LENDAS ANTIGAS DE AMOR E ESPERANÇA ENVOLVEM O NATAL


Publicado na Folha de S. Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1974

Neste texto foi mantida a grafia original

Manto precioso

Há muitos e muitos anos na Irlanda, vivia uma jovem, que pensava mais nos outros que em si mesma. Tinha uma vida dura, mas Bride, esse era o seu nome, não se desesperava, porque procurava ver que os outros sofriam mais do que ela. Um dia, após salvar um cordeirinho das garras cruéis de um falcão, Bride viu um arco de verdes ramos. Quando o atravessou, encontrou-se numa terra estranha. Caminhavam em sua direção dois viajantes: um homem alto e uma mulher com uma criança no colo. Pediram-lhe para descansar no seu quintal e água. "Não tenho água, disse Bride, mas talvez as vacas tenham um pouco de leite". Vendo que a mulher sentia frio, a jovem tirou seu grosseiro manto, colocou sobre os seus ombros e foi para o estábulo. Quando voltou com o leite, Bride notou que aquela pobre família era sagrada: uma forte luz brilhava em torno da mulher e da criança. A mãe depositou o Menino Jesus nos braços da jovem, enquanto que o homem recolocou sobre seus ombros o manto que, por uns momentos havia aquecido Nossa Senhora. Mas esse momento feliz durou pouco. Novamente Bride estava na sua terra, diante do arco de ramos, mas o seu áspero manto já não era o mesmo: estava repleto de brilho, com jóias coloridas, tendo ao centro a grande estrela do Menino Jesus.
Papai Noel existiu

O primeiro Papai Noel existiu mesmo. Era um bispo da Ásia Menor, no século IV, muito amável, generoso e tornou-se popular por seus milagres. Como era humilde e vivesse entre os pobres, gostava de disfarçar-se para ofertar presentes às crianças. Logo tornou-se conhecido como o santo protetor das crianças. Mas entre os seus conhecidos, havia um nobre empobrecido que estava enfrentando sérias dificuldades: como precisasse terrivelmente de dinheiro para sobreviver, estava pensando em vender suas três filhas como escravas, pois naquele tempo as moças tinham que levar um dote para o casamento e ele nada tinha. O bispo sabendo das aflições do pobre nobre teve uma idéia. Quando sua primeira filha estava em idade de se casar, o bom velhinho colocou um saco de ouro na sua janela. A jovem casou-se muito bem. Fez a mesma coisa com a segunda moça, mas quando a terceira filha ficou crescida o pai resolveu ficar de guarda fora da casa, para saber quem era o seu benfeitor. Para esconder sua identidade, o bispo foi obrigado a depositar o saco de ouro pela chaminé, onde estavam estendidas umas meias para secar. É assim que ainda hoje, muitas crianças do mundo inteiro dependuram suas meias ou sapatos nas chaminés, nas portas e nas janelas à espera de um presente na noite de Natal.


© Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.