SANTOS FC GANHA COMO AUTENTICO CAMPEÃO
Santos Bicampeão
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Publicado
na Folha de S.Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1968
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Santos, 3 Palmeiras ,1
Campeonato Paulista de Futebol
12ª rodada - 2º turno
Renda: NCr$ 68.129,00 - no Parque Antartica
Juiz: Roberto Goicochéa (bom)
Gols: 2º tempo - China a 1m; Edu aos 9m; Pelé aos 14m
e Toninho, aos 21m.
SANTOS: Claudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo
e Lima; Toninho, Douglas. Pelé e Edu. TECNICO: Antoninho.
PALMEIRAS: Maidana; Djalma Santos, Baldochi, Minuca e Jorge; Zequinha
e Julio Amaral; Suingue, China, Cabralzinho (Morais, aos 17m do 2.o
tempo) e Gildo. TECNICO; Alfredo Gonzales.
Preliminar:
Campeonato de Juvenis - Palmeiras, 1 vs. Juventus, 0.
O Santos
sagrou-se bicampeão paulista bem antes de concluir seus compromissos
no certame (faltam-lhe ainda 3 jogos), ao vencer ontem à
tarde o Palmeiras, no Estadio Palestra Itália.
Portou-se como autentico campeão. O 1º tempo terminou
sem abertura de contagem e praticamente no lance inicial da 2ª
etapa, pois decorrera apenas um minuto, China marcou o gol do Palmeiras.
O Santos partiu, então, para a vitoria, de forma impressionante.
Primeiro anulou completamente o adversario e depois, foi marcando
seus tentos. Aos 9 m, Edu, empatou; aos 14 m, Pelé fez 2
a 1 e aos 21 m, Toninho encerrou o placar.
Apesar de já estar com a vitoria garantia - o Palmeiras estava
"encurralado" em seu campo - o Santos não diminuiu
o ritmo de jogo, embora não procurasse se empenhar a fundo
para marcar novos gols.
Na segunda fase, o Palmeiras, alem do tento que marcou, realizou
no maximo 5 ataques, dos quais apenas em dois houve real perigo
para o Santos. Num destes, Claudio praticou excelente defesa.
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15
minutos |
A vitoria do Santos foi de inteira justiça. A rigor, o Palmeiras
representou algum perigo e justificou apreensão, nos primeiros
15 minutos do jogo, mas a equipe do Santos soube responder. Precaveu-se
e iniciou o trabalho de destruição do meio de campo
do adversario. Bloqueio perfeito e de grande segurança, que
logo começou a apresentar seus efeitos vendo-se que empregava
a tatica de o seu ataque dar imediato combate à defesa do Palmeiras.
Com isso foi dificil ao alviverde sair jogando e muito mais manter
o lance à area santista. Para piorar ainda mais as coisas,
o Palmeiras teve que recuar para armar o jogo ofensivo e, assim, sobrou
apenas um ponta de lança na frente, foi impotente para lutar
com a poderosa zaga do Santos.
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Sem
saida |
Já nos ultimos 30 minutos da 1ª fase o Palmeiras pareceu
sem saida e começaram a aparecer outros defeitos do time, alem
de deficiencias individuais. O meio de campo foi obrigado a recuar;
os avantes, longe de ganharem posição e situações
realmente ofensivas,. Recorreram a lances individuais, pois era dificil
trocar bolas. Enquanto isso o Santos organizou seus ataques partindo
do meio do campo, usando uma tatica simples, mas muito eficiente,
pelos destaques individuais: Pelé preparava lançamentos
e Lima se metia pelo centro. Enquanto isso. Douglas manobrava, deslocando-se
para a esquerda, ora para a direita. E os tres faziam essas manobras
com perfeição.
O Santos dominou, mas não na área, o que facilitaria,
a tarefa do adversario, mas sim no meio do campo, onde Toninho chegava
sempre desmarcado e em posição ideal para receber a
bola de Clodoaldo ou Lima, que quando a entregavam se transformavam
em atacantes.
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Os
tentos |
Dada a saida do 2º tempo, o Palmeiras atacou pela direita e Toninho,
que fazia cobertura, falhou deixando Gildo passar. Carlos Alberto
ganhou a area e China, servido pelo ponteiro, recebeu a bola na meia
esquerda, fora da área. Barrado, seguiu em perpendicular, vigiado
um pouco de longe por Carlos Alberto e Ramos Delgado. Inesperadamente,
atirou alto, no canto direito e marcou.
Aos 9 minutos, houve falta de Minuca em Douglas, a umas cinco jardas
da entrada da area, posição de centro-avante. Edu atirou
forte e Maidana espalmou, pretendendo manda-la a escanteio, mas a
bola subiu muito, descreveu uma parabola e entrou no arco.
Aos 14 minutos Pelé assinalou um tento espetacular, impressionante
desde a arrancada. Mas, mais impressionantes foram a decisão
de Pelé e o fato de ter chutado com o pé esquerdo, para
evitar a colocação de Maidana. Edu, no meio de campo,
tirou a bola de Djalma Santos e a entregou a Pelé, um pouco
na frente, posição de meia-esquerda. Pelé arrancou,
passou por três adversários, invadiu a area e atirou
no canto oposto.
Aos 21 minutos num ataque cerrado do Santos, Pelé arrematou
com violencia da entrada da area. A bola bateu no braço de
Toninho e subiu. O mesmo Toninho foi no lance, apanhou a bola e, na
saída de Maidana, atirou.
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Destaques |
A defesa do Santos não teve muito trabalho, mas demonstrou
recursos: Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo sempre precisos
em todos os lances. Lima e Clodoaldo muito bons na dificil tarefa
de meio de campo e como contribuição ainda se infiltravam
muito vem para pressionar a defesa contraria, Toninho, em todas as
posições e prendendo a bola, o que mais uma vez fez
com grande habilidade. Douglas e Pelé se entenderam muito bem
e Edu estava excelente.
Maidana nada poderia fazer nos gols que sofreu. Foi o melhor da defesa.
Djalma Santos sentiu muita dificuldade para conter Edu. Baldochi e
Minuca completamente superados pelo ataque santista, comprometendo-se
em alguns lances por querer fazer jogadas de categoria. Jorge, apenas
regular, o meio de campo com Zequinha e Julio Amaral cedeu ao poderio
do adversario. O primeiro auxiliou a defesa e o segundo ainda ensaiou
alguns ataques e prestou certa assistencia aos avantes. Quanto ao
ataque ninguém se destacou e Suingue apareceu mais pelo jogo
individual.
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