Marcou
firme sua presença no cenario artistico brasileiro o Grupo
do Santa Helena, assim chamado porque os artistas que o integravam
tinham ateliês no velho edificio Santa Helena, na praça
da Sé.
Foi um grupo que se desligou da arte pacifica que então dominava
- lá pelos idos de 1934 - e partiu para composições
modernas. Pouco os incomodavam as investidas de determinados setores
da critica especializada ou até mesmo de seus companheiros.
Estavam decididos a criar novas formas e marcaram em São
Paulo um novo ponto de referencia na arte moderna brasileira.
Não para reviver a atuação do Grupo do Santa
Helena naquilo que realizou há quase três decadas,
mas sobretudo para pôr em foco o que hoje os seus participantes
criam, a galeria 4 Planetas, que fica na rua Alta da rua Nova Barão,
organizou uma exposição que será inaugurada
hoje, às 19 horas. Ali estarão reunidas duas obras
de cada um dos "helenistas" Bonadei, Rebolo, Clovis Graciano,
Mario Zanini, Volpi, Pennacchi, Rizzoti e Manuel Martins.
Caminhos
diversos
Alguns
deles pintavam de maneira diferente da que hoje vemos. A transformação
mais profunda ocorreu em Alfredo Volpi, que das casinhas e mulatas
pulou com o tempo para portas e janelas e depois para as bandeirinhas.
Afinal, se tornou pintor geometrico ou construtivista, embora a
tematica tenha aproximação com a sua fase de bandeirinhas.
Bonadei e Rebolo tambem modificaram suas composições.
As naturezas mortas e paisagens do primeiro aos poucos ganharam
novas formas, com o cubismo dominando em alguns aspectos. Rebolo
igualmente foi alterando o processo de composição,
embora tal como Bonadei, jamais abandonasse o figurativismo.
Os demais integrantes do Grupo do Santa Helena - Graciano, Zanini,
Rizzotti, Pennacchi e Martins - foram os que rigorosamente conservaram
a sua linha de composição. Pode-se afirmar que nem
sequer procuraram interessar-se pela linha abstracionista, mesmo
parcialmente, mantendo-se fiéis à tematica figurativa.
Volpi
Dos
integrantes do grupo, foi Volpi quem se projetou mais. Seus trabalhos
já por três vezes estiveram na representação
brasileira à Bienal de Veneza. Na Bienal de São Paulo,
já conquistou o premio de "melhor pintor nacional".
Nascidos em Lucca, na Italia, em 1896, é o mais velho do
Santa Helena. Veio para o Brasil com 18 meses e daqui nunca mais
saiu, a não ser em 1950, quando ganhou premio de viagem à
Europa.
Ele não sabe nem quer explicar como ocorreu a transformação
de sua pintura; apenas salienta: "Pinto como sei e como acho
que deve ser". Apesar de estar há meio seculo no Brasil,
o artista ainda tem pronuncia peninsular.
Vive no Cambuci e passa temporada no Rio. Seus quadros são
muito procurados e valem, em media, acima de um milhão de
cruzeiros.
Mario
Zanini
É
paulista, nascido em 1907. Descendente de familia humilde, ainda
adolescente frequentou a Escola de Belas Artes. Com o tempo amadureceu
a composição e participou dos principais certames
oficiais do país.
Fez viagem de estudos a Europa em 1950, com premio do Salão
Nacional e viajou pelo país em 1956 com o premio Salão
Paulista de Arte Moderna. Participou das três primeiras Bienais
de São Paulo. Alem do Santa Helena, integrou outro grupo
de vanguarda em São Paulo: a Familia Artistica Paulista.
Mario Zanini vive desde sua mocidade exclusivamente da pintura,
esquivando-se de realizar mostras individuais. Fechado quase sempre
em seu ateliê, é um artista que, sem pesquisar e sem
poder ser enquadrado nos grupos de vanguarda, mesmo assim aparece
como um dos valores representativos da moderna pintura figurativa
brasileira.
Clovis
Graciano
Tambem
fez viagem à Europa, graças ao premio obtido do Salão
Nacional de Belas Artes. Lá ficou três anos.
Em São Paulo estudou com Valdemar da Costa, mas logo seguiu
seu proprio caminho. Suas figuras logo se tornaram caracteristicas
e de facil identificação.
Clovis, que nasceu em Araras em 1906, está completando trinta
anos de pintura figurativa. Participou de varios certames, nunca
porem da Bienal de São Paulo. Recentemente lançou
album de reproduções de desenhos. Suas pinturas e
desenhos têm procura continua.
Bonadei
É
outro de 1906. Faz exposições desde 1929, tendo estudado
de 1930 a 1932 com Felipe Carone, em Florença.
A coleção de premios de Bonadei é grande e
vai desde medalhas de bronze, prata e ouro, do Salão Paulista
de Arte Moderna, até premio de viagem pelo país, premio
Governador do Estado, culminando em 1962 com o premio de viagem
ao exterior, do IX Salão de Arte Moderna. A exceção
das 4.a e 5.a Bienais de São Paulo, figurou nas demais.
As telas de Bonadei têm aceitação continua dos
colecionadores.
Rebolo
O
segundo mais velho do grupo, Rebolo Gonzales (de 1903) é
atuante no movimento artistico paulista e brasileiro.
Numerosas são suas participações em certames
oficiais e varios os premios conquistados. O nome de Rebolo está
agora sendo cogitado para figurar em sala especial na proxima Bienal
de São Paulo.
Vale a pena ressaltar que Rebolo, como Volpi, eram pintores de parede.
Martins
Começou
a pintar em 1931. Sua primeira mostra foi em 1937, no salão
da Família Artistica Paulista.
Manuel Martins expôs tanto no Brasil como no exterior. Autodidata,
nascido em 1911, o artista sempre reproduziu em suas telas e desenhos
paisagens domesticas e tipos caracteristicos. Jamais tentou outra
linha de trabalho.
Pennacchi
Italiano
de nascimento, veio para o Brasil em 1929, após estudar nas
Academias de Lucca e Florença.
Fulvio Pennacchi (1905) especializou-se em afrescos. Tem obras monumentais
na Igreja NS da Paz, na capela do Hospital das Clínicas,
na catedral de Uruguaiana e em varios bancos e hotéis. Em
1952 obteve a medalha de ouro do Salão Paulista de Arte Moderna.
Desde 1962 dedica-se à ceramica policromica.
Rizzotti
É
de Serrana, São Paulo, onde nasceu em 1909. Estudou decoração
na Italia, o que lhe abriu caminho para a pintura.
Expôs na Novara e Turim. Figurou em varios certames brasileiros
e, após dedicar-se à pesquisa, participou dos Salões
Paulista de Arte Moderna de 1963, 1965 e 1966.
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