FOI ASSASSINADO, EM RECIFE, O SR. JOÃO PESSOA


Publicado na Folha da Manhã, domingo, 27 de julho de 1930

Neste texto foi mantida a grafia original

O criminoso confessou que matou o presidente da Parahyba por uma questão de honra pessoal — O assassino —sr. João Duarte Dantas— alvejado pelo chauffeur da victima, recebeu alguns ferimentos

As Primeiras Noticias

RIO, 26 — Urgentissimo — Á noite começou a correr nesta capital, que havia sido assassinado na cidade do Recife, aonde chegára de manhã, o presidente João Pessoa. O assassinato teria ocorrido na Confeitaria Gloria depois de um incidente entre o presidente da Parahyba e o seu matador. Parece que este é um senhor de sobrenome Dantas. O assassino fugiu. Até este instante nenhuma noticia recebemos do nosso correspondente em Recife.

Confirmação dos Primeiros Boatos

RECIFE, 26 — João Dantas, acaba de assassinar o presidente João Pessoa, em plena rua Nova de Recife.

Como se Deu o Crime

RECIFE, 26 — O sr. Duarte Dantas, ao approximar-se do sr. João Pessoa, disse-lhe: - Eu sou o João Dantas. E detonou sua arma, cinco vezes em seguida, contra o presidente da Parahyba. O "chauffeur", que esperava na calçada fronteira, ao ouvir as detonações, correu para junto do sr. João Pessoa. Defrontando-se com o sr. Duarte Dantas, disse-lhe olhando para o presidente parahybano, que cahia:
— Um brasileiro como esse, não morre sosinho! E desferiu varios tiros contra o sr. João Duarte Dantas, que cahiu ferido na cabeça, dizendo: — Morro satisfeito.
Verificou-se, depois, que o assassino do sr. João Pessoa foi victima, muito mais, do choque traumatico do que do ferimento na cabeça.

O "Chauffeur" do sr. João Pessoa Feriu o Criminoso

RECIFE, 26 — Urgente — O presidente João Pessoa foi assassinado ás 17,30 horas, quando se encontrava na confeitaria "Gloria", nesta capital. O povo, acclamava o presidente da Parahyba, quando, inopinadamente, penetrou no salão o sr. Duarte Dantas que alvejou o sr. João Pessoa, prostrando-o morto. O "chauffeur" do presidente da Parahyba, acorrendo em sua defesa, assassinou o sr. Duarte Dantas.

Houve Discussão Antes do Crime

RECIFE, 26 — Urgentissimo — O sr. João Pessoa, presidente da Parahyba que chegara hoje pela manhã a esta capital foi assassindo, em pela rua Nova, na Confeitaria Gloria, pelo sr. João Duarte Dantas, seu desafecto e chefe politico de Teixeira. O crime deu-se depois de uma troca violenta de palavras entre o presidente Pessoa e Duarte Dantas. O criminoso fugiu, tendo sobre elle atirado o "chauffeur" do presidente da Parahyba. A população mostra-se profundamente consternada com o occorrido, tendo-se verificado, nas ruas da cidade, alguns conflictos entre populares. Parece que o assassino do sr. João Pessoa se acha ferido.

A Serenidade do Chauffeur

RECIFE, 26 — O "chauffeur" do presidente João Pessoa, chama-se Antonio Pontes de Oliveira. Apparenta trinta annos. Sua attitude despertou enthusiasmo sobretudo pela serenidade com que agiu, atirando contra o sr. Duarte Dantas, calmamente, sem se apressar, visando-o na cabeça.

O Povo Quiz Lynchar o Criminoso

RECIFE, 26 — Logo depois do assassinato do presidente Pessoa, estabeleceu-se na rua Nova, onde fica situada a Confeitaria e Sorveteria Gloria, enorme confusão que a policia difficilmente conseguiu dominar. O povo, exaltado, pretendeu lynchar o criminoso apesar de o mesmo já se achar ferido na cabeça. O sr. Estacio de Coimbra communicou-se, immediatamente, com o sr. presidente da Republica, a quem deu sciencia da tristissima occorrencia, e com o presidente interino da Parahyba, ao qual transmittiu os sentimentos do governo pernambucano pondo-se á sua disposição para todas as providencias que se fizerem necessarias quanto ao destino a dar ao corpo do illustre morto.

