O relacionamento entre o homem e seus animais domesticos mudou rapidamente
nos ultimos trinta anos nos Estados Unidos. O principal efeito dessa
mudança, de acordo com uma autoridade em saude publica do
estado de Dakota do Sul, é que o homem tornou-se mais semelhante
ao animal, e o animal mais semelhante ao homem.
Humanizados "É importante que o praticante
de medicina animal aprenda alguma coisa sobre o comportamento normal
e anormal dos seres humanos", disse o Dr. Henry Parrish, que
observa um crescente relacionamento do veterinario com os negocios
ligados à saúde pública.
"Por exemplo, o desgôsto prolongado de um dono por ocasião
da morte de seu animal doméstico é sinal evidente
de depressão.
Nesse caso, o dono deveria ser encaminhado, pelo veterinário,
a um psiquiatra ou a um médico", disse o Dr. Parrish
recentemente num congresso de saúde pública em Minneapolis.
"É sintomático o fato de muitos cachorros obêsos
terem donos obêsos, ou, ainda, de cachorros nervosos ou superativos
terem donos neuróticos", continua o Dr. Parrish, vice-presidente
do departamento de saúde pública da Universidade de
Dakota do Sul.
Exclusivos "É preciso notar, ainda, que
os animais domésticos atualmente, têm sua própria
comida especial, suas próprias roupas, sua casa, seus lugares
preferidos, seus brinquedos, seus remédios especiais, médico
particular e cemitérios especiais", prossegue o dr.
Parrish. "Tudo indica que estamos sofrendo um regresso ao antropomorfismo".
Além disso, as populações animais estão
experimentando um sério problema de expansão populacional.
Há, por exemplo, mais de 50 milhões de cachorros e
gatos domésticos nos Estados Unidos.
Muitas famílias, não mais contentes com um animal
doméstico, passam a manter em casa diversos dêles.
A explicação do Dr. Parrish para êste fenômeno
é simples: "A partir do momento em que o homem vai se
isolando mais e mais de seus vizinhos, volta-se para os animais
de estimação, como objetos de carinho, afeição
e companhia".
Doenças mudaram Em decorrência da natureza
do relacionamento do homem com determinados animais, o padrão
de certas doenças transmitidas por êsses animais mudou.
Diz o Dr. Parrish: "A raiva, por exemplo, nos Estados Unidos,
era antigamente transmitida ao homem pelas mordidas de cães
afetados pela doença. Hoje, entretanto, verifica-se uma incidência
muito maior de raiva transmitida por gambás, raposas e morcegos,
nas zonas rurais. Nas áreas urbanas, verifica-se grande incidência
de raiva transmitida por ratazanas, papagaios, macacos, tartarugas,
coelhos e periquitos".
Indo ainda mais longe para demonstrar a humanização
dos animais domésticos, diz o Dr. Parrish: "Desde que
o homem é um animal superior, evoluído a partir das
formas mais primárias, não seria surpreendente o fato
de os animais estarem adquirindo um padrão de comportamento,
de equipamento biológico e até mesmo de doenças
mais sofisticado. Verificamos, por exemplo, o fato de muitos animais
estarem desenvolvendo doenças crônicas, não
transmissíveis, mais comuns à espécie humana
do que às outras espécies animais".
Há poluição para todos Afirmou
ainda o Dr. Parrish que tanto o homem como seus animais domésticos
estão expostos às mesmas formas de poluição
e pressões ambientais. "O mesmo ar poluído é
respirado tanto por homens quanto por animais. Muitos cachorros
mais afeitos à dona da casa preferem alimentar-se das sobras
da mesa do que da comida para cães. Desta forma, as deficiências
alimentares dos donos podem perfeitamente ser assimiladas pelo animal.
Com nutrição apropriada, cuidados veterinários
e bom padrão de vida na casa, os animais domésticos
tendem a viver mais tempo. Desta forma, vemos ainda o aparecimento
em animais de estimação, de doenças características
da velhice. Uma crescente incidência de arteriosclerose tem
sido verificada em animais de residências e zoológicos.
Também muitos casos de câncer, deficiências cardiacas,
e por incrivel que pareça, muitos casos de cachorros ou gatos
neuróticos, psicóticos, irascíveis, voluntariosos
enfim, com sintomas "psíquicos" inconfundíveis.
E existem ainda dados curiosos: nas grandes cidades, a maior causa
de morte entre cachorros adultos são os acidentes automobilísticos".
Mas existe também o outro lado da questão: de como
o homem apresenta componentes animais em sua personalidade e comportamento.
O Dr. Parrish diz: "Basta observar o comportamento das pessoas
no trabalho, num escritório, por exemplo, para ver como observam
ainda que inconscientemente imperativos territoriais,
rituais e outros componentes de comportamento nitidamente animal".
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