Silvio Cioffi
Editor de Turismo
Na última sexta-feira 13, em 13 de novembro, o diretor Francis
Ford Coppola ressuscitou ninguém menos do que o conde Drácula,
o vampiro gótico de poderes sobrenaturais que, de acordo
com o romance de Bram Stoker "Drácula" (1897)
veio da Transilvânia e se refugiou em Whitby, uma cidade portuária
inglesa no mar do Norte. Só neste dia de exibição
nos EUA, o filme "Bram Stoker's Drácula" faturou
US$ 11,2 milhões, um recorde para a indústria cinematográfica.
Mas se nos EUA o Drácula do irlandês Bram (Abraham)
Stoker andava hibernando, em Whitby, a 420 km de Londres e a 70
km de York, ele nunca deixou de fazer suas aparições
noturnas nas ruelas únidas dessa cidadezinha construída
sobre penhascos e dividida pelo rio Esk, na região de Yorkshire
do Norte.
Stoker, que vendeu cerca de 1 milhão de exemplares no ano
em que o livro foi lançado, ambientou em Whitby somente três
dos 27 capítulos de seu romance de terror. Mas ninguém
duvida que era lá, e não na Transilvânia, onde
aliás o autor nunca esteve, que Drácula se sentia
mais à vontade para fazer suas vítimas.
Tudo começou em meio a muita tempestade, numa noite que o
romance, escrito em forma de notícias de jornal e cartas,
diz ser a de 8 de agosto: no exato momento em que um cargueiro russo
que estava à deriva tocou o porto, um imenso cão preto
pulou para o píer, como que empurrado pela batida do barco.
De lá foi direto para um promontório, onde estão
a velha igreja de St. Mary e um cemitério.
Um passeio atrás das pegadas de Drácula em Whitby
pode começar por aí, com o cuidado de se colocar o
pé direito no primeiro dos 199 degraus que separam a rua
Henrietta da abadia e da igreja de St. Mary, no alto do morro.
De lá mesmo sem o vento e a chuva fina que constantemente
se abatem sobre Whitby, tem-se uma visão fantasmagórica
das casinhas que se amontoam nas margens do rio Esk e do cinzento
mar do Norte, onde desde o século 12 funciona um porto importante.
Os outros tantos lugares que, em Whitby, fazem referência
a Drácula, como a estação de trem do século
19 usada pelo vampiro em sua viagem para Londres e o memorial Bram
Stoker, numa ponte sobre o rio, estão mencionados num folheto
que é vendido em todos os centros de informação
turística ("Whitby/Drácula Trail" 8 páginas,
30 centavos de libra).
Mas os rastros deste conde meio-cão e meio-morcego são
ainda mais impressionantes para quem participa do "Drácula
Experience", um show cheio de efeitos especiais aprovado pela
Drácula Society, organização sediada em Londres
para cultuar o mito do vampiro.
Mas Whitby é também uma cidade de mitos reais. Foi
lá que Caedmon, considerado o primeiro poeta da língua
inglesa, morreu, no ano 680. James Cook, o explorador mitológico
que descobriu para a coroa britânica a Austrália, Nova
Zelândia e Havaí, também partiu desse porto
para suas viagens ao redor do mundo, entre 1769 e 1775.
Há quem diga que referências literárias e histórias
não enchem barriga. Para esses, Whitby, uma cidade que vice
da pesca e que já foi importante porto baleeiro, em um endereço
único, o Magpei Cafe. Trata-se de um restaurante simples
e antológico, na margem esquerda do Esk (rua do Píer,
14). Localizado bem na frente de um atrancadouro, numa casa bastante
antiga, o Magpie Cafe é dirigido por mais de 40 anos pela
familia Mackenzie e serve por umas poucas libras deliciosas saladas
de caranguejo e lagosta, além de pratos principais com haddock,
bacalhau, arenque ou linguado que constam sempre no cardápio.
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