O Primeiro Socorro

RECIFE, 26 — A primeira pessoa que se aproximou em soccorro do presidente da Parahyba, foi o sr. Francisco Gonçalves, natural de São Paulo. Foi ainda quem conduziu o corpo do ferido para a pharmacia "Pinho", cujo proprietario, não obstante suas idéas sympathicas á causa liberal, receioso, recusou medicar o sr. João Pessoa, que agonisava. Assim, o corpo foi transportado para a Drogaria "Brasil".

Porque o sr. João Pessoa Estava em Recife

RECIFE, 26 — Urgente — O assassinato do sr. Presidente João Pessoa occorreu pouco depois das 17,30 horas da tarde. O dr. João Pessoa encontrava-se na confeitaria Gloria na rua Nova, sentado tomando café, quando deu entrada naquelle estabelecimento, em disparada, o sr. João Duarte Dantas, chefe politico de Teixeira e cunhado do deputado federal João Suassuna. Não houve entre os dois, a mais leve troca de palavras, conforme a principio se suppoz. Duarte Dantas, sacando de seu revolver, desfechou sobre o sr. João Pessoa 3 tiros. Esse teve morte immediata. O chaffeur do presidente da Parahyba, accudindo, e verificando o que se passava, alvejou o assassino, ferindo-o na cabeça com um tiro. Duarte Dantas cahiu no chão da confeitaria. O povo imediatamente invadiu aquelle estabelecimento, acclamando o nome do sr. João Pessoa, ao mesmos tempo compareceu a policia, que tomou medidas urgentes para evitar qualquer occorrencia desagradavel. O dr. João Pessoa havia chegado a esta capital de manhã, afim de visitar o juiz federal, dr. Cunha Mello, seu amigo.

RECIFE, 26 — O presidente João Pessoa havia chegado hoje a esta capital, procedente da Parahyba, tendo feito a viagem em automovel. A viagem tinha como unico fim visitar seu amigo, o sr. Cunha Mello juiz federal em Pernambuco, que está convalescendo de uma operação melindrosa.

A Agitação dos Animos em Recife

RECIFE, 26 — A noticia da morte do presidente da Parahyba se espalhou pela cidade com uma rapidez extraordinaria. Momentos depois, uma enorme massa de povo acorria de todos os pontos da capital, impedindo o transito, apesar dos esforços feitos pela policia, para manter a circulação livre, nas imediações do logar onde se deu a scena de sangue. A emoção foi extraordinaria. Telegraphamos ás 21 horas. A agitação dos animos é extensa.

Foi Preso o Chauffeur do sr. João Pessoa

RECIFE, 26 — Ás 17 horas e 20 minutos, quando se achava no Café Gloria, á rua Nova, nesta capital, o presidente da Parahyba, dr. João Pessoa, foi alvejado a tiros de revolver pelo bacharel João Duarte Dantas, tendo morte immediata. O motorista do presidente João Pessoa, neste momento, achando-se na calçada fronteira, entrou no Café Gloria, e atirou á testa do dr. Duarte Dantas, que cahiu ferido. O motorista foi logo preso.

O Assassino Está Apenas Ferido

RECIFE, 26 — O sr. Duarte Dantas, assassino do presidente João Pessoa, quando abandonava a Confeitaria "Gloria", foi enfrentado pelo chauffeur do presidente da Parahyba, que o alvejou varias vezes, ferindo-o na cabeça. O sr. Duarte Dantas tentou defender-se, mas havia gasto todas as balas de seu revolver. Cahindo ao solo, o sr. Duarte Dantas foi tido por morto, o que motivou nosso primeiro despacho dando a noticia de sua morte. O chauffeur do sr. João Pessoa foi preso em flagrante.

