CARAJÁS CORRE PARA INICIAR A PRODUÇÃO

Publicado na Folha de S.Paulo, sábado, 06 de dezembro de 1984

Na N 4 E, a primeira jazida a ser explorada no Projeto Carajás, a partir do ano que vem, apenas quatro homens trabalham num clarão de terra vermelha no meio da mata. Com três caminhões basculantes e um guindaste elétrico, eles fazem o decapeamento da mina, retirando a cobertura de material estéril e preparando as bancadas para extração de ferro.
Foram aceleradas as obras da Estrada de Ferro Carajás (faltam pouco mais de cem quilômetros) para que possa ser inaugurada a 28 de fevereiro. Mas Carajás só começa a produzir efetivamente em meados de 86, quando ficar pronta a usina de beneficiamento, que processará 15 milhões de toneladas/ano, numa primeira etapa. No início, a produção de Carajás se limitará à usina piloto, já instalada e com capacidade para processar 1,5 milhões de toneladas/ano. Só em fins de 87 o Projeto Ferro Carajás estará em condições de atingir a produção de 35 milhões de toneladas/ano. O complexo mina-ferroVia-porto terá gerado, então, exatos 5.683 empregos diretos, para um investimento que já supera US$ 3 bilhões e uma receita prevista, a preços de hoje (vinte dólares a tonelada de minério de ferro), de US$ 700 milhões por ano.

Carajás se prepara para exportar o minério de ferro

RICARDO KOTSCHO
Enviado especial à Amazônia

Um enorme clarão de terra vermelha no meio da mata e apenas quatro homens trabalhando em três caminhões basculantes e um guindaste elétrico: é este o cenário da N4E, a primeira jazida a ser explorada no Projeto Ferro Carajás, a partir do próximo ano. Eles estão agora fazendo o trabalho de decapeamento da mina, retirando a camada de cobertura constituída de material estéril e preparando as bancadas para extração de minério de ferro de alto teor.
Por determinação do presidente João Figueiredo, foram aceleradas as obras de construção da ferrovia (faltam pouco mais de 100 quilômetros) para que a Estrada de Ferro Carajás possa ser inaugurada ainda em seu governo, a 28 de fevereiro.
Mas Carajás só começará a produzir efetivamente a partir de meados de 86, quando ficar pronta a usina de beneficiamento, que processará 15 milhões de toneladas/ano, numa primeira etapa. No início, a produção de Carajás se limitará à usina piloto, já instalada, com capacidade de processar 1,5 milhão de tonelada/ano. Só em fins de 87, o Projeto Ferro Carajás estará em condições de atingir a produção de 35 milhões de toneladas/ano. O complexo mina-ferrovia-porto terá gerado então exatamente 5.683 empregos diretos para um investimento que supera já os 3 bilhões de dólares e uma receita prevista, a preços de hoje (20 dólares a tonelada de minério de ferro), de 700 milhões de dólares por ano.
Os alojamentos provisórios cederão lugar então a uma moderna cidade para 11 mil habitantes, cujas obras já começaram. Do Mirante da N4E, a jazida pioneira, pode-se ver minério de ferro até onde a vista alcança e as obras da usina, uma linha industrial que começa na mina e acaba no pátio de embarque da ferrovia.
Em fins de novembro, cerca de 16 mil homens estavam trabalhando no projeto, a metade deles na Serra dos Carajás, contando com dois clubes, um centro comunitário, um cinema, três supermercados, aeroporto e rodoviária, padaria, farmácia, centro comercial, três bancos, escolas e uma igreja comunitária, além de um hotel.

