Da Sucursal de Recife
Uma
tonelada de ouro em pó e pepitas é o quanto sai, por
mês, de Santarem, por avião, por terra através
das fronteiras e por agua subindo ou descendo o Amazonas. Isso em
dinheiro, a Cr$ 1.750 mil o quilo, equivale a Cr$ 1.750 milhões,
ou seja, quase US$ 1 milhão, mensalmente.
Esse ouro sai todo da região do Tapajós, dos garimpos
de Jacareacanga. Sobre ele ninguem tem o controle. A "estrada
do ouro", como já se convencionou chamar os caminhos
percorridos pelo metal, começa nas batéias dos garimpeiros
em plena selva, seguindo daí para os mercados do Sul (São
Paulo) e do exterior.
Uma pequena quantidade, de dificil avaliação, circula
no mercado local em forma de dinheiro e outra é vendida por
uma prospera familia de cearenses, que moram em Belem do Pará,
para suprir o artesanato de Joazeiro do Ceará, onde o ouro,
misturado a latão e outros metais moles, é transformado
em medalhas do padre Cicero e alianças para noivos.
Segundo calculos de um sargento da FAB de Santarem, que num só
mês pesou 250 quilos de ouro entrados legalmente, chegados
de avião, apenas 20% da produção são
registrados na Delegacia Fiscal, escapando os restantes 80% à
fiscalização, impossivel de ser mantida por falta
de um aparelhamento fiscal à altura da organização
do contrabando.
Uma dessas ultimas semanas, um governo da região foi surpreendido
com o apelo de um grande banco internacional, para que não
mandasse mais o ouro em latas de doce ou oleo, pois isso criava
dificuldades na hora de colocá-lo no mercado. Maior foi a
surpresa do banco quando soube que tal governo nunca exportou ouro.
Alem de ouro e diamantes, há tambem um contrabando desenfreado
de minerais estrategicos, sobretudo de cassiterita - e já
se fala na descoberta de jazidas de uranio na Amazonia.
A necessidade de pôr paradeiro a essa pilhagem das riquezas
minerais da Amazonia é apenas uma das determinantes da "Operação
Amazonia", que o governo federal lançou em dezembro
ultimo, para acelerar o desenvolvimento da região.
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