JUIZ CONDENA VEREADOR QUE ATACOU MALUF
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 1980
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O juiz da 18ª Vara Criminal, Jarbas Coimbra Mazzoni, condenou
ontem o vereador Sampaio Dória, do PMDB, a pagar multa de Cr$
1.333,00 e as custas do processo, por ter injuriado o governador Paulo
Maluf em discurso pronunciado na Câmara Municipal dia 24 de
junho, a propósito dos espancamentos de populares e
políticos na Freguesia do Ó.
No discurso, Dória havia responsabilizado o governador pelas
violências qualificando-o entre outras coisas, de "bem
sucedido delinquente". O vereador declarou-se ontem inconformado
com a sentença e anunciou que recorrerá a instância
superior. Seu advogado, José Roberto Leal de Carvalho, disse
que o juiz "simplesmente eximiu o governo estadual pelos incidentes
ocorridos na Freguesia do Ó".
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Juiz
condena Dória por injuriar Maluf |
O vereador Sampaio Dória, do PMDB, foi condenado ontem pelo
juiz da 18ª Vara Criminal, Jarbas Coimbra Mazzoni, a pagar multa
de Cr$ 1.333,00 por haver injuriado o governador Paulo Maluf, em discurso
pronunciado dia 24 de junho, na Câmara Municipal, sobre os incidentes
da Freguesia do Ó. Dória declarou-se "inconformado
com a decisão", que considera "profundamente injusta"
e disse que recorrerá em instância superior, tentando
provar sua inocência.
Em sua sentença, o juiz Mazzoni considera a existência
de duas agravantes: crime praticado contra funcionário público
(o governador), na presença de pessoas e através de
meios que facilitariam sua divulgação. Ressalva no entanto
que "há de se levar em consideração tratar-se
de vereador que sempre pautou suas atitudes por prudência, coragem
e ponderação", razão pela qual decidiu impor
a Dória somente pena pecuniária e o pagamento das custas
do processo.
O advogado José Roberto Leal de Carvalho, que juntamente com
José Carlos Dias, defendeu Dória no julgamento, considerou
a condenação injusta e disse que o juiz, em sua sentença,
"simplesmente eximiu o governo estadual pelos incidentes ocorridos
na Freguesia do Ó".
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As
acusações |
A denúncia contra Sampaio Dória foi formulada pelo promotor
Gilberto Bastos dos Santos, em face de representação
encaminhada pelo governador Paulo Maluf à Procuradoria Geral
da Justiça. O promotor transcreveu trecho do discurso no qual
o vereador qualifica Maluf de "figura menor, caricata, truculenta,
desprezível e abominável", acusando-o ainda de
"direta e pessoalmente responsável pelas consequências
da ação dessa canalha paramilitar e para policial que
se formou ao seu redor". Dória também referiu-se
ao governador como "pústula instalado no Palácio
dos Bandeirantes", além de "bem-sucessido delinquente".
Perante o juiz, Dória não negou a autoria do discurso,
justificando, porém, que tentava "chamar a atenção
das autoridades para o fato extremamente grave ocorrido dia 21 de
junho na Freguesia do Ó, quando ali se instalou o chamado governo
de integração". Disse ainda que os incidentes se
revestiram do aspecto de "selvageria e brutalidade", motivo
pelo qual decidiu pronunciar o discurso.
O juiz, porém, afirma em sua sentença que Dória
entrou em contradição quando disse que os agressores
da Freguesia do Ó eram agentes da administração
pública estadual e municipal. "O acusado, quando proferiu
seu discurso, não tinha elementos para atribuir ao ofendido
a responsabilidade pelos graves fatos ocorridos no dia 21 de junho,
na Freguesia do Ó, mesmo porque apenas em setembro os nomes
dos agressores começaram a ser revelados", diz o juiz.
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Distorção |
O advogado Leal de Carvalho disse que o juiz "ignorou o fato
dos vereadores Benedito Cintra e Francisco Gimenez terem apoiado e
endossado totalmente as palavras de Dória". O vereador
Francisco Gimenez, também do PMDB, afirmou que a condenação
de Dória "é produto da distorção
institucional vigente, que não dá a necessária
imunidade parlamentar ao vereador, para que este possa representar
o povo e defender seus interesses".
No Palácio dos Bandeirantes, o chefe da Casa Cicil, Calim Eid,
disse que "a sentença é uma demonstração
de que ninguém deve caluniar ninguém, porque a Justiça
está aí para entrar em ação". Na
Prefeitura, o secretário de Negócios Extraordinários,
Tuji Jubran, afirmou que quando alguém acusa alguém
e não consegue provar, está sujeito a condenação
e foi o que aconteceu no caso". E advertiu: "É preciso
tomar cuidado para que ataques dessa natureza não sejam repetidos,
porque a pena então não seria somente pecuniária".
Na Assembléia Legislativa, o líder do PT, deputado Marcos
Aurélio Ribeiro, disse que "a condenação
de Sampaio Dória representa um golpe contra a liberdade dos
parlamentares exprimirem seu direito de crítica aos governantes
corruptos e inescrupulosos". O deputado considerou a condenação
como "parte de uma verdadeira trama armada conta os parlamentares
brasileiros", lembrando os casos dos deputados João Cunha
e Genival Tourinho "enquadrados na arbitrária, draconiana
e imoral Lei de Segurança Nacional".
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