FEBRE AFTOSA CAUSA PERDAS DE 1 BILHÃO E
MEIO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, sábado, 31 de maio de 1969
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Um bilhão e meio de cruzeiros novos é o quanto o País
vai perder este ano com a febre aftosa, que vem atacando os rebanhos
bovinos do Brasil Central. O Ministerio da Agricultura, inicia um
vasto programa de erradicação do mal, mas São
Paulo só poderá estar livre da aftosa dentro de 5 anos
no minimo. Os criadores identificam falhas no programa e no sistema
de distribuição dos 90 milhões de vacinas que
já produzimos por ano.
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Campanha
contra aftosa vai demorar cinco anos para cobrir todo o Estado |
O Ministerio da Agricultura, incumbido no País de dar combate
à febre aftosa mediante programa nacional de imunização
preventiva e controle, atua em consonancia com as diretrizes fixadas
pelo Centro Pan-Americano da Febre Aftosa, respeitando-se as peculiaridades
e condições gerais de cada região.
A Secretaria da Agricultura paulista tem convenio com o Ministerio
da Agricultura para esse fim, com dois objetivos principais: 1 - melhorar
o estado sanitario do rebanho bovino através do controle da
citada molestia, aumentando consequentemente sua produtividade; 2
- entrar no mercado internacional de carne, conseguindo que maior
numero de paises importe do Brasil o produto, sem o receio do virus
da aftosa.
Segundo o medico-veterinario Valter Mengato, coordenador da DIRA (Divisão
Regional Agricola) de Presidente Prudente, da Secretaria da Agricultura
paulista, "a campanha nacional, com vistas ao Estado, foi lançada
em dezembro de 1966 na região de Presidente Venceslau, como
area-piloto, que inicialmente abrangia quatro municipios, para observação
dos metodos e resultados. Atualmente, a campanha abrange 20 municipios,
desde Presidente Prudente até Presidente Epitacio. O decreto-lei
49, de 25-4-69, instituiu no Estado a fase nacional da campanha, que
torna obrigatoria vacinação dos animais susceptíveis
à doença, dentro da area abrangida, devendo a mesma
estender-se a todo o territorio paulista no prazo (progressivo) de
5 anos. Dentro de alguns dias deverá sair a regulamentação
do decreto-lei, indicando, desta maneira, como os trabalhos deverão
ser executados pelos funcionarios da campanha e como deverão
proceder os proprietarios de animais sensiveis à febre aftosa."
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Multas
para os rebeldes |
"Estão previstas multas elevadas e outras sanções
aos criadores que não atenderem às medidas impostas
pelo decreto-lei. Constam dos trabalhos da campanha: levantamento
das propriedades e do rebanho bovino, quando os funcionarios entram
pela primeira vez em contato com o criador, procurando obter o maior
numero de dados julgados necessarios aos trabalhos. Concomitantemente,
é marcada uma data de vacinação, sempre respeitando
os meses de fevereiro, junho e outubro, com exceção
das propriedades que invernam ou somente engordam os bovinos, caso
em que a epoca poderá variar; no entanto, sempre se respeita
o prazo maximo de 4 meses entre uma e outra vacinação.
"A revisão da vacinação é a visita
que os funcionarios fazem às propriedades, para constatarem
se o rebanho foi vacinado, e verificar a marca e partida da vacina
utilizada, lançando-se os dados em fichas proprias, adotadas
pelo serviço. Os outros trabalhos compreendem a verificação
de focos de doença, a observação de resultados,
a demonstração de metodos de vacinação,
a fiscalização das casas que revendem a vacina e, com
a nova regulamentação, a emissão de atestados
para transito e abate.
"Em futuro proximo nenhum rebanho, procedente de zona fora da
campanha, poderá entrar ou transitar se não tiver sido
comprovadamente vacinado contra a febre aftosa e nem serão
abatidos nos frigorificos os bovinos que não tenham o competente
atestado, sempre observando o prazo maximo de 4 meses entre as vacinações.
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O
vigilante ministerio |
"O Ministerio da Agricultura, através de seus Postos de
Vigilancia Sanitaria Animal, fiscalizará o transito de bovinos
nas barreiras e o abate nos frigorificos deverá ser controlado
através do ETIPOA - Escritorio Tecnico de Inspeção
de Produtos de Origem Animal - que é o antigo SIPAMA. Assim,
não se poderá infringir a lei, restando como unica saida
a vacinação periódica. As vacinas serão
fiscalizadas na sua produção, distribuição,
venda e aplicação.
"Os trabalhos de tipificação do virus, de material
coletado na zona da campanha, deverá ficar a cargo do Instituto
Biologico e do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa. Todos os trabalhos
serão disciplinados pela CECOFA (Comissão Estadual de
Combate à Febre Aftosa), orgão diretamente subordinado
à Secretaria da Agricultura, e estarão em harmonia com
a campanha nacional.
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Em
Prudente |
O POVIG - Posto de Vigilancia do Ministerio da Agricultura - sediado
em Presidente Prudente, atua na inspeção do gado que
transita entre Estados por rodovia, ferrovia e pelo rio Paraná.
Os animais que, por rodovia ou ferrovia, se destinam a frigorificos
que abatem para exportação, são inspecionados
nos currais, pontos de embarque ou nas proprias fazendas. É
inspetor do POVIG na região o sr. Sebastião Gallaço
Prata, que informa ser o mesmo processo utilizado na remessa de gado
para outros Estados, para corte, engorda ou criação.
É imposição do orgão, junto a empresas
transportadoras de animais, a limpeza e desinfecção
dos carros e dos locais de embarque e desembarque, bem como a interdição
e recondução ao local de origem, do rebanho em transito
que acusar surto de aftosa. Como medida sanitaria ele só fornece
o certificado de sanidade dos animais a transportar, quando vacinados
e com atestado antiaftosa. Vale a ultima vacinação,
realizada 21 dias antes do embarque. Não se locomovem os animais
com sintomas, nem viaja o plantel inteiro, ficando os portadores de
lesões podais (no casco) sujeitos à mesma interdição.
O "Ajuste de Bledisloe", entre Inglaterra e países
da America do Sul, incluindo o Brasil, exige que a carne (carcaça,
miudos ou derivados) seja resultante de bovino imunizado com vacina
inativada de inocuidade e potencia controlada pelo Serviço
Veterinario do governo. Exige ainda duas vacinações,
com intervalo de 6 meses, a ultima das quais no maximo 4 meses e no
minimo 15 dias antes do abate.
A Defesa Sanitaria animal (através dos POVIGs) forma, na campanha,
um tripé com o esquema de combate propriamente dito e com a
inspeção nos abatedouros feita pelo ETIPOA.
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