O Presidente da Parahyba Expirou ás 17 Horas e 35

RECIFE, 26 — Urgente — O presidente João Pessoa foi assassinado precisamente ás 17,25 horas de hoje. O presidente da Parahyba acabava de penetrar na Confeitaria "Gloria", em companhia de amigos e fazia o gesto de sentar-se, quando entrou inopinadamente, pelo salão, o sr. Duarte Dantas que, sem pronunciar palavra, descarregou sobre o sr. João Pessoa toda a carga de seu revolver. O presidente parahybano foi attingido por duas balas no pulmão direito, uma no estomago e outra no punho direito, esta recebida no momento em que tentava fazer uso de seu revolver. Ás 17,35 horas, o sr. João Pessoa expirava.

O sr. João Pessoa Teria Tentado Reagir

RECIFE, 26 — Já correm diversas versões sobre a attitude do sr. João Pessoa, quando se viu aggredido. Ha quem affirme que o presidente parahybano, ao ser alvejado, levantou-se, levando a mão ao revolver. Outros dizem que o sr. João Pessoa chegou a saccar a sua arma. Parece que esta versão é plausivel, pois, o ferimento do pulso indicaria que a arma estava na posição de atirador que se presta para fazer fogo.
Dados Sobre a Vida do Criminoso João Dantas

RECIFE, 26 — O sr. João Duarte Dantas, que acaba de assassinar o presidente João Pessoa, fugira da Parahyba a cerca de 2 mezes e viera fixar residencia nesta cidade. Chefe politico no municipio de Teixeira, cunhado do deputado João Suassuna, o dr. João Duarte Dantas e sua familia, de grande prestigio em todo o interior do Estado, estavam em lucta com o presidente João Pessoa. Seu irmão, Joaquim Dantas, foi preso e recolhido na cadeia de Piancó, onde, durante 38 dias, soffreu castigos e humilhações, obtendo a liberdade por habeas-corpus do Tribunal da Parahyba. Diversas senhoras da familia Dantas, quando, em fins de fevereiro, a policia assaltou a cidade de Teixeira, foram presas e estiveram na cadeia publica, como criminosas communs. Ainda ha poucos dias, o orgão official do governo da Parahyba começou a publicar documentos particulares, subtrahidos da residencia do dr. João Duarte Dantas, e o dr. Dantas, em represalia, iniciou nas columnas do "Jornal do Commercio", daqui, uma série de artigos contra o presidente João Pessoa.

Estava Repleta, Quando se Deu o Crime, a Confeitaria Gloria

RECIFE, 26 — Sabbado é dia de grande movimento em Recife. Quando o presidente João Pessoa penetrou na confeitaria "Gloria", a sala regorgitava de familias. Não havia um logar vago. A mesa lhe foi cedida por amigos, que se levantaram, á sua entrada. Assim, os tiros causaram extraordinaria emoção. Entretanto, não houve panico na sala, como era de esperar. Os tiros disparados pelo "chauffeur" attingiram varias lampadas de illuminação.

A Arma do Chauffeur é a de Pequeno Calibre

RECIFE, 26 — A arma do "chauffeur" Antonio Pontes, era uma pistola S. N., de pequeno calibre, ao que se attribue, a inefficiencia do ferimento recebido pelo sr. Duarte Dantas.

O Corpo do sr. João Pessoa Seguirá Para a Parahyba

RECIFE, 26 — Depois de convenientemente autopsiado, o corpo do presidente João Pessoa, ao que consta, seguirá amanhã cedo para a Parahyba. - O dr. João Duarte Dantas, o autor da morte do presidente Parahybano, está passando bem, sendo leves os ferimentos que recebeu. No momento em que telegraphamos, 23 horas, reina a mais completa calma aqui. O governador do Estado, sr. Estacio Coimbra, que se encontra em Barreiros, conferencia com o Chefe de Policia, pelo telegrapho sobre a situação.