Helicóptero desce em cima da jazida

Tudo começou há dezessete anos, quando o geólogo Breno Augusto dos Santos, então chefe de uma equipe de campo da Meridional, subsidiária da United States Steel, que procurava manganês na região, acabou topando com as jazidas de minério de ferro, como ele mesmo relata:
- Com a chegada dos velhos helicópteros Bell, da Helitec, foi iniciada nos últimos dias de julho de 67 a mudança do acampamento de São Francisco para o Cinzento. Por razões de segurança, pois a falta de equipamento de rádio-comunicação e a limitada autonomia do helicóptero não recomendavam um vôo direto entre as duas bases, foi decidido o translado sobre os rios e igarapés da região, que sempre permitiriam um pouso de emergência e uma rota conhecida em caso de busca.
- Como implicaria um vôo de cerca de quatro horas, havia necessidade de pousos para reabastecimento, utilizando o combustível transportado no bagageiro. Assim, na manhã do dia 31 de julho, foi iniciado o deslocamento do helicóptero (PT-CAX), através da rota rio Xingu - São Félix do Xingu - rio Fresco - igarapé Carapanã - serra Arqueada - rio Caeteté - aldeia Chicrins - rio Itacaiunas - Cinzento.
- Para reabastecimento, seriam utilizados os pedrais dos rios e a clareira existente na Serra Arqueada. Por volta das 10 horas da manhã, quando do pouco na serra Arqueada, foi desvendada a razão da existência da clareira: cobertura de canga hematítica, que permitiu o desenvolvimento apenas de uma vegetação robustiva. A hipótese de que outras clareiras, com maiores dimensões, também fossem devidas ao mesmo motivo, parecia absurda e assustadora pelo considerável potencial de minério de ferro que poderia existir.
Mas elas se confirmaram, e não se tratava apenas de minério de ferro: prospecções posteriores indicaram a existência, num raio de apenas 60 quilômetros, junto às 18 bilhões de toneladas de ferro de alto teor, também de 40 milhões de toneladas de bauxita, um bilhão de toneladas de minério de cobre, contendo 10 milhões de toneladas de cobre metálico, além de ouro, 100 milhões de toneladas de minério de manganês, 47 milhões de toneladas de níquel e 35 mil toneladas de cassiterita.
A revelação deste considerável potencial mineral motivou a criação do Programa Grande Carajás, em 1980, como lembra Breno, com o objetivo de "promover a exploração dos recursos do subsolo em integração com empreendimentos florestais, agropecuários e industriais". O que ficou, porém, foi apenas o Projeto Ferro Carajás, que será oficialmente inaugurado por Figueiredo poucos dias antes de deixar o governo.
As lendas de riqueza, emprego e dinheiro, no entanto, continuaram correndo o País, atraindo cada vez mais gente para Carajás. A CVRD, "antecipando-se à ocupação descontrolada que tende a ocorrer na periferia dos grandes projetos", implantou um núcleo habitacional em Parauapebas, pequena vila que fica na entrada da Serra dos Carajás, preocupada em "conjugar o desenvolvimento material com a harmonia social".
A realidade, porém, superou qualquer planejamento, Parauapebas, em pouco tempo, transformou-se num imenso favelão, hoje com mais de 7 mil habitantes, gente que veio de todos os cantos do Brasil em busca de trabalho. Apesar das várias operações da Polícia Federal queimando casas para impedir que o favelão crescesse, quem quase acabou com Parauapebas, em julho último, foram os garimpeiros de Serra Pelada.

