A MODA NO ANO 2000
Opinam os mais famosos costureiros parisienses
sobre os modelos do futuro - Adaptavel a todas as invenções
modernas o vesturario da mulher do proximo seculo - Para a elegancia
nada é impossivel...
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Publicado
na Folha da Manhã, domingo, 7 de setembro de 1952
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Neste
texto foi mantida a grafia original
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Trajes
eletronicos |
Qual será a moda feminina para o ano 2000? A "Revue de
la Pansée Française" publica as opiniões
dos mais famosos representantes da alta costura parisiense a esse
respeito. As opiniões são as mais autorizadas. Naturalmente,
para profetizar no dominio da moda.
Carven pensa na linha pura dos gregos: Por que a mulher do ano 2000
não se vestiria com os drapeados à antiga? Mas, ela
modernizará o penteado em triangulo, fazendo uma verdadeira
antena, capaz de captar as ondas hertziana, que permitiria às
mulheres receberem mensagens enquanto andam pela rua. Prevê
Carven a transformação dos panos livres do vestido em
asas elétricas. Isso lhes permitiria transportar-se sem necessidade
do automovel ou do avião. Seria a mulher "Radiovolante".
Christian Dior vê a mulher do ano 2000 vestida de peles de animais.
O que pode significar que Dior julga que a humanidade voltará
à idade da pedra e os homens voltarão a viver nas grutas.
Nesse caso, pensam os jornalistas que as cavernas deverão possuir
aquecimento central...
Jacques Griffe é de opinião que no ano 2000 se poderá
almoçar em Nova York e jantar em Taiti; e as viagens à
lua e aos demais planetas serão coisas comezinhas. Daí
a idéia de um vestido de noite com calças, de tecidos
especiais capazes de resistir aos efluvios terriveis da bomba atomica.
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Um
desenho de Jacques Heim |
Impressionado com a pergunta, Jacques Heim criou um desenho de vestido
determinado por duas tendencias principais: o desenvolvimento das
ciencias eletronicas e nucleares permitirá a cada individuo
enriquecer-se de orgãos ineditos de comunicação
e de proteção; e não tendo o espirito mais em
que pensar, homens e mulheres libertados, se entregarão às
delicias da vida em sociedade. Por isso, o traje que Jacques Heim
propõe para o ano 2000 é, ao mesmo tempo, cientifico
e naturalista. Compõe-se de duas peças metalicas que
servem de apoio ao tecido. A primeira, que ele chama de "capotone",
coroa metalica vasia, de autodedução, na qual estarão
colocados diversos aparelhos, tais como: "condensador de idéias",
"cerebro-freio", "emissor de opiniões",
"receptor telepatico", etc. A cabeleira será trançada
verticalmente ao redor de uma antena vasia, que serve tambem de lampada
para publicidade individual: radar detentor de sorriso e maquilagem
luminosa, regulando o brilho do rosto. O traje - capa e saia - será
de tecido "Hiroshima", naturalmente impermeavel às
radiações atomicas. A capa cai num drapeado elegante;
o "bottomographe", central eletronica que comporta à
frente condicionamento de ar para o interior do vestuario, por raios
infravermelhos; para a marcha e a natação, os pés
serão guarnecidos com escamas reatoras a passo variavel e o
corpo vestido de uma rede de pesca.
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Chapéus-antena |
Marcel Rochas pensa que a mulher do ano 2000 usará chapéu-antena.
A bolsa será substituida por um aparelho de televisão
e telefone portátil. Ele pensa que as palavras serão
transmitidas, não pelos labios, mas pelas vibrações
da garganta. A mulher será vestida com uma tunica à
antiga, curta, com um véu. Permanecerá muito feminina,
mas envolvida numa rede de antenas que lhes permitirão captar
as novidades de todo o mundo.
De acordo com essas opiniões autorizadas de mestres da alta
costura, a maioria dos criadores de moda é de parecer que o
vestuario das mulheres se adaptaria a todas as invenções
modernas.
Somente Dior é otimista nesse sentido, prevendo a volta às
peles de animais, isto é, à era da pedra lascada. De
qualquer maneira, todas as opiniões são admissiveis,
num terreno em que tudo pode acontecer - a moda.
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