O sr. Duarte Dantas Assassinou por uma Questão de Honra Pessoal

RECIFE, 26 — Está sendo ouvido, na chefatura de policia, o dr. João Duarte Dantas. Confessa que matou o presidente João Pessoa por uma questão de honra pessoal. Declarou que ha dias, mais ou menos, o presidente mandou depredar sua residencia, em Teixeira, além de estar movendo campanha de diffamação á sua honra pessoal. Accrescentou que não estava arrependido, pelo contrario, está tranquillo e aguardando a acção da justiça. O ajudante do chauffeur, depondo disse que acompanhava o presidente e, ao ver este baleado, atirou contra o aggressor. Está, por isso, á disposição da policia, que poderá fazer delle o que quizer.

Dados Biographicos do Presidente João Pessoa

RIO, 26 — O dr. João Pessoa, nasceu a 24 de Janeiro de 1878, na cidade de Umbuzeiro, Estado da Parahyba. Contava, pois, 52 annos de edade. Formou-se em direito pela Faculdade do Recife, em 1903, sendo, em seguida, nomeado amanuense daquella faculdade, cargo em que se manteve até 1909, quando o deixou para embarcar com destino ao Rio. Em 1910 foi nomeado auditor auxiliar da Marinha, depois auditor e logo em seguida auditor geral. Em1921 era nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar, cargo que exercera, interinamente, varias vezes. Em 1928, a 20 de Outubro, assumia elle a presidencia da Parahyba, para a qual havia sido eleito, sob os auspicios geraes, pouco antes. Era o dr. João Pessoa filho de Candido Clementino de Albuquerque e de d. Maria Pessoa de Albuquerque, e deixa viuva d. Maria Luiza de Carvalho Albuquerque Pessoa, filha do desembargador Sigismundo Gonçalves, e 4 filhos menores, Epitacio, Mariza, Jorio e Iza. Deixa ainda 8 irmãos: Candido Pessoa, deputado federal, Joaquim deputado estadoal na Parahyba, Oswaldo, negociante na Parahyba, Perscilia, Henriqueta e Nenêm, todas tres casadas.

A Chegada do sr. João Pessoa a Recife foi Amplamente Divulgada

RECIFE, 26 — Os vespertinos de hoje circulam noticiando a presença do sr. João Pessoa na cidade, fazendo referencias elogiosas a sua actuação, inclusive o "Jornal Pequeno", o que foi bastante notavel. A chegada do presidente parahybano era conhecida, á tarde, de toda a cidade, havendo, como sempre, certa curiosidade pela figura do sr. João Pessoa, saudado com sympathia quando era reconhecido na rua.

O Presidente Parahybano Tencionava, Parece, Demorar-se em Recife

RECIFE, 26 — Em rodas jornalisticas commentava-se hoje o facto de ter o sr. João Pessoa passado o governo da Parahyba ao seu substituto, o sr. Alvaro de Carvalho. Geralmente o presidente da Parahyba não tomava essa precaução quando vinha a esta capital, por poucos dias. Essa circumstancia, segundo alguns, teria grande significação, pois indicaria a intenção de uma permanencia mais longa fóra da Parahyba.

O Deputado Candido Pessoa ao Conhecer a Noticia, Teve uma Syncope

RIO, 26 — O deputado Candido Pessoa, ao começarem a circular as primeiras noticias do assassinato do sr. João Pessoa em Recife, dirigiu-se para a redacção de um matutino, onde lhe foi confirmada a noticia. O deputado carioca foi preso de uma violenta crise nervosa a qual se seguiu uma syncope.

Não São Graves os Ferimentos de Duarte Dantas

RECIFE, 26 — Acabamos de ouvir o medico que fez os curativos no sr. Duarte Dantas. O ferimento do assassino do sr. João Pessoa não tem gravidade.

A Rua Nova Está Intransitavel


RECIFE, 26 — A Rua Nova continua intransitavel ás 23 horas. Em geral da-se ao assassinato do sr. João Pessoa a significação de um caso absolutamente pessoal. Lembra-se, a proposito que é grande a agitação na familia Dantas desde o dia em que "A União" iniciou a publicação de cartas e outros documentos encontrados na residencia do sr. João Dantas, na Parahyba.

A Parahyba Fará os Funeraes do sr. João Pessoa

PARAHYBA, 26 — O presidente interino do Estado telegraphou á familia do presidente João Pessoa, exprimindo-lhe o desejo do governo do Estado, de realisar ás suas expensas o funeral do illustre extincto.

