da Reportagem Local
Começa
hoje, em dez municípios da Grande São Paulo, uma experiência
inédita no Brasil: um rodízio de veículos obrigatório,
com multa para os infratores.
No ano passado, a operação foi realizada só
em São Paulo, por apenas cinco dias e sem pena para quem
não a respeitasse.
Este ano, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que organiza o
rodízio, espera retirar das ruas cerca de 20% da frota _cerca
de 600 mil veículos, só na capital.
A operação atinge a capital e mais nove cidades da
Grande São Paulo. A cada dia útil, proíbe de
circular carros com dois finais de placa _hoje, estão vetados
1 e 2, amanhã, 3 e 4, e assim por diante.
A restrição só vale das 7h às 20h e
vai até o final do mês. Quem for flagrado pela fiscalização
rodando com o final proibido leva multa de R$ 100, que dobra na
reincidência.
Aprovação
O paulistano aprova e diz que vai respeitar a operação,
mas desconfia de seu sucesso. Pesquisa Datafolha, feita com paulistanos
que têm carro, mostrou que 62% são a favor do rodízio.
Quase metade dos entrevistados acredita que a restrição
não será respeitada. De cada 3 paulistanos, 2 dizem
que essa não é a melhor forma de combater a poluição.
A aprovação é menor do que em 95, quando a
operação não tinha multa e durou cinco dias.
Na ocasião, 83% eram a favor.
O levantamento do ano passado incluiu toda a população
e não apenas os que tinham carro.
Em 95, 90% afirmaram que colaborariam com o rodízio, mas
só 38% em média acabaram aderindo de fato, segundo
a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que organiza a operação.
A intenção declarada de seguir o rodízio este
ano é a mesma.
Informação
A aprovação ao rodízio é menor nos grupos
que estão mais bem informados sobre a operação.
Entre os que têm 41 anos ou mais, 56% dizem ser a favor _percentual
que sobe para 71% entre os mais jovens, de 18 a 25 anos.
São os mais velhos que mostram maior conhecimento sobre a
obrigatoriedade do rodízio (91%) e a existência de
multa (79%). No grupo dos jovens, esses índices são
85% e 46%, respectivamente.
Os que usam o carro todo dia são mais contrários à
restrição. Nesse grupo, 38% foram contra o rodízio,
índice que cai para 22% entre os que usam carro eventualmente.
A aprovação aumenta entre os de menor renda, embora
muitos críticos do rodízio digam que eles serão
os mais prejudicados, por ter apenas um automóvel na família.
Possível explicação é o fato de haver
mais pessoas que não usam carro todo dia nessa faixa.
De cada 5 ouvidos pelo Datafolha, 3 acreditam que a operação
vai atrapalhar sua rotina. Os que dizem que vai prejudicar muito
são 29%. Para 31%, vai atrapalhar um pouco.
(ROGERIO SCHLEGEL)
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