MAISON DIOR, 30 ANOS DEPOIS
Entre
todas as Casas de Alta Costura, que carrearam divisas para a França,
uma se destaca e continua fiel à requintada arte de seu "monsieur"
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Publicado
na Folha de S.Paulo,
domingo, 2 de janeiro de 1977
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Embora
Christian Dior tenha reinado apenas 10 anos - faleceu em 1957 - seu
poderoso império revive em cada peça a arte de seu criador
e acaba de completar 30 anos. De seu atelier, da avenida Montaigne,
em Paris, partiram para todas as partes do mundo seus modelos, abrindo
as portas da França, que, com ele, detinha sozinho o poderio
da moda.
Mas Dior não entrou por acaso neste campo: hesitou muito antes
de abrir sua maison. Modelista de Lucien Lelong, só quando
se sentiu verdadeiramente forte ou como dizem seus funcionários,
"quando achou na calçada do Faubourg Saint-Honoré
uma estrela metálica". Supersticioso, como todo artista,
Dior abriu no dia seguinte a sociedade que teria o seu nome. E uma
estrela em ouro é oferecida a cada funcionário de sua
maison, após 15 anos de trabalho.
Com sua morte, nada se alterou do espírito do estilista. Ninguém
de sua maison refere-se a ele como Dior, ou mesmo Christian Dior.
Para eles, ele é o senhor. Até a cor - cinza trianon
- que ele escolheu para as paredes de sua casa de moda permanece a
mesma. Toda a decoração continua como ele idealizou:
"sóbria, para não dar na vista". Seu gabinete
de trabalho mantém-se intato e até mesmo o seu espírito
de fazer em cada coleção apenas um vestido "vermelho
Dior" e uma toalete enfeitada com muguet se conserva.
Dior desenhava em um caderno de formato pequeno. Achava assim que
seus croquis davam mais idéia de cada modelo criado. Os estilistas
que continuaram sua arte, inclusive o "mestre" Marc Bohan
utilizam o mesmo tipo de caderno.
Já em 1947, Dior fazia nascer o estilo "new look",
através de sua primeira coleção. Rompia assim
com a moda em vigor e trazia de volta a beleza da mulher, fator conseguido
amplamente devido ao seu bom senso normando. Antes mesmo da II Guerra
Mundial, os figurinistas franceses passaram as lançar seus
perfumes, mas Miss Dior, criado muitos anos depois, transformou-se
num clássico da perfumaria.
Depois de abrir sua maison de prêt-à-porter em Nova York,
Dior partiu com sua marca para a criação de accessórios
- gravatas, meias e charpes, lenços, luvas, bijuteria e esta
relação se completou anos depois de sua morte, em 1970,
com a inclusão de mais um acessório para as elegantes
do mundo todo: óculos.
Marc Bohan, o estilista-mor da Maison Christian Dior em Paris trouxe
novas formas e coloridos para a moda do "seu senhor" e toda
a variedade requintada de essências são empregadas a
cada fabricação para que os famosos Diorama, Diorissimo,
Diorling, Diorella cheguem às grandes capitais do mundo e aos
consumidores exigentes, através de casas indicadas e fiscalizadas
pela maison.
A cada novo lançamento, uma pequena festa, como a que está
acontecendo agora em São Paulo, na Casa Cisne, que acaba de
lançar o mais novo perfume de Dior, que pelo próprio
nome já é sucesso de cara: Dior Dior, duplamente Dior.
Atualmente suas três filiais, em Nova York, Londres e Genebra
se incumbem de lançar simultaneamente com Paris a moda Dior
de prêt-à-porter e Alta Costura, enquanto suas 20 butiques
espalhadas nos grandes centros, de Hong Kong ao Brasil mostram, em
grande estilo, para as elegantes, a moda da maior casa de costura
do mundo, que após 30 anos de existência permanece jovem,
requintada, extremamente poderosa, como começou.
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