A MULHER É MAIS FORTE SOB TODOS OS ASPECTOS


Enquanto a resistencia do homem é quantitativa, a da mulher é qualitativa

Publicado na Folha da Manhã, sábado, 11 de agosto de 1951

Neste texto foi mantida a grafia original

Já se observou que, sob o ponto de vista da duração de vida e eficiencia de trabalho, em diferentes setores, a mulher se mostra superior ao homem. Para muita gente, essa afirmação seria incompreensivel, pois é corrente a noção de que o homem é mais forte, confundindo-se, desse modo, as idéias de força e de resistencia. Entretanto, a força do homem é principalmente quantitativa, e a da mulher, qualitativa. O homem, fisicamente, é mais forte; pode levantar pesos maiores, assestar golpes mais vigorosos e fazer movimentos mais violentos; em geral, é mais resistente à fadiga fisica, transpira mais abundantemente e sua respiração é mais rumorosa.
Mas, se por força quisermos compreender a resistencia aos fatores adversos da vida, a defesa do corpo às molestias, a luta contra os males sociais, os reveses morais, os traumatismos psiquicos, etc., então veremos que nesse setor o sexo feminino é mais forte.
Dir-se-á que as mulheres têm uma vida tranquila em casa, menos exposta aos trabalhos da rua, dos campos, das fabricas ou dos escritorios; mas é necessario não esquecer que as mulheres correm os riscos da maternidade.
Em todas as circunstancias da vida humana, as mulheres são mais fortes, e frequentemente mais capazes do que os homens de suportar os rigores e as adversidades do meio externo. O corpo feminino, tão fraco sob o ponto de vista muscular, sabe defender-se melhor contra as diversas molestias que o homem. E vale acrescentar que os progressos da medicina e da higiene parecem favorecer mais as mulheres.
Entre as vitimas das varias molestias infecciosas, o numero dos homens afetados é 45% superior ao das mulheres, e na pneumonia e na tuberculose essa diferença é de 50%. Numerosos cientistas já observaram que a hipertensão sanguinea é consideravelmente mais frequente entre as mulheres, mas elas toleram a afecção melhor que os homens, e o resultado é tal que, nas molestias do sistema cardiovascular, o numero de homens vitimados ultrapassa o das mulheres. As molestias do estomago, principalmente a ulcera, são três vezes mais frequentes entre os homens, e a apendicite aflige os homens duas vezes mais que as mulheres.

Uma lenda a fragilidade feminina

Em todos os países em que o numero de mulheres é o mesmo que o dos homens, ou que o ultrapassa, observa-se que a fragilidade feminina é uma lenda, pois as estatisticas de mortes mostram que o sexo forte morre mais que o outro. Aí vão alguns numeros ilustrativos dessas afirmações: na Suíça, em 1949, para 25.092 homens, morreram 24.405 mulheres; no Canadá, no mesmo ano, para 66.438 homens, morreram 51.266 mulheres; nos Estados Unidos, ainda nesse ano, a proporção foi de 820.931 homens para 623.406 mulheres. Nesse caso, a possibilidade de existir em algumas centenas de anos um reino das amazonas torna-se realidade, principalmente se continuar o mesmo o numero de nascimentos, em que os homens levam vantagem muito diminuta.
É interessante notar que o fenomeno da longevidade feminina se mostrou mais acentuado neste seculo. Antigamente, mesmo com os massacres de homens durante a guerra, a mortalidade feminina era maior ou por vezes a mesma que a dos homens. O fato de, nas guerras modernas, as vitimas não serem apenas soldados, mas tambem populações civis, não mudou o aspecto da questão.
As sufragistas que levantaram a bandeira da liberdade e igualdade de direitos da mulher talvez tenham tomado como prova da eficiencia de sua doutrina o fato de, graças às novas condições de vida da mulher, haver-se tornado esta mais sadia e mais forte. Esse argumento poderá aplicar-se a um pequeno numero de mulheres, porquanto os cientista já demonstraram que a mulher tem vida mais longa e resistencia maior às molestias e aos fatores adversos do meio porque a sua constituição é melhor.
Outro aspecto curioso nesse genero de observações é a verificação de que o numero das anomalias morfologicas, monstruosidades fisicas, é mais elevado entre os homens. Os loucos e as vitimas de afecções mentais em geral são também mais frequentes entre os homens. O cientista italiano Pieraccini estabeleceu uma estatistica demonstrando que a porcentagem de monstruosidades fisicas que atingem os homens é de 82%; anomalias do esqueleto, 86%, e anomalias congenitas do sistema cardiovascular, 94%.

A classificação dos sexos

Nessas condições, se os homens são menos resistentes sob todos os aspectos, batendo todos os recordes das varias anomalias fisicas e mentais, como poderiam viver mais que as mulheres? Nesse caso, a força muscular e a possibilidade de suportar grandes cargas não bastam. A vida moderna exige outra capacidade, que as mulheres possuem. Talvez tenha razão um especialista americano que, fazendo comparação entre a mortalidade feminina e masculina, disse que, no seculo vindouro, será necessario mudar a classificação dos sexos, invertendo-a a favor das mulheres...

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