O CANTO DAS AVES AGOUREIRAS...
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Publicado
na Folha da Manhã, sábado, 26 de outubro de 1929
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Neste texto foi mantida a grafia original
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A campanha derrotista dos plumitivos que do sr. Antonio Carlos recebem
a palavra de ordem, prosegue intensa contra S. Paulo e contra o café.
Para essa gente desautorizada, que timbra em apontar males e em não
indicar remedios, prova de que os males por elles enxergados não
existem, a situação do nosso principal producto é
precarissima, encontrando-se a lavoura paulista às portas da
ruina. Contra o pessimismo dos caudatarios do desastrado presidente
de Minas, ahi estão a tranquilidade e a confiança da
nobre classe dos lavradores, tranquilidade e confiança porque
está a nobre classe farta de saber que o governo de S. Paulo
não permanece inactivo e que todas as providencias ao seu alcance
foram dadas a tempo e à hora, no sentido de evitar que se realisassem
os agoureiros vaticinios dos tecedores de intrigas e creadores de
phantasmas. A situação permanece, e permanecerá,
por mais que a imprensa ao serviço de Minas affirme ocontrario,
firme e solida. E se, por um instante, as balledas propaladas, com
intuitos eleitoraes, lograram estabelecer o panico entre os mais fracos,
esse panico cessou ao ser constatado que numa difficuldade de momento
as aves de máo canto procuravam tirar proveito para reanimar
os ingenuos que se deixaram levar pela estertorante "Alliança".
Mas, se o nosso café continua, e continuará, a ser efficientemente
amparado e defendido, pois no ouro verde repousa a grandeza do Brasil,
não se deve deixar de reconhecer que todos os mercados mundiaes
gritam as suas aperturas, confessam as suas crises gravissimas, crise
que nem por pilheria podem ser comparadas a todas as que temos atravessado
nestes ultimos annos. Ainda agora, os minuciosos despachos divulgados
pelas agencias telegraphicas acabam de relatar o maior desastre financeiro
registrado na Bolsa de Nova York, no dia 23 do corrente. Num só
dia, num tumultuar frenetico, foram vendidos, por preços sem
precedentes, quatorze milhões de titulos. Em virtude da situação,
em consequencia da quéda das cotações, verificou-se
o prejuizo liquido e certo de CINCO BILHÕES DE DOLLARES. A
fortuna particular, pois, soffreu esse grande, esse formidavel abato.
Cinco bilhões de dollares! QUARENTA MILHÕES DE CONTOS
DE REIS, a renda do Brasil de quasi trinta annos!
Não nos devemos, está visto, alegrar com as desgraças
alheias, mas forçoso é registrar-se o crack de Nova
York, cuja Bolsa, pode-se dizer, é a reguladora de todos os
mercados. Ora, quando nessa prestigiosa praça a fortuna se
arraza, num só dia, os jornalistas do sr. Antonio Carlos, dentro
de S. Paulo, apregoam, falsamente, a ruina da lavoura paulista, transformam
o café, que resiste e resistirá brilhantemente, em arma
para as suas impatrioticas explorações eleitoraes. Em
quanto isso, um estrangeiro, o eminente sr. Victor Maurtua, ministro
do Peru, no Rio, presentemente em Washington, dando uma dolorosa licção
aos plumitivos do Palacio da Liberdade, entrevistado pela "United
Press", declara que as condições politicas e financeiras
do Brasil são optimas e que a crise financeira é transitoria.
O sr. Antonio Carlos, porém, desprestigiado e vencido, manda
aggredir S. Paulo, manda, com as suas perfidias, criar difficuldades
aos lavradores paulistas, e, para cumulo da nossa vergonha, encontra
jornalistas paulistas que, passivamente, se prestam às suas
machinações. Está enganado, porem. Por mais que
faça e por mais que diga, o café não soffrerá
e os fazendeiros, longe de acompanhar o politico nefasto, cerrarão
fileiras, cada vez mais, em torno do sr. Julio Prestes, presidente
de S. Paulo e candidato nacional à presidencia da Republica.
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