A PASCOA, SEUS SIMBOLOS E OS COSTUMES POPULARES

Publicado na Folha da Noite, quinta-feira, 12 de março de 1959

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Universalizada, praticamente, a celebração da festa pascal, igualmente universais, em termos, tornaram-se os costumes que marcam a epoca da Pascoa. Excetuado o cunho religioso que tambem assinala a Pascoa, restam o significado de fraternização, notadamente na familia, e os simbolos da epoca pascal. Com relação ao primeiro, parece ser mais ou menos clara a relação com a ceia que assinalava a celebração da Pascoa, desde sua instituição pelos judeus: hoje, então, manifesta-se pela reunião dos membros da familia. Os simbolos da Pascoa, porem, não têm origem religiosa, propriamente dita, mas antes pagã e, consequentemente, anglo-saxonica e teutonica. A Pascoa, "Easter", para os anglo-saxões, era o festival em que se celebrava o retorno da primavera, numa região (principalmente na Escandinavia) em que a noite cobre a terra durante a maior parte do tempo. O proprio termo "Easter" deriva de "Ostara", nome da deusa da primavera. E da primavera, que recobre a terra de flores, vêm os simbolos que ainda hoje representam a Pascoa: o ovo e o coelho, ambos simbolos de fecundidade, de renascimento e de renovação da vida sobre a terra.

Os ovos coloridos

Os ovos-simbolos da Pascoa representam o sentido de fecundidade que se dá naquela região durante a primavera. Já o habito de colorir os ovos de Pascoa, tão em moda ainda hoje, tem uma nova razão, tambem derivada do ambiente de vida dos nordicos: as cores de que se tingem os ovos representam aquelas dos raios da aurora boreal e as do sol no hemisferio-norte, pela madrugada.
Outro costume da epoca pascal entre os anglo-saxões foi transferido, em outros paises, inclusive no Brasil, para as festas juninas. Os anglo-saxões, nesse periodo, ateavam de novo o fogo nas lareiras. Depois, soltavam foguetes nas colinas, a fim de, segundo acreditavam, dispersar os espiritos do mal para tão longe quanto pudessem atingir os clarões. E, ao redor deste fogo purificador, rapazes e moças que desejam casar-se naquele ano dançavam, saltando sobre as chamas. Uma razão apontada para a diferença de epoca na realização de cerimonias analogas é a da diversidade da epoca de inicio e termino das estações nos diversos paises.

O Judas

Finalmente, outro costume popular ainda em pratica, notadamente nos paises em que predomina a religião catolica, é o do Judas, malhado em praça publica, no sabado da aleluia. O significado está, certamente, na forma popular de manifestar a repulsa ao apostolo que traiu o Cristo. Menos difundido hoje, o costume, nas cidades grandes, vai quase desaparecendo, em consequencia da mudança da liturgia na Igreja Catolica. A ressurreição passou a ser comemorada no domingo, e não mais no sabado.

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