A GENTE DE CÔR
A
contribuição da raça preta para a grandeza
dos Estados Unidos
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Publicado
na Folha da Manhã, quinta-feira, 9 de fevereiro de
1928
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Oliveira Lima, commentando em "La Prensa" de Buenos Aires,
um livro recentemente publicado nos Estados Unidos a respeito da gente
de côr na vida norte-americana, - apresenta alguns dados curiosos
referentes à contribuição da raça negra
à grandeza da civilização de que se vangloria
o povo "yankee". O livro commentado é de autoria
do prof. Jerome Dowd, da Universidade de Oklahoma, e um dos sociologos
norte-americanos mais preoccupados com os problemas raciaes de cuja
solução depende, até certo modo, os destinos
da America.
A affirmação inicial desse professor, de que a nação
norte-americana é uma das menos aptas no mundo para orientar
os destinos da humanidade, - é de molde a causar sério
espanto em todos quantos vêm nos Estados Unidos o Estado "leader'
da Civilização... E maior deverá ter sido a revolta
dos proprios patriotas "yankees", vendo-se assim reduzidos
por um compatricio, nessa ambição imperialista de avassalar
o mundo que é o motivo maior de toda a sua actividade. No emtanto,
a affirmação do prof. Dowd não é graciosa;
ella se baseia no estudo da realidade social da população
norte-americana, em suas relações com os outros povos,
e principalmente nas relações estabelecidas dentro mesmo
do territorio dos Estados Unidos, entre as varias raças em
fusão ou repulsão que ali vivem. O preconceito racial
que prepondera no espirito "yankee", constitue o motivo
maior dessa incompetência politica que o referido sociologo
atribue aos seus compatricios.
A incomprehensão por parte da população norte-americana
de origem anglo-saxonica, da força civilizadora com que a raça
negra tem contribuido para a engrandecimentos dos Estados Unidos,
contribue poderosamente para a crescente complexidade do problema
racial nesse paiz. Os negros, em suas relações sociaes,
são afastados de qualquer contacto mais ou menos directo, com
os elementos brancos. A situação humilhante a que são
rebaixados, em vez de degradal-os, se transforma em poderoso estimulo
para a acquisição de maiores forças moraes e
sociaes, possibilitando-lhes a competencia com a raça branca.
Assim, não é o barbarismo ou falta de cultura entre
os negros que condiciona a repulsa dos brancos. É apenas o
preconceito racial a causa unica dessa impossibilidade de contacto.
Os negros têm universidades proprias, sociedades de educação
e de assistencia social, cujo movel civilizador não fica muito
aquem dos circulos identicos e caracteristicos dos brancos.
O que é mais interessante, porém, nessa correspondencia
do escriptor brasileiro ao jornal platino, é a referencia às
excepcções à regra geral estabelecida pelo prof.
de Oklahoma. Os casos de scientistas, professores e artistas negros,
cuja convivencia no ambiente dos circulos sociaes da gente branca
que os admira e respeita, - é realmente digno de nota. O caso
do celebre prof. Bookre Washington bem evidencia taes excepções.
Mas, a fatalidade da regra geral, a que destinos conduzirá
a Norte-América?
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