GRAÇA ARANHA


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José Pereira da Graça Aranha nasceu em 21 de junho de 1868, em São Luís, no Maranhão, filho do jornalista Temístocles da Silva Maciel Aranha e de Maria da Glória da Graça.

De família rica e culta, com apenas 13 anos ele já havia terminado os estudos primário e secundário e foi para o Recife estudar direito. Lá, seria aluno de Tobias Barreto, uma das mais fortes influências de sua vida. Para Graça Aranha, Tobias Barreto foi o maior dos brasileiros.

Formou-se em 1886 e viajou para o sul do país, onde se dedicou à advocacia, ao magistério e à magistratura. Foi como juiz municipal em Porto do Cachoeiro, no Espírito Santo, em 1890, que colheu material para seu futuro romance "Canaã", publicado com grande sucesso editorial em 1902.

A cidade possuía uma comunidade alemã significativa e Aranha fez parte do julgamento de uma jovem imigrante que era acusada do assassinato do filho recém nascido. No romance, a jovem seria materializada como Maria de Canaã, e o assassinato do filho simbolizado na cena em que ela dá à luz no meio do mato e vê o bebê ser devorado por porcos selvagens.

Em "Canaã", Graça Aranha expõe, ainda, a vida do imigrante, na luta para se adaptar e se fixar em terras brasileiras. Denuncia as extorsões praticadas pelos poderosos, os preconceitos e o racismo. Por essas características e por seu valor documental, o romance se destaca como o marco inicial do Pré-Modernismo, fase da literatura brasileira cuja principal proposta é a "redescoberta do Brasil" por meio da denúncia da realidade brasileira.

Antes de ter lançado Canaã, Aranha entrou para a recém-fundada Academia Brasileira de Letras, em 1897, convidado por Machado de Assis, Joaquim Nabuco e Lúcio de Mendonça, como um de seus 40 fundadores. A ABL só entraria em funcionamento, no entanto, no ano seguinte.

Em 1900, entrou para o Itamarati e seguiu carreira diplomática por 20 anos. Nesse período, fora do Brasil, em missões diplomáticas por diversos países, acompanharia os rumos da arte moderna. Depois de se aposentar como diplomata, regressou ao Brasil, em 1921.

Culturalmente, 1921 significou, para o Brasil, a gestação da Semana de Arte Moderna, que aconteceria no ano seguinte. Um dos eventos marcantes é a exposição "Fantoches da Meia-Noite", que reuniu desenhos do pintor carioca Di Cavalcanti na editora O Leitor, em São Paulo. Durante a exposição, Di Cavalcanti comentou com Graça Aranha (única adesão da geração anterior ao futuro grupo modernista) que seria interessante realizar uma mostra com trabalhos dos artistas da época. A idéia era fazer uma semana de "escândalos literários e artísticos". A sugestão de Di Cavalcanti atraiu Aranha, que apresentou o artista plástico a Paulo Prado, membro da aristocracia cafeeira paulista. Prado foi um dos promotores da Semana de 22, que revelou a existência de um pensamento artístico ao mesmo tempo sintonizado com as vanguardas européias e preocupado em encontrar uma identidade para a arte produzida no país. Graça Aranha ficou encarregado de inaugurar a Semana de Arte Moderna com a conferência "A Emoção Estética na Arte Moderna".

Iniciou-se, então, uma fase agitada nos círculos literários do país.

Por causa desse infatigável trabalho cultural, Graça Aranha é considerado um dos chefes do movimento renovador de nossa literatura, fato que vai acentuar-se com a conferência "O Espírito Moderno", lida na Academia Brasileira de Letras, em 19 de junho de 1924, na qual o orador declarou: "A fundação da Academia foi um equívoco e foi um erro". Estava rompida a ligação do escritor com a ABL.

Graça Aranha escreveu também a peça de teatro "Malazarte" (1911), o romance "A Viagem Maravilhosa" (1929) e ensaios, entre os quais "A Estética da Vida "(1920), "Correspondência de Machado de Assis e Joaquim Nabuco" (1923), "Futurismo. Manifesto de Marinetti e Seus Companheiros" (1926).

Morreu no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1931, deixando incompleta a autobiografia "O Meu Próprio Romance".