Carajás, sob constante ameaça dos garimpeiros

Como o governo federal estivesse demorando demais em cumprir sua promessa de liberar Serra Pelada, cerca de 3 mil garimpeiros incendiaram os prédios da delegacia e da sub-prefeitura de Marabá, destruíram a guarita da segurança da CVRD, queimaram casas comerciais e ameaçaram invadir Carajás, o que só não aconteceu porque o governo do Pará enviou em oito aviões tropas da Polícia Militar de Belém e Marabá. "Qualquer problema que surge em Serra Pelada, os garimpeiros agora ameaçam invadir Carajás", conta um funcionário da CVRD.
Parauapebas não existia há quatro anos. Com a abertura do garimpo de Serra Pelada, que fica a pouco mais de 100 quilômetros de Carajás, surgiram alguns prostíbulos, onde o pessoal ia "furar o couro", "trocar o óleo", como se diz lá. A polícia queimava, as mulheres refaziam suas taperas e assim veio um comércio, depois outro, o povoado foi-se formando. Hoje, Parauapebas já tem até uma Associação de Moradores, criada há cinco meses. Mas continua sem água e sem luz.
Valdir Flausino Oliveira, mineiro de Tiros, três filhos, é o morador mais antigo (as primeiras mulheres já morreram ou foram embora, mas no dia em que se contar a história destas novas cidades amazônicas criadas em torno dos grandes projetos ninguém deverá esquecer a importância das prostitutas). Veio de Goiás para implantar uma nova fazenda do seu patrão, que lhe deu 80 alqueires de presente e nunca mais Valdir foi embora daqui.
- A estrada era de chão, as pontes beiravam a água, quando chovia ninguém passava. Eu levava três dias para ir a Marabá. Os poucos fazendeiros que tinha foram desapropriados pelo Getat, aqui ninguém possuía título de terra, era tudo posse. Minha família toda pegou malária um ano direto. A menina mais nova quando chegou em Goiânia para se tratar não tinha mais uma gota de sangue.
Quem não tinha jeito para garimpeiro vinha aventurar um emprego em Carajás, mas as ofertas eram poucas para tantos pretendentes. Muitos foram ficando por aqui, sem dinheiro para voltarem à suas cidades de origem.
- Uma vez, a Polícia Federal queimou 30 barracos de tardezinha. Quando foi no outro dia, tinha 60 barracos no lugar. No começo, era quase só mulherada, mas depois foram vindo famílias. Alguns arrumaram lugar para trabalhar na serra, mas não conseguiram casa e a família fica aqui.
Apesar dos 122 cabarés, segundo o último levantamento, Valdir garante que Parauapebas é um lugar tranquilo.
- Sábado passado mataram um homem, mas fazia mais de um ano que não matavam ninguém. O futuro aqui é para tudo, emprego para muita gente, terra boa para gado e lavoura. A gente vê mudança chegar aqui direto, todo dia. Daqui a dois anos não tem mais onde por gente...
A cada dia, cerca de 50 homens em busca de trabalho se apresentam no Centro de Recrutamento montado pela CVRD em Parauapebas, bem na entrada da zona de prostituição. Chegam de ônibus, de caminhão, a pé. Entregam seus documentos, fazem coleta de material para exames de laboratório e ficam esperando uma resposta.
Sebastião Rattes de Souza, mineiro de Oliveira, quatro filhos, é o chefe do Centro de Recrutamento desde agosto.
- Quase tudo que vem aqui é servente. Mas as 10 empresas empreiteiras lá da serra não tem mais vaga. O cara vai ficando por aqui, se defendendo como pode, faz amizade com uma mulher... Tem gente do Brasil inteiro, mas a maioria é do Maranhão. Muita gente que dá pena, passa fome mesmo.
O próprio Sebastião está vivendo um drama. Ele se convenceu de que "isso aqui no futuro vai ser uma potência", mas a família não quer esperar. A mulher já foi embora para o Rio de Janeiro, os filhos também querem ir.
- Meu pessoal não tem paciência para esperar o futuro...
Lá fora do barraco onde Sebastião conta suas histórias, os homens começam a gritar:
- Não vai mais fichar hoje, não?