A Familia João Pessoa Prescinde das Homenagens

RIO, 26 — A familia do presidente João Pessoa, que se encontra nesta capital, declarou ao governo de Pernambuco, prescindir de qualquer manifestação por parte do governo daquelle Estado, relativamente ao seu chefe, fazendo saber, tambem de não aceitar quaesquer honras ou homenagens por parte do governo federal, inclusive as de general de divisão a que elle, como ministro do Supremo Tribunal Militar, tem direito.

O Corpo do Sr. João Pessoa Será Inhumado no Rio de Janeiro

RECIFE, 26 — O sr. Estacio de Coimbra acaba de receber um telegramma da familia do presidente João Pessoa, pedindo-lhe o embalsamento do corpo de seu chefe, afim de ser embarcado, no primeiro vapor, para o Rio de Janeiro, onde verá ser inhumado.

Estão de promptidão as tropas do Rio

RIO, 26 — O governo logo que teve noticia do assassinato do presidente João Pessoa, em Recife, ordenou que ficassem em promptidão, as tropas da guarnição desta capital, o batalhão naval e a policia militar.

Em Porto Alegre e Bello Horizonte as Forças Estão Tambem, de Promptidão

RIO, 26 — Telegrammas recebidos nesta capital, de Porto Alegre e Bello Horizonte, informam que as tropas federaes, dessas duas cidades, estão em rigorosa promptidão.

A Noticia em Recife

BELEM, 26 —Urgente— Telegraphamos ás 19,20 horas. Os jornaes acabam de afixar a noticia do assassinato do sr. João Pessoa, em Recife. Enorme multidão estaciona em frente aos jornaes.

Como Foi Recebida a Noticia na Parahyba

PARAHYBA, 26 — É indiscriptivel a emoção causada aqui, pela noticia do assassinato do presidente do Estado. A primeira noticia, ninguem quiz acreditar. Pouco depois, entretanto, "A União" afixava um cartaz. Então, a massa de povo que accorreu ao centro da cidade foi presa de inacreditavel agitação. As scenas mais emocionantes tiveram por theatro a via publica. Temem-se disturbios. O presidente João Pessoa havia passado o governo ao sr. Alvaro de Carvalho e seguiu de automovel para Recife, onde o esperava seu intimo amigo, o juiz federal Cunha Mello.

A Indignação na Parahyba

PARAHYBA, 26 — Não se póde descrever a indignação causada nesta capital, com a noticia do assassinato do presidente João Pessoa. Embora só muito tarde, já noite, tivesse ella sido conhecida, logo se espalhou por toda a cidade, trazendo numerosas pessoas para as ruas. As autoridades tomaram urgentes providencias, afim de evitar actos de violencia por parte dos amigos do presidente, contra os adversarios da situação. Ha grande ansiedade em conhecer os pormenores da tragedia.

O Commercio de Recife Pede Garantias á Policia

RECIFE, 26 — O commercio desta capital, receioso de um ataque da multidão exaltada, pediu garantias á policia. Á hora em que telegraphamos, numerosa força, de armas embaladas, está montando a guarda no centro da cidade. É bem viva a agitação em toda a capital.

Como foi recebida a noticia em Porto Alegre

PORTO ALEGRE, 26 — A noticia do assassinato do sr. João Pessoa, recebida aqui pouco depois das 22 horas, por intermedio da Agencia Havas, repercutiu nesta capital, causando grande indignação. Centenas de populares reuniram-se em frente do "Correio do Povo" lendo o cartaz em que estava affixada a noticia e prorompendo em gritos de vingança. Aventado por alguem a idéa, o povo dirigiu-se em massa para o Clube do Commercio, onde se realisava no momento o banquete offerecido ao sr. Oswaldo Aranha e a que haviam comparecido o presidente Getulio Vargas, secretarios de Estado e cerca de 300 convivas. Em altos brados, a multidão reclamava a presença dos srs. Aranha, Getulio Vargas e João Neves. Á hora em que telegraphamos é enorme a massa popular em frente ao Clube do Commercio.


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