Há
o cinemascope, o cinerama, o cinevisão, o cinespacial,, o
processos de utilização da imagem obtida por uma camara
cinematográfica. Agora, surge uma nova maneira de uso para
um filme: o Cinemobile, que será lançado às
21 horas, hoje, durante um coquetel na sede do GRIFE - Grupo de
Realizadores Independentes de Filmes Experimentais (rua Estados
Unidos, 2240) e apresentado por seus dois criadores, Abrão
Berman, realizador de filmes em Super 8 milimetros, e Claudio Tozzi,
artista plástico.
Berman e Tozzi vão mostrar todas as formas de utilização
dos Cinemobiles no happening que organizaram e durante o qual num
ambiente de galeria de arte, os convidados não encontrarão
óleos ou esculturas expostas. As paredes do GRIFE servirão
de telas para uma exibição simultanea e interrupta
dos filmes curtos em Super 8, que constituem os Cinemobiles, e que
já estão prontos para venda aos interessados. Eles
podem ser projetados nas paredes, no chão, no teto, em muros,
nas próprias pessoas e, enfim, em qualquer lugar, dependendo
da imaginação do organizador de uma festa familiar.
Assim, o Cinemobile passa a ser um novo substituto para os atrativos
domesticos tradicionais, a para vernissagens, exposições,
feiras ou qualquer outro tipo de promoção.
Abrão Berman, diretor do GRIFE, não sabe definir exatamente
o que é o Cinemobile. Mas diz que é, basicamente,
um novo tipo de pesquisas no campo das artes plasticas.
"É uma reunião das formulas da pintura, da gravura,
da escultura, da fotografia num objeto só. Sua novidade é
trazer nesse conjunto, também o movimento e o som, usando
como base a pelicula Super 8, comprovando mais uma vez as inumeras
possibilidades dessa bitola".
A idéia de lançar o Cinemobile nasceu, segundo Berman,
em razão do exito e da repercussão da mostra Expo-Projeção,
organizada no GRIFE, em junho do ano passado por Aracy Amaral. Ficou
comprovado, então, que grande parte dos artistas plásticos
estava incursionando na faixa da obra audiovisual com slides ou
filmes Super 8, com resultados totalmente ineditos.
"A ideia surgiu, inclusive, pelo interesse diante do filme
Super 8. As lojas vendem, hoje, grande numero de projetores sonoros
e a procura de obras originais, por parte desses compradores, é
intensa. Eles querem filmes que possam ser exibidos para valorizar
uma reunião familiar ou simplesmente complementar uma decoração",
afirma Berman.
Os Cinemobiles possuem uma série de usos que seus criadores
explicam no folheto de apresentação, sugerindo a projeção
com o entreterimento, decoração, no forro, nas paredes
sobre as pessoas reunidas, no chão, com sons fantasticos
ou musicais serenas. O uso depende da imaginação.
Cada filmes possui um tema diferente.
Hoje à noite, na vernissage que prepararam, Tozzi e Berman
vão exibir 10 Cinemobiles diferentes um do outro: quatro
são de Claudio Tozzi, intitulados "Grama", "Fotograma",
"A Morte da Galinha" e "Seio". Os outros, de
Abrão Berman, são "Colores", "São
Paulo", "Caretas", "Marilyn" (sobre Marilyn
Monroe), "Cinemania 50" e "Calendário".
Os filmes têm duração média de 5 minutos,
mas podem ter seu tempo aumentado: basta que o proprietário
de um Cinemobile o projete em velocidade de 18 fotogramas por segundo,
ou, uma vez terminada a exibição, o projete de trás
para a frente.
"O preço de lançamento dos Cinemobiles - diz
Abrão Berman - é de 600 cruzeiros. Podem ser adquiridos
diretamente no GRIFE ou através de financiamento bancário.
O interesse pelo Cinemobile, por enquanto, é mistério
e curiosidade. Ninguém ainda viu nenhum em funcionamento
e estamos deixando que as pessoas nos digam, hoje, quais são
possibilidades".
Berman e Tozzi, entretanto, cofiam no exito da idéia. Vão
exibir os seus Cinemobiles numa exposição de arte
na Antuerpia, Belgica, no fim do mês. E acreditam que o comprador
ideal dos Cinemobiles serão as mesmas pessoas que estão
habituadas a adquirir quadros, gravuras, filmes ou discos.
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