SENNA É TRICAMPEÃO; PILOTO FAZ DESABAFO APÓS
O TÍTULO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1991
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O piloto Ayrton Senna, após conquistar o seu terceiro campeonato
mundial de Fórmula 1 ontem de madrugada, em Suzuka (Japão),
deu entrevistas desabafando e explicando as polêmicas decisões
das temporadas de 89 e 90. "Em 89 eu fui roubado pelo sistema
e isto eu jamais esquecerei", declarou. Em 89, Senna ganhou
o GP de Suzuka mas foi desclassificado e perdeu o campeonato para
Alain Prost. Aquela "foi uma temporada ruim, um ano de merda
para mim", disse.
Sobre a decisão de 90, ele admitiu que forçou a batida
com Prost: "Ele largou na minha frente e me passou e na primeira
curva, quando ele estava fazendo a curva, eu bati nele". Os
dois saíram da prova e Senna conseguiu o seu bicampeonato.
O piloto brasileiro disse que "doeu bastante" ter que
deixar seu companheiro de McLaren, Gehard Berger, passá-lo
no final da corrida deste domingo. Senna disse que chegou a pensar
em fingir que não ouvia a mensagem da sua equipe pedindo
que invertesse a sua posição com Berger. "Que
forma melhor existe do que ganhar a corrida e o campeonato?",
perguntou.
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Senna
ainda busca 3 marcas de Prost
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Brasileiro está atrás de seu rival francês em vitórias, voltas mais
rápidas e total de pontos
Da Reportagem Local
A vida
de Ayrton Senna, enquanto ele for piloto de Fórmula 1, será
uma eterna batalha para derrubar recordes. As estatísticas
da categoria são comandadas por quatro marcas "clássicas":
número de vitórias, de pole-positions, de voltas mais
rápidas e pontos acumulados - além, é claro,
de títulos conquistados.
Na segunda delas Senna é imbatível. Com 59 poles até
hoje, quem chega mais perto, entre os pilotos ainda em atividade,
é Nélson Piquet, com 24. Está para nascer um
desafiante à altura.
Ontem, no Japão, Ayrton ultrapassou Piquet nos pontos conquistados
e agora é o segundo da história nesse item. Ainda
está 213,5 pontos atrás de seu maior rival, o francês
Alain Prost.
O baixinho, com quem Senna teve um relacionamento quase selvagem
por dois anos na McLaren, detém o primeiro lugar nos dois
quesitos restantes: tem mais voltas rápidas (35 a 17) e vitórias
(44 a 32).
Entre os pilotos brasileiros na F-1, com o terceiro título
mundial conseguido em Suzuka, Senna é o melhor de todos -
pelo menos nos números. Fez mais pontos, pódios, poles,
vitórias e só perde para Piquet nas melhores voltas
(23 a 17).
Se Ayrton perde em número de vitórias, ganha no tempo
em que liderou corridas pelo mundo afora. Foram 2.557 voltas, uma
média de 20,45 por corrida disputada. Ele já andou
na frente, em seus 125 GPs, uma distância de 11.786 km - o
equivalente a 15 viagens de ida e volta entre São Paulo e
Rio.
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Piloto
foi 'descoberto' em Mônaco
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Debaixo de muita chuva em Monte Carlo, o mundo percebeu que
surgia um novo fenômeno
Da
Reportagem Local
O planeta percebeu que existia um tal de Ayrton Senna correndo na
Fórmula 1 no dia 3 de junho de 84. Era a sexta etapa do Mundial,
uma tarde tempestuosa em Mônaco. Ali, Ayrton conseguiu o primeiro
pódio de sua vida e a fama de melhor piloto do mundo debaixo
d'água.
Senna só não ganhou a corrida com um modesto Toleman-Hart
porque o diretor da prova, Jacky Ickx, resolveu acabar com a festa
na 31ª das 77 voltas previstas para o GP. O brasileiro perseguia
o líder Alain Prost, da McLaren, feito um maluco e acabaria
ultrapassando o francês.
Como a prova terminou antes de ter dois terços de suas voltas
completadas, os seis primeiros tiveram seus pontos reduzidos pela
metade. Sem saber, Senna deu sua primeira espetada involuntária
em Prost, que chegou ao final da temporada com 71,5 pontos, 0,5
atrás do campeão Niki Lauda.
Se o GP de Mônaco fosse até o fim e Prost chegasse
em segundo, terminaria o ano um ponto à frente do austríaco
e ganharia seu primeiro título.
Depois de proclamado "rei da chuva", Senna espantou o
mundo com sua incrível capacidade de colecionar pole-positions.
Foram sete em 85, oito em 86, uma em 87, 13 em 88, 13 em 89, 10
em 90 e mais sete neste ano.
Senna faz, em média, uma pole a cada 2,11 GPs. Em 125 corridas,
ele saiu na frente em 47,2% das vezes. Na McLaren, essa taxa sobe
para 68,2% 43 poles em 63 provas.
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