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          | "REPORTER ELETRONICO" É O 1º. PASSO NA 
              BUSCA DO ROBÔ MOTORISTA
 
 
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          | Publicado 
              na Folha de S.Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 1964 |   
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              Neste texto foi mantida a grafia original
 
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          | MILÃO, novembro - Os tecnicos em cibernetica - a ciencia que 
            estuda as aplicações praticas da moderna eletronica 
            - são seres um tanto curiosos. Acham que tudo é possivel 
            mesmo as teses mais arriscadas dos contos de ciencia-ficção. 
            Silvio Ceccato, diretor do Centro de Cibernetica e Atividades Linguisticas 
            da Universidade de Milão e do Centro Italiano de Investigações, 
            é um perfeito representante desses estranhos personagens da 
            nossa epoca, voltados para o futuro e um pouco afastadas da realidade 
            cotidiana. Atualmente, está trabalhando na construção 
            de maquina que, segundo declarou há pouco, "vê e 
            relata o que vê". Ou seja, está construindo um "reporter 
            eletronico". 
 
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          | Mente 
            humana, a base |   
          | Colocado diante de um objeto, o olho, ou seja, o visor da maquina, 
            percebe claramente a cena e seus detalhes e traduz os contornos em 
            elementos numericos, que definem as formas de uma maçã 
            ou garrafa, por exemplo. Os criterios de reconhecimento são 
            colocados na maquina pelo inventor. Tudo isso termina em indicação 
            verbal: «A maçã cai», «a garrafa está 
            parada».
 Para construir a maquina, o inventor tentou reconstruir o trabalho 
            complexo que a mente humana realiza, para recolher detalhes do mundo 
            exterior e reconhecer, de modo esquematizado, as figuras percebidas. 
            Para completá-la faltam algumas soluções de problemas 
            tecnicos e tambem o capital para prosseguimento das investigações. 
            Interrogado sobre a utilidade de sua maquina, o prof. Ceccato declarou: 
            "Tem dupla utilidade. Antes de tudo, funciona como modelo. Realiza-se 
            um modelo quando não se conhece suficientemente bem o funcionamento 
            do original. Neste caso, o original é a mente humana, sua faculdade 
            de percepção e o misterioso processo pelo qual uma situação 
            objetiva, a cena a qual se assiste, é traduzida em expressão 
            linguistica, ou seja, a descrição que se dá verbalmente."
 
 
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          | Maquina-motorista |   
          | "A individualização da operação mental, 
            com a ajuda do modelo, ou seja, da maquina, é, indubitavelmente, 
            o aspecto que mais apaixona o investigador. Mas há uma segunda 
            finalidade pratica: o aperfeiçoamento dos automatismos. Suponhamos 
            - continuou Ceccato - que se queira construir um robô que dirija 
            automovel. A maquina que dirige deve poder perceber, levar em conta 
            e controlar todas as situações que vão desfilando, 
            na tarefa de dirigir por uma rua ou estrada. A direção, 
            os freios, os aceleradores, as marchas ... tudo deve ser manejado 
            com exatidão, no momento preciso. Um motorista totalmente automatico 
            deverá estar dotado desta capacidade de "reporter eletronico" 
            que queremos dar à nossa maquina."
 "Atualmente - acrescentou o cientista italiano - talvez não 
            sintamos a necessidade de possuir estes motoristas automaticos, mas 
            o numero de situações e manipulações confiados 
            às maquinas está crescendo dia a dia e não devemos 
            estranhar se o mecanismo que agora estudamos tiver uma futura aplicação 
            dessa indole, ou outra semelhante."
 
 
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