TEMOS MAIS UM CAMPEÃO DO MUNDO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 1972
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Começa
o reinado de Emerson - Emerson Fittipaldi, ao chegar, isolado na
dianteira do GP da Italia, ontem, em Monza: "Tive muita sorte,
pois corri pelo quarto lugar".
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Emerson Fittipaldi, brasileiro, 25 anos, subiu, ontem, no Autodromo
de Monza, Italia, ao podium dos campeões, com o corpo enrolado
numa bandeira do Brasil, para receber o trofeu de ganhador do Grande
Premio de Monza (percorreu as 55 voltas do circuito em 1 hora, 29
minutos, 58 segundos e 4 decimos, com a média horaria de 211,812
quilometros) e a consagração de campeão mundial
de pilotos de formula 1 por antecipação. O mais jovem
campeão de toda a historia do automobilismo internacional.
Nos dez grandes premios corridos até agora (faltam o dos Estados
Unidos e do Canadá), Emerson somou 61 pontos. Em segundo lugar
na classificação do campeonato está o neozelandes
Denny Hulme com 31, e mesmo que ele consiga vencer as duas provas
restantes chegará a 49. Em terceiro, Jackie Stewart, o Escocês
Voador, campeão do ano passado, com 27 pontos. Ontem foi um
dia de muita sorte para Emerson. Seus dois adversários mais
perigosos (Stewart e o belga Jacky Ickx) quebraram, e ele pôde
terminar a prova tranquilamente, conseguindo bem mais do que os 4
pontos que precisava para ser campeão.
As explicações de Emerson, depois da corrida:
"A sorte, hoje, foi minha aliada. Na verdade, eu corri - e teria
me conformado com isso - para obter um quarto lugar e garantir o titulo,
com os três pontos que conseguiria com essa classificação.
A vitória não estava nos meus planos".
Agora, Emerson já está pensando em organizar melhor
a sua vida, para evitar a correria dos muitos negócios que
cercam um campeão mundial do automobilismo e não se
desgastar com a responsabilidade do titulo.
"Não vou ficar correndo de um lado para o outro, como
o Stewart, por exemplo. Uma pessoa pode evitar as pressões
e se organizar com metodo, e esse será meu principal objetivo
daqui para a frente. Hoje foi o dia mais feliz da minha vida, apesar
de reconhecer que daqui para a frente terei muito mais responsabilidade.
Agora, todos querem ver o Emerson, campeão; e não o
corredor. E o minimo erro será criticado duramente".
Já sua esposa, Maria Helena, acha que ele deve descansar ao
maximo e evitar participar de qualquer corrida como vinha fazendo
até agora. "Imagine que ele chegou a correr durante oito
fins de semana consecutivos".
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A
festa: uma feijoada com a familia |
MILÃO - Sete horas depois de terminado o Grande Prêmio
da Itália, no autódromo de Monza, é que o novo
campeão mundial de automobilismo Emerson Fittipaldi, foi à
sede do Instituto Brasileiro do Café, em Milão, situado
à avenida Corso, onde lhe foi oferecido um coquetel, para dar
uma entrevista coletiva à imprensa. Inicialmente ele revelou
que gosta também de futebol e que é em São Paulo
torcedor do Corintians e no Rio, do Fluminense. Depois transmitiu
a seguinte mensagem:
"Com muita alegria desejo abraçar todos os brasileiros
que tanto me estimularam. Quero agradecer uma vez mais à torcida
em especial ao Presidente Médici pelo seu apoio e incentivo
em todas as provas quando, ganhando ou não, ele me manda telegramas
de felicitações, acreditando na vitória final".
"Corri com o fim de chegar e quando vi que Jack Ickx parou, vislumbrei
que poderia ganhar a prova e comecei a correr como uma moça,
já que estava alguns segundos à frente. A minha maior
emoção depois da corrida foi quando recebi a bandeirada
que marcava a minha posição de campeão mundial
e também de vencedor do Grande Prêmio da Itália.
Daqui a duas semanas eu estarei correndo novamente, disputando o Grande
Prêmio do Canadá, porém agora muito mais tranquilo
por já ter garantido o título de campeão mundial."
Emerson, sua esposa Maria Helena, e seus pais, viajaram logo depois
do "cocktail" no Instituto Brasileiro do Café para
a cidade suiça de Lausane, onde reside o campeão. Ele
afirmou que vai comemorar em família comendo uma feijoada,
da qual participará também seu irmão, Wilson
Fittipaldi Junior, esposa, e o senhor Evânio Galvão,
presidente da Federação Paulista de Automobilismo, Emerson
seguirá terça-feira para o Canadá, a fim de disputar
o penúltimo grande prêmio da temporada. Somente em fins
de novembro é que Emerson chegará a São Paulo
onde permanecerá até janeiro seguindo, depois, para
Buenos Aires, a fim de participar da prova inaugural do Campeonato
Mundial de 73.
Emerson tem contrato com a Lotus até o fim do ano que vem.
Porém, em declarações ao jornalista Geraldo Sanela,
que trouxe para a Itália vários futebolistas brasileiros,
tais como Jair da Costa, Chinesinho, Amarildo e outros, disse que
o seu sonho como profissional do automobilismo é de um dia
correr com o carro vermelho da Ferrari. Emerson considera, pelo lado
esportivo do automobilismo, a Ferrari o maior sonho de qualquer automobilista.
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A
Lotus 72, um carro feito para "penetrar no ar" |
MONZA, Italia (AP) - A Lotus especial modelo 72, com a qual Emerson
Fittipaldi participa da atual temporada do Campeonato Mundial de F-1,
é um carro com caracteristicas unicas.
O presidente da Lotus, Colin Chapman, deu-lhe uma forma de cunha para
correr em Indianopolis e a desenvolveu baseando-se no modelo de 1949,
sendo o unico desenhista que acreditou nesse tipo de carenagem, especialmente
feita para "penetrar no ar".
A Lotus tem um motor Ford de três litros, desenvolvido pela
Cosworth na Grã-Bretanha, e que foi colocado pela primeira
vez numa Lotus em 1967.
Agora, sete das onze equipes de F-1 utilizam motores Cosworth-Ford,
os mesmos que consquistaram os campeonatos para Graham Hill, Jackie
Stewart e Jochen Rindt.
Este carro tem uma caixa de cambio britanica, Hewland, a mesma utilizada
por nove equipes, e que desenvolve 465 HP e 10,800 rpm.
A Lotus 72 apareceu pela primeira vez no Grande Premio da Espanha
de 1970, e Jochen Rindit levou-a à vitoria nos Grandes Premios
da Holanda, França, Grã-Bretanha e Alemanha. E Emerson
ganhou a prova nos Estados Unidos depois da morte de Rindit. |
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