CENSURA EM FOCO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 1967
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Carlos Diegues é um dos cineastas brasileiros que se colocam
em posição de apôio ao projeto do deputado Dias
Menezes (MDB-SP), sobre a extinção da censura previa
nos espetaculos publicos de qualquer natureza. Varios outros cineastas
assinaram telegrama dirigida ao presidente da Comissão de Educação
da Camara Federal, solicitando a aprovação da material.
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Cinema
contra censura previa |
BRASÍLIA, 1º (FOLHA) - Os cineastas Joaquim Pedro
de Andrade, Nelson Pereira dos Santos, Paulo Cesar Saraceni, Luís
Carlos Barreto, Leon Hirsmann, Carlos Diegues e Roberto Farias manifestaram-se,
em nome da Associação Brasileira de Autores Cinematográficos,
favoraveis à extinção da censura previa nos espetaculos
publicos de qualquer natureza e pediram à Comissão de
Educação da Camara Federal que aprove o projeto do deputado
Dias Menezes (MDB-SP) com aquela finalidade.
Pelo
projeto do representante paulista, a censura previa seria feita
após a liberação dos filmes ou peças
teatrais, e não antes, como atualmente. Os autores de filmes
ou peças seriam responsabilizados pelos abusos cometidos,
mas teriam direito de recorrer ao Judiciario contra as medidas que
atingissem sua obra.
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Telegrama |
Os cineastas dirigiram ao presidente da Comissão de Educação,
sr. Braga Ramos (ARENA-PR), onde a materia se encontra, o seguinte
telegrama:
"Neste
momento em que as formas de censuras às atividades artisticas
se multiplicam sob os mais variados pretextos, multilando especialmente
as obras mais honestas e corajosas do cinema e do teatro brasileiros,
quando não as liquidam antecipadamente pela intimidação,
proibir a censura previa equivale a dar uma garantia minima, mas
extremamente valiosa, à liberdade de criação
e a defender os novos e melhores valores da cultura brasileira.
É, portanto, com o maior empenho que pedimos o apoio para
o projeto Dias Menezes."
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Plenario |
O projeto do sr. Dias Menezes foi considerado inconstitucional na
Comissão de Justiça da Camara, segundo voto do sr. Luís
Ataide (ARENA-BA). Na Comissão de Educação, recebeu
parecer contrario do sr. Oceano Carleial (ARENA-AL), que classificou
a iniciativa como "inconveniente à segurança".
O deputado Marcio Moreira Alves (MDB-GB) pediu vista do projeto e,
em voto separado, considerou a extinção da censura previa
como "altamente benefica para a liberdade de criação
artistica". Como o projeto fôra julgado inconstitucional,
os parlamentares oposicionistas recorreram para o plenario da Camara,
que, agora, terá de confirmar ou não a inconstitucionalidade
alegada.
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