BAURU NASCEU COM INSURREIÇÃO E COMEMORA HOJE 69º
ANIVERSARIO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, domingo, 1 de agosto de 1965
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Neste texto foi mantida a grafia original
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BAURU, 31 (FOLHA - Do enviado especial) - Três municipios
brasileiros - Parati, em 1660, Campos, em 1673 e Bauru, em 1896
- nasceram por ação espontanea da propria coletividade,
distinguindo-se, assim, dos demais, que se formaram depois de organizados
politicamente pela autoridade superior. Efetivamente, a lei de 1o.
de agosto de 1896, que criou o municipio de Bauru, nada mais fez
que ratificar a decisão do povo baruense, que a 7 de janeiro
daquele ano, numa autentica rebelião, transferira à
força para o então distrito de paz, a sede do municipio
que era Espirito Santo de Fortaleza, a meio caminho de quem ia de
Agudos para Pederneiras.
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Historia
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Bauru, que pelo seu progresso foi cognominada "capital da terra
branca" (a terra é arenosa em toda a zona Noroeste),
tornou-se cidade pela vontade dos moradores, há 67 anos.
Sua historia inicia-se com o desbravamento da vasta região
entre o espigão divisor Tietê-Aguapeí, que depois
se alastrou pelas suas contravertentes. Seus primeiros desbravadores
teriam sido Pedro Francisco Pinto e Sebastião Pereira que,
saindo de Botucatu, aventuraram-se em meados do seculo passado,
a enfrentar o sertão inospito. O primeiro pagou caro a aventura:
ao atingir as cabeceiras do rio Batalha foi morto a flechadas pelos
indios. O segundo foi mais feliz. Entretanto, o fundador de Bauru
foi Antonio Teixeira do Espirito Santo, que doou parte das terras
da sua Fazenda das Flores ao patrimonio do futuro distrito da então
freguesia do Espirito Santo de Fortaleza, no municipio de Lençóis
(conforme documento assinado a 21 de março de 1885).
O lugarejo foi progredindo. No dia 30 de agosto de 1893, foi elevado
a distrito de paz, anexo ao já municipio de Espirito Santo
de Fortaleza, sendo o cartorio de paz instalado no dia 6 de julho
do ano seguinte.
Como distrito de paz, Bauru concorreu à eleição
do dia 30 de julho de 1895, para a escolha de vereadores do municipio
do Espirito Santo de Fortaleza. O resultado foi surpreendente: o
novo distrito de paz elegeu 4 dos 6 vereadores que constituiram
a Camara Municipal. A posse ocorreu no dia 7 de janeiro de 1896.
Ao fim da cerimonia, o vereador João Antonio Gonçalves
apresentou uma indicação para "que seja elevada
à vila a provoação de Bauru, pedindo-se para
esse ato a aprovação do governo do Estado, e desde
este dia se considere mudada para aquela vila a sede da municipalidade,
dando-se disto conhecimento ao governo do Estado". A maioria
aprovou, com aplausos da assistencia que viera de Bauru para lotar
as galerias. Ato continuo, designaram o vereador José Alves
Lima para exercer o cargo de prefeito em Bauru, para onde levaram,
em carro de bois, o arquivo e o cofre do municipio, que continha
3 contos de reis (Cr$ 3.000). A população de Espirito
Santo de Fortaleza foi impotente para impedir esse ato de rebeldia
do povo de Bauru, que já possuia maior população
e mais progresso. Assim, a lei de 1o. de agosto de 1896, criando
o municipio de Bauru, nada mais fez que legitimar um fato consumado,
conforme justificativa do projeto de autoria do senador estadual
Ezequiel-Ramos.
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Noroeste
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Em meados de 1905, Bauru já despontava como o maior entroncamento
ferroviario do interior paulista. Havia terminado a construção
do ramal de EF Sorocabana que, partindo de Botucatu tinha seu ponto
terminal na cidade. Os trilhos da Paulista partindo de Jau, avançavam
para Pederneiras, rumo a Bauru. No dia 15 de julho daquele ano foi
iniciada a construção da EF Noroeste do Brasil. O
primeiro trecho até a estação de jacutinga
(hoje Avaí), no km 48, aberto ao trafego provisorio no dia
27 de setembro de 1906.
A cidade já era um entreposto comercial, não obstante
os transportes de mercadorias serem feitos por carros de boi. E
ganhou, então, novo alento. Tanto assim que, em 1897, já
havia sido aberta concorrencia publica para o recenseamento do municipio,
ganha por Pedro Maraleiro Barbosa, que porpôs efetuá-lo
pela importancia de 800 mil reis (Cr$ 800), pagavel em três
prestações mensais. Em 1901 por indicação
do vereador Lourenço Batista Céus, Bauru teve suas
ruas iluminadas por 12 lampeões. A instrução
publica, na mesma epoca, não era esquecida. Por indicação
de outro vereador, Ismael Marinho Falcão, foram convidados
a professora Alzira Gomes Duarte "para exercer o magisterio
nesta vila, com os vencimentos 150 mil reis (Cr$ 150)" e o
prof. Antonio Periera da Silva "para reabrir a escola que dirigiu,
com o ordenado regulado na lei de professores interinos do Estado".
Mas Bauru necessitava de meios de comunicação rapida,
entre os moradores da zona urbana e entre a cidade e as fazendas.
O problema foi resolvido no dia 17 de novembro de 1907, com a inauguração
do seu serviço telefonico.
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