Homem buscando trabalho, mulher buscando homem

Basta sair da porta para o estranho ser cercado: é homem em busca de trabalho, é mulher em busca de homem. Eles se divertem vendo as estrepolias de Antônio Pereira da Silva, 42 anos, solteiro, paraibano de Jacaraú, que está há dias aqui há dias aqui plantando bananeiras e fazendo graça em troca de pinga. "É o rei do blefe", gritam os outros, todos eles também blefados, linguagem de garimpeiro que quer dizer falido, perdido, sem nada.
Antônio já perdeu a esperança de conseguir emprego, embora garanta que seja "trabalhador para todo serviço". Nem documentos tem.
- Eu tenho meu valor. O jumento também não tem? Olha meus documentos aqui (e mostra as mãos, machucadas, calejadas). Eu sou brasileiro, durmo em qualquer lugar, faço qualquer coisa.
Cada um quer contar sua história, logo se forma um comício. Este é o verdadeiro pátio dos milagres que nunca acontecem. Danilo Souza, solteiro, almoxarife apontador, veio do Ceará, explica:
- Ouvi falar que aqui está bom, tem emprego. Mas não deixaram nem eu passar pela guarita, estou aqui esperando. Tem seis meses que fiquei desempregado. Gastei Cr$ 60 mil para chegar aqui e não tenho dinheiro para voltar. Há oito dias pegaram minha carteira e até hoje não devolveram. Podiam pelo menos dar comida pro povo aqui. Uma merenda não sai por menos de Cr$ 1.500, quem pode comer?
A exemplo de Danilo, os outros também venderam o que tinham, acabaram com o dinheiro. O mais revoltado de todos é Vicente Pires, 40 anos, 12 filhos, cearense, lavrador, que veio em busca de uma terra.
- Eu sou lavrador. O Getat prometeu dar terra para todo mundo, mas estou aqui morrendo de fome. Vou acabar voltando para o meu Ceará e morrer na seca. Por mim, a gente já tinha invadido esta cidade. Eu vou virar bandido se não conseguir uma terra. Já fiz pedido para o Getat, mas nem dão resposta. Ou nós morre ou nós escapa tudo junto. Se vocês quiserem, eu invado a cidade com vocês.
O ambiente vai ficando mais tenso e tem-se a impressão de que a qualquer momento esta gente pode explodir sua revolta. Carlos Grilho, 45 anos, 4 filhos, paulista de Porto Feliz, está tão fraco que não pode nem reagir. Fala com muita dificuldade. Encarregado de cantina de canteiro de obras, Carlos está desempregado há 22 dias, sem dinheiro para comprar comida. Ainda por cima, pegou malária. Neste dia, de manhã, quase morreu. Os outros "peões de firma", como eles se chamam, tão miseráveis como ele, fizeram uma "vaquinha" e juntaram Cr$ 12.800 para que Carlos pudesse pegar um táxi e ir ao médico.
Quanto maior a pobreza, maior a solidariedade. José Bueno Pimentel, paranaense, dois filhos, também desempregado há meses, vem trazer comida para o pessoal. Só banana e pão, mas já é alguma coisa.
- Eu ainda tinha uma reserva de dinheiro e não posso ver esse pessoal passando fome. Só não está existindo um grande roubo aqui na região porque esse povo é bom demais.
O caminhão de uma empreiteira encosta ao lado do Centro de Recrutamento e é logo cercado, todos querem saber se foram aprovados, pegar a carteira de volta. Pegar a carteira de volta significa que o candidato foi reprovado. Nenhuma explicação, nenhuma esperança, nada. Num galpão ao lado do Centro de Recrutamento, cada um estica sua rede. São 150 homens, em média, dormindo aqui, passando um frio lascado à noite, doando sangue para muriçoca.
Toalha enrolada no corpo, preparando-se para mais uma noite de trabalho, Valdevina Jesus Pereira, paranaense de Londrina, três filhos viúva, é a dona do cabaré Vim Te Vê desde fevereiro. Valdevina vendeu um motel que tinha em Londrina e veio para Marabá, onde estavam morando seus pais. Abriu um pequeno comércio, faliu, foi parar na vida noturna de Parauapebas, mas não se queixa.
- Para mim, aqui está melhor. Dá para criar os filhos sem problemas. É a primeira vez que toco esse ramo de cabaré. O que me dá um pouco de medo é que, por qualquer coisa, o pessoal vai logo puxando a faca.
A maioria das mulheres, como os homens, conta ela, vem do Maranhão. Valdevina tem em seu cabaré duas moças de 17 anos, uma de 37 e uma de 50, que ainda faz muito sucesso. Elas moram aqui mesmo no cabaré e cobram Cr$ 5 mil por um programa (o cliente paga mais Cr$ 5 mil a Valdevina pelo aluguel do quarto).
- É muito pouco, já falei para as moças. Tinha uma aqui que queria ir embora para Brasília e teve que fazer dez programas numa noite para poder comprar a passagem. Já falei para elas cobrarem pelo menos Cr$ 10 mil por programa, mas não tem jeito, o pessoal não tem dinheiro.
Uma das meninas de 17 anos fica no quintal lavando roupa, olhando sem entender direito o que está acontecendo. Pessoal esquisito, só faz perguntas, tira fotografias, e ela ali precisando de dinheiro, só Cr$ 5 mil por programa...
Dos três filhos, só o caçula, que é menino, mora com Valdevina. Tem uma menina de 14 anos que mora em Marabá, com os avos, e outra de 12, que fica na casa de uma irmã.
- Outro dia ela me perguntou: quando a gente vai viver junto de novo, mãe? Fiquei com uma peninha dela... Mas, o senhor sabe, no meu serviço não dá para ter uma menina dessa idade morando aqui em casa... Ela entendeu...
A noite vem chegando, as mulheres trocam as toalhas por vestidos curtos, a criançada termina as brincadeiras, os homens jogam baralho e dominó em frente aos cabarés.
Marcos Milo, gerente administrativo de Carajás, uma espécie de governador deste estado enclavado na mata, sabe de tudo isso, dos problemas sociais que se agravam e se multiplicam em torno do projeto.
- Isso acontece em todo o Brasil. os grandes projetos atraem os trabalhadores e depois acabam-se criando estes favelões. Antes, o Ministério do Interior mantinha um serviço em Marabá, o Sami (Serviço de Apoio ao Migrante), justamente para pegar esse pessoal que vem de toda parte do Brasil e dar emprego. Mas o cara quer chegar mais perto do projeto e por isso, montamos este Centro de Recrutamento em Parauapebas. O cara que não consegue entrar em Serra Pelada vem para cá e também não temos emprego para todo mundo.
O governador de Carajás explica que a CVRD já investiu mas de Cr$ 20 bilhões para urbanizar Paraupebas, construiu uma escola e um hospital além de infra-estrutura para a vila residencial.
- Isto que você viu no Centro de Recrutamento é um reflexo da situação do País. Já aconteceu em Itaipú, em Tucuruí e chegou aqui porque estamos atingindo o pico da obra agora, enquanto as outras já estão terminando. Antes nós mandávamos restos de comida para eles, mas aí o volume de gente começou a aumentar. Depois, o pessoal da cidade também vai querer usufruir a comida de graça e aí não tem jeito mais... Daqui a pouco temos 50 mil homens aí embaixo e vamos fazer o que com eles?

