PROMETE O PREFEITO ACABAR COM O COMERCIO AMBULANTE
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Publicado
na Folha da Noite, quinta-feira, 28 de maio de 1953
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Neste texto foi mantida a grafia original
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A
profissão seria regulamentada - O trambolho das carrocinhas
de fruta e o barulho dos camelôs |
O sr. Janio Quadros, prefeito municipal, atendendo ao que lhe ponderou
uma delegação de comerciantes estabelecidos, prometeu
resolver em breve o problema da existencia de vendedores ambulantes
que infestam o centro da cidade e muitos pontos dos bairros. Manifestou
o prefeito o desejo de regulamentar a atividade de ambulante, reservando-a
somente para invalidos e mutilados, pessoas que, pela sua condição
fisica, não possam dedicar-se a profissões mais uteis.
O problema dos vendedores ambulantes é quase tão antigo
quanto a cidade, mas de uns tempos a esta parte vem-se agravando cada
vez mais. Os detentores desse comercio, que fazem grande concorrencia
ao comercio legitimo, aquele regularmente estabelecido e que paga
os impostos devidos, apossam-se de determinados trechos de ruas, de
preferencia as de maior movimento, espalham aí suas mercadorias,
constituindo, alem de tudo, um trambolho para o transito de pedestres.
Como não há responsabilidade de nenhuma especie, podendo
o vendedor ambulante estar um dia num ponto e outro em lugar mais
distante, seu comercio não se norteia exatamente por severos
padrões de honestidade. Em regra, o publico de boa fé
é iludido, adquire mercadorias inferiores com rotulos de boa
qualidade, objetos de falso brilho, artigos falsificados, etc.
Assim, pela sua propria natureza e instabilidade, esse comercio só
traz vantagens aos seus praticantes; com ele perdem o comercio legitimo,
que age de acordo com as leis e paga impostos; o publico, que é
sempre ilaqueado; e o fisco, que dele não arrecada nenhum tributo.
As barracas improvisadas que enfeiam a cidade, as carrocinhas que
atravancam as vias publicas, os camelôs que apregoam aos gritos
as suas bugigangas, reunindo multidão de basbaques em torno
de si, tudo isso precisa acabar, porque são fontes de exploração
do dinheiro do povo, dão mau aspecto à capital e representam
barulho, obstaculos para a livre circulação de pedestres.
Tambem nos bairros, pelas suas ruas centrais, o comercio ambulante
domina sem peias, assenhoreando-se dos pontos de maior movimento.
O mesmo problema que assoberba o centro se verifica nos bairros. Aí
talvez a exploração ainda seja maior, porque os vendedores
se vêem mais livres de fiscalização, que, a rigor,
não existe nem mesmo nas vias publicas centrais.
A sujeira é outro maleficio do comercio ambulante. As carrocinhas
de frutas que estacionam em certos trechos inundam de cascas, papéis
e restos de mercadorias muitos metros ao seu derredor.
Agora, com a decisão do prefeito, de atacar esse problema,
esperemos para breve ver a cidade libertada de um dos seus mais feios
aspectos e o povo livre de muita exploração.
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