SE O SEU ELEITO É FILHO UNICO DE UMA VIUVA...
|
Publicado
na Folha da Manhã - domingo, 25 de novembro de 1951
|
|
Neste texto foi mantida a grafia original
|
A vida coloca-nos diante de situações para as quais
muitas vezes é dificil descobrir uma saida. Numerosos casos
deste genero são provocados pela falta de compreensão
dos interessados em face da situação em que se acham.
Exemplo tipico é o caso da jovem viuva, rica e bonita, que
consagrou sua mocidade à educação de seu unico
filho. A diferença de idade entre mãe e filho era de
dezessete anos. Quando este resolveu casar-se, sua mãe não
contava ainda quarenta anos. Nunca ela havia imaginado que um dia
seria uma quarentona e que sua beleza estaria, então, em declinio.
Até então, vivia satisfeita junto de seu filho, sem
pensar no dia em que ele o deixaria para constituir seu proprio lar.
E foi o que se deu. Na ocasião em que ele encontrou a mulher
que lhe estava destinada, iniciou-se o drama intimo da mãe
egoista, que tudo fez para evitar o casamento.
A nora, jovem educada, boa dona de casa e bonita, possuia todos os
dotes da esposa ideal. A sogra, entretanto, não a via com bons
olhos. É que, no seu egoismo de mãe, pensava apenas
em si propria, esquecida da felicidade do filho. Tanto assim, que
dois meses depois do casamento, a viuva deixou o lar, por não
se conformar com o fato de ter outra mulher conquistado o amor do
filho.
O amor que as mães dedicam aos filhos transforma-se, muitas
vezes, com o tempo, num frio egoismo, que acaba sendo a causa de graves
desinteligencias na familia, depois que eles se casam. Toda mãe,
ao nascer um filho, deve não esquecer que ele se destina a
outra mulher. Que seu filho encontrará um dia aquela que lhe
está destinada e terá de deixar o lar para constituir
sua propria familia.
Há casos tambem de avós cuja afeição pelos
netos do sexo masculino é ilimitada e que relevam as netinhas
para um plano inferior. Em geral, trata-se de uma manifestação
do ressentimento que têm das noras, uma especie de complexo
sentimental, pois se elas vêem nos netos, quase sempre, a imagem
do filho, no caso das netas têm sempre a impressão de
que elas representam aquela que lhe roubou o filho.
Felizmente, não são muitas as mulheres que assim procedem.
Mas, se uma mulher com esse carater é viuva, sua desafeição
pela nora não terá fim. Mesmo que se case pela segunda
vez, não procura compreender porque outra mulher passa a ocupar
seu lugar no coração do filho.
As mulheres que se casam com filhos unicos, particularmente de viuvas,
devem estar, pois, preparadas para a possibilidade de aborrecimentos
futuros, sobretudo se a afeição das mães é
acentuada. Os psicologos, em tais casos, aconselham o tempo como meio
de cura. A nora não deve relatar à sogra os aborrecimentos
que tenha com o marido. Deverá, ao contrario, mostrar-se conformada,
e a sogra, pouco a pouco, compreenderá que as rusgas são
comuns entre os casais, e que seu filho nada perdeu em ter-se unido
à mulher que escolheu para companheira. |
©
Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos
reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização
escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.
|
|