ALUNOS DISPOSTOS A RETOMAR A FAU
|
Publicado
na Folha de S.Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1967
|
|
Neste texto foi mantida a grafia original
|
Os estudantes e excedentes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
estavam dispostos, hoje cedo, a retomar o edificio da escola, de onde
foram desalojados na madrugada de sabado pela Policia. Ao meio-dia
de hoje, debatiam ainda os problemas da FAU, tendo sido deliberado
que se a Faculdade for reaberta e os guardas-civis permanecerem no
predio, nenhum aluno nele entrará. Se os policiais foram removidos,
os alunos o recuperarão.
Na assembléia realizada hoje de manhã, foi redigido
um manifesto em que os estudantes expõem suas reivindicações
e acusam o diretor da FAU, prof. Pedro Moacir do Amaral, de ser "testa
de ferro de um grupo de engenheiros da Escola Politecnica que quer
incorporar a FAU àquela Faculdade, como departamento".
Em seu manifesto, os alunos e excedentes exigem a admissão
de todos os excedentes, a demissão do diretor, a formação
de uma direção constituida de arquitetos, revogação
de diversas medidas administrativas tomadas pelo diretor, desde 1965,
e o dialogo com as autoridades universitarias.
|
Expectativa |
Durante a assembléia, os estudantes aguardavam o resultado
de uma reunião que os professores iniciaram às 10 h
30, para analisar a situação, e levar suas conclusões
ao reitor da USP, às 14 h 30. Segundo o estudante Rui Falcão,
presidente do DCE oficial. "é possivel que deliberem reabrir
a Faculdade e retirar o policiamento, o que servirá para nós
de sinal para a retomada do predio".
Entre as medidas administrativas cuja revogação os estudantes
pretendem estão o fechamento do Museum e do laboratorio fotografico
da escola; portarias que regulamentam a frequencia, e que determinaram
a reprovação de 25% dos alunos no ano passado, acarretando
para o Estado uma despesa calculada em NCr$ 2.500,00; constituição
do Conselho Tecnico e Administrativo por engenheiros e advogados sem
a participação de nenhum arquiteto; não funcionamento
da Comissão de Ensino; e divisão do ateliê em
cubiculos.
|
Razões |
Segundo os estudantes, o diretor Pedro Moacir do Amaral Cruz deve
ser afastado por varias razões, entre as quais o fato de "ser
o responsavel pela entrada da Policia Federal na FAU, quebrando a
autonomia universitaria".
Afirmam que seu afastamento é impedido principalmente pelos
professores Telema e Tarcisio Damy de Sousa Santos, da Escola Politecnica,
"maiores interessados na absorção da FAU, como
departamento".
Os excedentes estão apelando à população
no sentido de que colabore com o movimento, enviando-lhes alimentos
e cobertores, pois estão há 46 dias na rua, "e
os recursos não são suficientes".
|
Situação
não muda na cidade universitaria |
Os estudantes que tomaram o 3º andar do bloco "F" do
conjunto residencial da Cidade Universitaria entregaram hoje à
Reitoria da USP uma proposta em que reafirmaram que não desocuparão
os apartamentos enquanto suas reivindicações não
forem atendidas. Dizem tambem que não aceitarão medidas
paliativas, "como a distribuição dos "desabrigados"
pelos blocos dos residentes".
A proposta, depois de informar oficialmente da ocupação
do edificio, sexta-feira à noite, reivindica novas vagas no
Conjunto Residencial e pede o termino, a curto prazo, da construção
de todos os alojamentos do bloco "G". finalmente, sugere
que no bloco a ser destinado ao alojamento que pós-graduados
e delegações universitarias seja reservado pelo menos
um andar para alunas.
|
©
Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos
reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização
escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.
|
|