Da Redação
Em tribos de Uganda, qualquer vasilha tocada por uma mulher menstruada
deve ser destruída. Entre os esquimós, são
necessárias algumas fórmulas mágicas para purificar
xícaras ou pratos usados por uma mulher menstruada. Entre
alguns índios norte-americanos, elas são proibidas
de tocar objetos dos homens, para não causar males. No interior
da França, acredita-se que o vinho azede se uma mulher menstruada
entrar na adega. No sertão do Brasil, os remédios
perdem o efeito se tocados por uma mulher menstruada.
Não é mera coincidência o período menstrual
se chamar de "regra". O fluxo menstrual, como qualquer
secreção do corpo humano (à exceção
da lágrima e, em alguns casos, do suor) é visto como
impuro. Por se tratar de sangue, símbolo da própria
vida, são muito mais intensas as regras que recaem sobre
ele.
Nem todas essas regras têm valor negativo. Muitas proibições
parecidas são feitas aos homens sagrados ou aos guerreiros,
em várias culturas. A menstruaço, de qualquer forma,
pertence ao terreno do incompreensível, do sagrado, do assustador.
Boa parte dos impedimentos a uma mulher menstruada (não deve
dar mamadeira, pôr galinhas para chocar, fazer a cama dos
recém-casados, guardar frutos para amadurecer...) parecem
claramente ligados à idéia de que a menstruação
é a negação de uma vida que deveria ter florescido.
Mas muitos desses impedimentos também se aplicam a mulheres
grávidas.
Parecem associações universais: ciclo menstrual, ciclo
da Lua, a noite, impureza. E regras para neutralizar o perigo. Segundo
o Velho Testamento, a mulher menstruada permanece sete dias impura.
Qualquer um que a toque ficará impuro até a noite.
A cama em que ela dormir será impura e quem tocar esse leito
terá de se lavar e lavar suas roupas. Se um homem dormir
com ela, ficará impuro por sete dias.
Segundo o Talmude, livro judaico de comentários à
Bíblia, se uma mulher menstruada passar entre dois homens,
um deles morrerá. Se ela estiver no final do fluxo, eles
apenas brigarão violentamente.
Em alguns lares islâmicos, a mulher menstruada é posta
para fora de casa e dorme numa cabana. Quando ela fica em casa,
deve dormir no chão ou numa cama baixa e não pode
nem sequer tocar o marido ou sua cama. Muito menos preparar comida
para ele.
Mais severas são as restrições à primeira
menstruação. Entre os índios guaranis do Brasil,
a menina era costurada numa rede e ficava presa por dois ou três
dias, em jejum. Entre os negros de Loango, as meninas são
confinadas em cabanas e não devem tocar o chão com
uma parte sequer do corpo nu.
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