuma cidade.
As exibições de Paris que costumavam estender-se por
semanas, terminam agora em cinco dias. Para as ultimas mostras estavam
presentes apenas 35 compradores norte-americanas. Há alguns
anos, quatro vêzes essa quantidade tomava assento nas frágeis
cadeiras douradas dos salões.
Paris se vangloria ainda de possuir quase dez casas que afirmam ser
as que conseguem lucros e outra meia duzia que consegue sobreviver.
Mas os campeões de vendas admitem que os lucros saem das vendas
de perfumes, meias, modelos e roupas feitas, e não tanto do
prestígio dos modelos de alta costura.
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