"O projeto não é panacéia para a crise"

Certamente não era isso que imaginava o geólogo Breno Augusto dos Santos ao descobrir as primeiras jazidas da maior província mineral do mundo. Realista, sem ufanismos, mais preocupado com o destino do povo da região e dos que aqui chegam em busca de trabalho do que com números e dólares, Breno, diretor regional da Docegeo, subsidiária da CVRD, adverte:
- Nas próximas décadas, deverá aumentar a dependência dos países industrializados ao subsolo das nações em desenvolvimento e, diante dessa expectativa, é que Carajás começa a ser explorado. Conforme a política que orienta o seu desenvolvimento, seus recursos poderão apenas contribuir, através do aumento da oferta, para manter o baixo preço das matérias-primas nos mercados internacionais, com suas riquezas contribuindo para o financiamento do progresso das nações industrializadas.
- Que fazer, então, para evitar que isso aconteça?
- Caminhos terão quer ser encontrados para se implantarem indústrias de transformação na região, que realmente possam vir a contribuir para o seu desenvolvimento sócio-econômico, através de empreendimentos integrados ou complementares. Não se deve considerar Carajás como a pancéia para todos os problemas econômicos que estão sendo enfrentados, mas sim no seu real contexto, ou seja, uma das maiores concentrações de recursos minerais da terra, que está começando a ser explorada quando a maioria das nações começa a exaurir suas próprias fontes, encravada numa região e num país que necessitam produzir riquezas para a melhoria da qualidade de vida da sua sociedade.
Por enquanto, porém, para os "peões de firma" que aqui chegam em busca de trabalho, "isto aqui é o fim da linha, daqui não tem mais onde procurar serviço". Quando a luz do gerador da zona é desligada à meia noite, a cabareteira Valdevina, acende velas na mesa e começa a sonhar, pensar no futuro.
- O futuro do Brasil é um problema muito sério. Acho que o que mais prejudica é muita falta de amor entre os homens grandes, que deviam pensar mais nos pequenos.

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