"QUAL O FILME QUE VOCÊ GOSTARIA DE TER DIRIGIDO?"
Respondem
a essa pergunta as maiores figuras do cinema italiano - Chaplin,
Castellani, Von Stroheim, Pabst e Von Sternberg, os citados
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Publicado
na Folha da Noite, sexta-feira, 24 de abril de 1953
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Uma revista italiana realizou recentemente uma "enquete"
entre os maiores diretores de cinema da atualidade, daquele país.
Responderam homens da nova e da velha geração, figuras
que criaram algo de novo na cinematografia e que a ela dão
o melhor de seu talento. A pergunta foi a seguinte: "De todos
os filmes realizados até hoje, qual é aquele que você
teria preferido dirigir, e por que?"
Eis as respostas dos grandes vultos da atualidade:
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ALBERTO
LATTUADA |
Realizador de "O Vale do Pó" e "Mulheres
e Luzes", inteligencia das mais brilhantes do cinema, criador
de um estilo vigoroso e plastico. Dirigiu recentemente "O Capote",
de Gazol.
"E' dificil responder a essa pergunta, porque equivale a perguntar
a uma pessoa se desejaria ser outra. E' verdade que seria agradavel
a gente sentir-se autor de obras-primas filmadas por Chaplin, von
Stroheim ou Pabst, mas mesmo na imaginação não
é uma coisa natural, e sim cheia de presunção.
Feita essa premissa direi que alem dos filmes de Chaplin, que estão
acima de qualquer julgamento, lembro como muito proximo à minha
sensibilidade "A Marcha Nupcial", de von Stroheim, que é
uma violenta satira a uma sociedade em decadencia e, como tal, espelho
fiel de uma crise que é caracteristica de nosso seculo. Gostaria
de encontrar um tema tão importante, mas adiante dos resultados
já conseguidos só me resta admirar a magistral criação
de von Stroheim."
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ROBERTO
ROSSELLINI |
Considerado um dos pais do neo-realismo. Revelou-se com "Roma,
Cidade Aberta"; improvisador, inquieto, procura sempre os temas
atuais. Um de seus grandes filmes é " Alemanha, Ano Zero",
há pouco exibido.
"De que filme gostaria de ser o autor? Mas é claro,
de " Limelight". Porque? Mas é claro, porque é
a obra-prima de Chaplin, isto é, daquele que é verdadeiramente
o criador, o autor de seus proprios filmes; e cujas concessões,
a cujo sistema, eu me rendo. Explico-me: girar um filme no estrito
tempo necessario, depois de tê-lo amadurecido longamente dentro
de si, como inspiração, impostação e composição".
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ALESSANDRO
BLASETTI |
Realizou "Fabiola". É da velha geração
e seus filmes são do estilo espetacular. Entre suas maiores
realizações estão "Prima Comunione"
(1950) e "La Fiammata" (1952).
" Due Soldi di Speranza", porque é a mais completa
expressão de uma autentica realidade italiana, feita de miseria,
é verdade, mas feita sobretudo de otimismo e de esperança,
isto é, da vontade de vencer e não de amarga condenação
e resignação."
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PIETRO
GERMI |
Realizador de "Caminho da Esperança" e "Em
Nome da Lei", duas obras-primas do cinema italiano. Recebeu violentas
criticas quando realizou "La Cittá se Difende", por
ter feito concessões consideradas comerciais.
"Sempre "Caminho da Esperança", porque
estou certo de que não poderei fazer um filme melhor. E nunca
desejei tanto fazer outro filme como desejei fazer o citado."
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GIUSEPPE
DE SANCTIS |
Dirigiu "Tragica Perseguição" (Caccia Tragica)
e "Arroz Amargo". Atualmente está realizando "Um
Marito per Anna Zaccheo", drama de uma bela mulher que não
pode casar-se por amor.
"Se me fosse possivel, gostaria de dirigir outra vez "Arroz
Amargo". Com a experiência que adquiri, penso que agora
não repitiria os erros que encontrei no meu original."
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VITTORIO
DE SICA |
Realizador de "Ladrões de Bicicletas", grande
entre os maiores.
"O "Dom Quixote", de Pabst. Porque está
mais proximo daquele humorismo que tenho tentado; pelo seu bom gosto,
pela sua vivacidade: tudo, naquele filme, é harmonioso e brilhante.
Não sei, naturalmente, se eu o teria dirigido tão bem
como Pabst."
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LUIGI
ZAMPA |
Realizador de "Anni Dificili" e, recentemente, de "Processo
a unna Cittá", uma historia escrita por Ettore Giannini.
"Decididamente, "Due Soldi di Speranza", de Castellani,
porque é o que mais se aproxima do mundo que prefiro: é
um filme que quando trata de problemas dramaticos o faz de modo bonachão."
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RENATO
CASTELLANI |
Uma das maiores revelações do neo-realismo. Dele
já vimos "É Sempre Primavera" e é ele
o realizador de "Due Soldi di Speranza", um filme vitorioso
em todo o mundo, inclusive na União Sovietica.
"A minha maior aspiração seria a de dirigir qualquer
filme de Chaplin. Mas, pensando melhor, penso que é uma felicidade
eu não ter dirigido nenhum porque do contrario não seria
um filme de Chaplin."
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MARIO
SOLDATI |
Foi um dos maiores documentaristas italianos e hoje figura no grupo
dos grandes "Piccolo Mondo Antico" é um de seus filmes.
Procura na literatura fina os temas para suas obras.
"Um filme que se liga às minhas aspirações:
"O Anjo Azul", de von Sternberg, porque nesse filme a materia
é dominada e não casual: um fato verdadeiramente artistico."
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LUCHINO
VISCONTI |
Dele conhecemos "Obsessão". É o pai do
neo-realismo. Criou "La Terra Trema" e, recentemente, "Belissima".
A critica européia o considera um dos maiores cineastas do
mundo.
"Não acho que a pergunta seja interessante"
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