SHARP LANÇA O PRIMEIRO VIDEOCASSETE DOMÉSTICO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 1982
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Apostando numa pesquisa que coloca o brasileiro como o povo que mais
assiste televisão no mundo e tem na TV uma de suas principais
fontes de lazer, a Sharp S/A Equipamentos Eletrônicos lança
dia 8 no mercado o primeiro videocassete brasileiro de uso doméstico.
Segundo informou ontem o diretor comercial da empresa, Nemer Saliba,
durante apresentação do produto à imprensa, a
Sharp espera vender este ano 50 mil aparelhos.
Apesar de ser um eletrodoméstico muito caro - custará
Cr$ 390 mil - seu produtor garante a existência de um mercado
potencial de 15 a 20% do total de TV a cores vendido anualmente. No
ano passado, foram comercializados 1,25 milhão de aparelhos
de todas as marcas no Brasil. Além disso, Saliba pretende estimular
as vendas através do Consórcio Nacional Sharp, que oferecerá
o videocassete em prestações de aproximadamente 13 mil,
em 36 meses. Já em dois anos de prazo ele custará mais
de Cr$ 40 mil ao mês, ficando perto de Cr$ 1 milhão.
De acordo com informações da Sharp, o videocassete alcançou,
em todo o mundo, uma curva de vendagem superior inclusive ao aparelho
de TV a cores. O Japão, fornecedor mundial do sistema VHS -
principalmente para os Estados Unidos - produzirá este ano
sete milhões de unidades. Segundo pesquisa da Sharp brasileira,
o mercado japonês consome 67% do Vídeo Home System (VHS)
e 23% do sistema Betamax, patente da Sony, que utiliza um cassete
um pouco menor. Nos Estados Unidos, ainda segundo a Sharp, essa proporção
é maior em favor do VHS, que atualmente só é
fabricado no Japão e agora no Brasil. Os demais fabricantes
usam o sistema Betamax.
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Concorrência |
O videocassete VC 8510, produzido na zona franca de Manaus, tem apenas
25% de índice de nacionalização. Esse modelo
de mesa é o primeiro de uma série que a empresa pretende
lançar no Brasil, como o modelo luxo, superluxo e o portátil,
junto com a câmara filmadora.
Embora seja a primeira a apresentar o videocassete doméstico,
a Sharp deverá enfrentar ainda este ano a concorrência
da Sony (já fabrica o modelo profissional em Curitiba), que
lançará o sistema Betamax, e da CCE e Telefunken, que
produzirão seu modelo no sistema VHS.
Nemer Saliba disse que a empresa já produziu 1.300 aparelhos
para iniciar a comercialização dia oito em São
Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Entre os dias 21 e 28 de março, ele estará disponível
também nas lojas comerciais de Norte e Nordeste e Minas Gerais
e Brasília.
O aparelho da Sharp é acompanhado de uma fita para duas horas
de duração, com cerda de vinte minutos gravados demonstrando
como deve ser usado. A empresa, entretanto, não pretende ingressar
no mercado de fita, embora várias empresas já estejam
interessadas nesse segmento. Quem adquirir um videocassete doméstico
terá - por enquanto - de se contentar com as fitas importadas
da Basf ou Maxell, entre outras, que custam de Cr$ 7 mil a Cr$ 10
mil.
A gravada, que pode ser encontrada nas lojas de discos, principalmente
importadoras, custa perto de Cr$ 20 mil, sem contar com as gravações
piratas, pois já existem instalados no Brasil de 70 mil a 200
mil videocassetes importados legal ou ilegalmente.
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Clubes
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E quem não quiser comprar a fita gravada pode se associar a
um dos muitos clubes de videocassete já formados em São
Paulo e nas principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro,
Curitiba e Salvador, como o Video-Clube do Brasil, o Áudio
e o Artvídeo. O Áudio exige como jóia o depósito
de três filmes, enquanto os outros dois apenas duas fitas originais
gravadas. A taxa de manutenção é de aproximadamente
Cr$ 3 mil e dá ao associado o direito de retirar duas fitas
de cada vez e trocá-las por outras duas num prazo de dois a
três dias. A grande maioria é composta de filmes originais
em inglês, sem dublagem ou legendas.
O videocassete VC 8510 da Sharp recebe sinais diretos da antena, permitindo
a gravação de transmissões (VHF ou UHF) de qualquer
canal, independentemente daquele em que o televisor estiver sintonizado.
Essa gravação pode ser feita ainda com o aparelho desligado
e programada com sete dias de antecedência. Ele se desliga automaticamente.
Seus mecanismos são acionados por selenóides (componente
eletrônico) e comandados por um microcomputador e equipado com
controle remoto. Reproduz fitas gravadas nos sistemas PAL-M (adotado
no Brasil) e NTSC (Estados Unidos).
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