'CARREIRA' COMEÇOU COM O DESAFIO PARA BEIJAR SINATRA
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quarta-feira, 9 de janeiro de 1985
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A "carreira de beijoqueiro do português José Alves
de Moura começou aos 40 anos, a 26 de janeiro de 1980, quando
venceu um desafio feito por amigos e beijou o cantor Frank Sinatra,
no estádio do Maracanã. Nesses cinco anos, ficou famoso
em todo País e até mesmo no Exterior, como autor de
verdadeiras proezas para satisfazer uma obsessão: acercar-se
de celebridades e beijá-las. Ele, no entanto, alega que tudo
não passa de um plano promocional - com interesses que vão
desde a erradicação de uma suposta carência afetiva
generalizada ao lançamento de uma marca de batom e de um disco
- que quase deu certo.
É possível que volte à carga, pois o apelido
"Beijoqueiro" foi conquistado graças a uma tenacidade
invulgar em perseguir (inclusive em longas viagens) personalidades
como os cantores Roberto Carlos e Tony Bennett, o presidente Figueiredo
e sua mulher, dona Dulce; o governador Leonel Brizola, dona Sara Kubitchek,
Marta Rocha, os pés do papa João Paulo 2o, os atletas
Garrincha, Zico e João da Matta. Tentou em vão aproximar-se
de Pelé e de Julio Iglesias, perdendo, no caso do cantor espanhol,
um prêmio de Cr$ 500 mil oferecido (em 1980) pelo bicheiro carioca
Castor de Andrade.
Ao tentar beijar o jogador Falcão, no estádio Beira-Rio,
também em 1980, teve duas costelas quebradas num confronto
com policiais. Brigas de rua e choques com a segurança de estádios
de futebol também custaram-lhe escoriações e
produziram uma fratura de clavícula.
Natural do Porto, Moura veio ao Brasil aos 17 anos, não tanto
pela motivação habitual de "tentar a sorte"
quanto pela razão concreta de fugir ao serviço militar.
No Rio, foi comerciante, empresário (frustrado) de um time
de futebol de artistas, figurante de novelas de TV e motorista de
táxi.
Segundo seu irmão Francisco, padeiro no subúrbio carioca
do Realengo, tudo ia bem com José até 1966, quando foi
assaltado e golpeado na cabeça. Detido várias vezes
desde 1980 e submetido a exames psiquiátricos, cujos laudos
nunca foram divulgados, está confinado há quase dez
meses no Hospital Penitenciário Henrique Roxo, em Niterói,
por tentar beijar o Prefeito local em pleno sábado de Carnaval.
Para alívio de muitas pessoas, entre elas dois de seus alvos
mais prováveis: Maluf e Tancredo.
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